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Putin diz que Rússia não quer guerra com a Otan e considera fala de Biden um “absurdo”

 

Vladimir Putin, considerou “totalmente absurdas” as observações do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de que a Rússia atacaria um país da Otan se ganhasse a guerra na Ucrânia, acrescentando que o governo russo não tem interesse em combater a aliança militar do Ocidente.

A guerra na Ucrânia desencadeou a crise mais profunda nas relações de Moscou com o Ocidente desde a crise dos mísseis cubanos de 1962, e Biden alertou no ano passado que um confronto direto entre a Otan e a Rússia desencadearia a Terceira Guerra Mundial.

Em um apelo aos republicanos para não bloquearem mais ajuda militar no início deste mês, Biden advertiu que, se Putin vencer a Ucrânia, o líder russo não irá parar e atacará um país da Otan.

“É um completo disparate [a declaração de Biden], e penso que o presidente Biden compreende isso”, afirmou Putin em entrevista publicada neste domingo (17) pela televisão estatal Rossiya, acrescentando que o presidente norte-americano parece estar tentando justificar sua própria “política equivocada” em relação à Rússia.

“A Rússia não tem motivo, não tem interesse, nenhum interesse geopolítico, nem econômico, político ou militar para lutar com os países da Otan”, ressaltou.

A aliança da Otan, liderada pelos EUA, foi fundada em 1949 para fornecer segurança ao Ocidente contra a União Soviética. Após o colapso da União Soviética, em 1991, foi ampliado para incluir alguns países do antigo bloco socialista e do Pacto de Varsóvia.

Putin tem citado por diversas vezes a expansão pós-Guerra Fria da Otan como prova da suposta forma arrogante do Ocidente de lidar com as preocupações de segurança da Rússia.

Nos termos do artigo 5.º do tratado da Otan, “as Partes acordam que um ataque armado contra uma ou mais delas na Europa ou na América do Norte será considerado um ataque contra todas elas”.

Putin destacou que a entrada da Finlândia na Otan em abril forçaria a Rússia a “concentrar certas unidades militares” no norte de seu território, perto da fronteira.

Nova Guerra Fria?

O fracasso da contra-ofensiva da Ucrânia este ano levantou questões no Ocidente e dentro da Ucrânia sobre quão realistas são os objetivos ucranianos e ocidentais de derrotar as forças russas.

Autoridades em Moscou e no Ocidente têm falado repetidamente de uma “nova Guerra Fria”, com a Rússia e a China de um lado e o Ocidente do outro.

Questionado sobre como encontrar um meio-termo com o Ocidente, dada a retórica de ambos os lados, Putin disse: “Eles terão de encontrar um terreno comum, porque terão de contar conosco”.

Um alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA, que falou sob condição de anonimato, disse no mês passado que Putin não faria a paz antes de conhecer os resultados das eleições de novembro nos Estados Unidos.

O Ocidente, ressaltou o presidente russo, não conseguiu compreender a extensão das mudanças introduzidas pelo colapso da União Soviética em 1991, que, segundo ele, eliminou qualquer base ideológica genuína para um confronto entre a Rússia e o Ocidente.

“Eu realmente tive uma impressão ingênua”, destacou Putin, um ex-espião da KGB que chegou ao poder em 1999, sobre suas impressões sobre o mundo em 2000.

“A realidade é que depois da queda da União Soviética, eles consideraram que só tinham de esperar um pouco para destruir completamente a Rússia”, ponderou.

Putin classifica a guerra como parte de uma luta muito maior com os Estados Unidos, que a elite do Kremlin diz ter como objetivo separar a Rússia, apoderar-se dos seus vastos recursos naturais e depois voltar-se para o acerto de contas com a China.

O Ocidente, que apresenta a Rússia e a China como as suas principais ameaças, afirma não ter planos para destruir a Rússia. A Ucrânia diz que não descansará até que todos os soldados russos sejam expulsos do seu território.

*CNN Brasil