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Malah – homenagem do Juvenal Ávila de Oliveira

 

Após meses em Campo Grande-MS, encontrava-me de retorno temporário em Ladário e no exato instante em que revia e redirecionava para uma outra estante os antigos discos de vinil que colecionei, bem como recortes de matérias musicais com enfoque para os músicos e compositores de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, entre outros, fui notificado por telefone, pelo amigo comum Ahmad Schabib, do retorno do mestre Malah à pátria espiritual.

Não tive como impedir que as lágrimas ditassem o que o coração vivenciava. Elas traziam lembranças pretéritas que por certo ajudaram a sedimentar e incorporar a minha personalidade.

Fizeram-me lembrar os ouvintes comuns que éramos, Malah e eu, do mestre da radiofonia HELIO RIBEIRO, que abria seu programa pela Rádio Bandeirantes ao meio-dia, cuja temática diária consistia em fazer a leitura de trechos extraídos das obras de Filosofia, Psicologia, Antropologia, achados espiritualistas, temas de autoajuda e traduções das letras cujas melodias eram a sensação do momento no Brasil e Mundo.

O receptor dos genitores do Malah, por dispor de um conjunto de válvulas mais potentes, permitia com mais facilidade a audição e a sintonia do programa cujo nome era O PODER DA MENSAGEM, levando-me algumas vezes a literalmente fazer uma viagem entre a rua Albuquerque, onde eu morava, até o bairro da Cervejaria, onde o Malah residia.

Inspirado pelo HELIO RIBEIRO, busquei aos 14 anos a radiofonia, tendo como membros da banca examinadora de estudio, personagens como Onofre BUENO (O Papa do Radio), Acyl Barbosa, Irineu Seizer, entre outros, detentores de excelentes vozes. E mais uma vez o mestre Malah lá se encontrava, posto que algumas letras de música chamavam-me a atenção para o desejo de levá-las aos ouvintes com tradução, e então valia-se de seu autodidatismo Augusto Alexandrino (Malah) para transpô-las para o papel e, com dicionário na mão, buscar encaixar sentido às traduções.

Juntos, conhecemos a universalidade musical de TOM JOBIM nas interpretações de Frank Sinatra e nos tornamos fãs, via vinis, a exemplo de JOBIM , de Sergio Mendes, Flora Purim, etc

Anos depois, cursando o segundo grau (Schabib como colega de sala), tornei seu fã como professor, posto que, de maneira prática, colocando o giz entre os dedos transcrevia para o quadro de maneira prática o conteúdo, levando a mim e demais colegas a entender os caminhos da temida geometria.

Por certo, descrever atuação de Malah levaria páginas e páginas. Por certo, também a sua partida a muitos sensibilizou e estas lagrimas jorradas dos amigos transformaram em carinho a permitir que os mensageiros de Jesus o tenham recebido como filho.

Um anjo boêmio me contou que o instante do retorno de Malah ao mundo espiritual, os arco-íris mudaram de cores, apresentando-se aquelas que eram de sua preferência e vagalumes em revoadas traziam na noite estas matizes.

Por certo, após sua recuperaçao, Malah estara ensinando os futuros anjos como repassar para as telas as estampas do cotidiano e suas lágrimas de saudade acenderam luzes de amor em nossos corações, motivando-nos a exercitar a amizade, a cidadania e o modelo de ótimos filhos.

Abraços, Malah. Que as saudades que agora sentimos de ti sejam levadas, pelas asas da emoção, até seu coração.

 

Por: Juvenal Ávila de Oliveira