Israel está expressando preocupação de que o Tribunal Penal Internacional possa estar se preparando para emitir mandados de prisão contra integrantes do governo sob acusações relacionadas à sua guerra contra o Hamas em Gaza.
O TPI – que pode acusar indivíduos de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio – está investigando o ataque transfronteiriço do Hamas em 7 de outubro e o devastador ataque militar de Israel a Gaza, governada pelo Hamas, agora em seu sétimo mês.
Em resposta aos relatos da mídia israelense de que o TPI poderia em breve emitir mandados de prisão para altos funcionários do governo israelense e militares, o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, alertou no domingo as embaixadas israelenses para reforçar sua segurança por causa do risco de uma “onda de antissemitismo severo”.
“Esperamos que o tribunal (TPI) se abstenha de emitir mandados de prisão contra altos funcionários políticos e de segurança israelenses”, disse Katz. “Não abaixaremos a cabeça nem seremos dissuadidos e continuaremos lutando.”
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse na sexta-feira que qualquer decisão do TPI não afetará as ações de Israel, mas estabelecerá um precedente perigoso.
Autoridades israelenses estão preocupadas que o tribunal possa emitir mandados de prisão contra Netanyahu e outros altos funcionários por supostas violações do direito humanitário internacional em Gaza, informou a mídia israelense.
Eles disseram que o TPI também está considerando mandados de prisão para líderes do Hamas.
O TPI, com sede em Haia, e o Hamas, grupo dirigente de Gaza, não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
Israel não é membro do tribunal e não reconhece sua jurisdição, mas os territórios palestinos foram admitidos com o status de estado membro em 2015.
Em outubro, o procurador-chefe do TPI, Karim Khan, disse que o tribunal tinha jurisdição sobre possíveis crimes de guerra cometidos por combatentes do Hamas em Israel e por forças israelenses na Faixa de Gaza.
Khan disse que sua equipe está investigando ativamente todos os crimes supostamente cometidos em Gaza e que aqueles que violarem a lei serão responsabilizados.
Em 7 de outubro, o Hamas liderou um ataque a bases militares israelenses e comunidades em que 1.200 pessoas foram mortas, a maioria civis, e 253 foram feitas reféns, de acordo com os cálculos israelenses.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva terrestre, aérea e marítima que matou mais de 34 mil palestinos, de acordo com as autoridades de Gaza, e destruiu grande parte do pequeno território costeiro densamente povoado.
O Ministério da Saúde de Gaza não faz distinção entre combatentes e não combatentes em seus relatórios de vítimas, mas a maioria das mortes foram civis, dizem autoridades de saúde.
Israel diz que toma precauções para minimizar as mortes de civis e que pelo menos um terço das mortes em Gaza são de combatentes, números que o Hamas rejeitou.
A campanha militar de Israel deslocou a maior parte das 2,3 milhões de pessoas do enclave palestino bloqueado e criou uma crise humanitária.
O caso no TPI é separado de um caso de genocídio lançado contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça, também com sede em Haia.
O TIJ, também conhecido como Tribunal Mundial, é um tribunal das Nações Unidas que lida com disputas entre Estados, enquanto o TPI é um tribunal penal baseado em tratados com foco na responsabilidade criminal individual por crimes de guerra.
*CNN Brasil