O reajuste de 14,13% do salário mínimo, que passou de R$ 545,00 para R$ 622% em janeiro, tem dificultado as negociações salariais de trabalhadores em todas as áreas, com a classe patronal. O problema, segundo lideranças sindicais de diversas categorias trabalhistas, é que a classe patronal quer conceder apenas o acumulado da inflação dos últimos 12 meses que antecedem a data base dos empregados. “Ou seja, percentuais que variam em torno de 6 a 7%, sem aumento real. O que é inconcebível”, explica Rinaldo de Souza Salomão, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins de Campo Grande e Região – Stiaa/CG.
E como esse problema se repete todo início do ano e a maioria das categorias profissionais têm data base nesses primeiros meses do ano, a situação tem-se agravado desde que o Governo Federal passou a conceder reajustes salariais acima da inflação desde 2003. Com isso, trabalhadores que há alguns anos tinham piso salarial de dois, três ou mais salários mínimos, passaram a ser prejudicados a cada reajuste salarial do mínimo, concedido pelo governo.
Ricardo Martinez Froes, presidente do Sintrae/MS (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (particular) no Mato Grosso do Sul) já alertava para o problema tão logo o governo concedeu o reajuste de 14,13% para o mínimo. Froes, que reúne professores e funcionários de escolas particulares nesta quinta-feira às 16h30 na sede do sindicato para discutir reajuste salarial que será reivindicado junto aos patrões, chegou a enviar ofício ao sindicato patronal pedindo um adiantamento salarial de 10% para os salários a partir de janeiro. Seria uma antecipação ao que será concedido para prevalecer a partir de 1º de março, data base da categoria.
O Sintrae/MS vai decidir que percentual a classe vai reivindicar. Mas Ricardo Froes já adiantou: “Precisamos avançar mais. Precisamos estabelecer um reajuste bem acima da inflação”, comentou. Pelos cálculos do sindicalista, de 2003 a 2012, a correção do salário mínimo alcançou o percentual de 159,17% e nesse mesmo período o piso salarial da maioria dos trabalhadores, inclusive professores e funcionários de escolas particulares e da indústria de alimentação e afins, entre tantas, não se aproximou nem de longe desse percentual.
CONSCIENTIZAÇÃO
Rinaldo Salomão diz que é preciso que a classe patronal se conscientize de que é preciso valorizar os trabalhadores que são, segundo ele, “o maior patrimônio de uma empresa que se preze”, afirma. E valorizar por intermédio de reajustes salariais decentes, dignos, é a melhor maneira, entende o sindicalista.
Além de conceder reajustes salariais e não repasse da inflação, para o sindicalista, a classe patronal deveria também manter e até aumentar os benefícios sociais aos empregados. Tais como: Participação no lucro das empresas, cestas básicas, planos de saúde e auxílios diversos.
Por: Da Redação