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Antenas instaladas em terrenos de Ricardo Candia serão desligadas

 

A Prefeitura de Campinas suspendeu a autorização de funcionamento de sete antenas de telefonia celular na cidade. Três delas estão em terrenos que pertencem ao ex-diretor de controle urbano, Ricardo Candia. Ele é investigado pelo Ministério Público como suspeito no envolvimento em um esquema de fraudes em contratos e licitações na cidade. Em abril, a EPTV divulgou que a empresa dos filhos de Candia seria dona de pelo menos 18 terrenos alugados por empresas de telefonia celular somente em Campinas e que o ex-diretor de controle urbano teria se beneficiado da influência que tem na administração municipal para negócios próprios.

Ele deixou a prefeitura em 2006. Mas mesmo sem fazer mais parte do governo, o relatório do MP mostra que Candia tinha trânsito livre no Palácio dos Jequitibás e nas negociações de pagamento de propina, inclusive no recebimento do dinheiro junto com a primeira-dama de Campinas, Rosely Nassim Jorge Santos. Testemunha no processo que investiga o pagamento de propina e fraudes em contratos públicos em Campinas, o empresário e empreendedor Ilário Bocalleto afirma foi apresentado ao ex-diretor de controle urbano pela primeira-dama, contrariando a versão de Rosely Santos de que ela não tinha contato próximo com Candia.

Ainda segundo o empresário, empreendimentos imobiliários em Campinas só são liberados mediante pagamento de propina, cobrada à titulo de comissão e dividida entre os envolvidos no esquema. Ao tentar resolver um impasse na questão de Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), Bocaletto procurou diretamente a primeira-dama do município, que teria recomendado um encontro com Ricardo Candia. A recomendação foi registrada em um bilhete de próprio punho.

Das sete antenas que estão com funcionamento suspenso, três pertencem a Ricardo Candia e os terrenos localizados na Rua Francisco Mesquita, ao lado do nº 91, na Vila Brandina, onde está instalada uma antena da operadora Claro; e na Rua Helena Teodoro Ferreira, entre os números 173 e 187, no Jardim Santa Rosa, e Avenida Ibirapuera, nº 410, no Jardim Londres, onde estão instaladas antenas da operadora Oi.

Quando a EPTV fez a denúncia, quatro secretários municipais deram entrevista para garantir que não havia tráfico de influência e que a maioria das antenas instaladas em Campinas funcionam sem autorização porque ainda existia a necessidade de aprovação de uma nova lei sobre o assunto. Os ex-secretários Carlos Henrique Pinto (Segurança Pública), Comunicação (Francisco de Lagos), e Hélio Jarreta (Urbanismo), além do secretário Antônio Caria Neto (Assuntos Jurídicos) negaram qualquer contato recente com Ricardo Candia.

Pinto e Lagos foram exonerados dos cargos depois de terem a prisão temporária decretada pela Justiça por suspeita de envolvimento no esquema de fraudes investigado pelo MP. Jarreta renunciou ao cargo há seis dias. O motivo da renúncia são as várias denúncias envolvendo a secretaria administrada por ele. Apenas Caria Neto continua na administração municipal.

No começo da tarde desta quarta-feira, o secretário de Urbanismo, Luis Yabiku, que assumiu o lugar de Jarreta, divulga o projeto de lei que será enviado para a Câmara de Vereadores e que regulamenta as antenas de telefonia na cidade. Além disso, o secretário de Assuntos Jurídicos vai divulgar as medidas que serão tomadas pela administração municipal com relação as antenas clandestinas.

A decisão de suspensão da autorização de funcionamento foi publicada no Diário Oficial de terça-feira (31), e as antenas não podem mais funcionar sob pena de multa diária e interdição do sistema. A prefeitura não soube informar se as antenas já foram desligadas.

A Operadora OI informou que não foi informada sobre a publicação da prefeitura. A empresa está apurando o caso. A Claro também está apurando esta informação. A TIM informou que não opera no Jardim Santa Lúcia. Já no Via Norte, a operadora disse que tem transmissão, mas não foi notificada. (Informações da EPTV Campinas)

 

Por: Da Redação