Corumbá

Equipe do Centro de Saúde de Corumbá leva à passarela do samba conscientização sobre ISTs/Aids

 

Durante todos os dias de festividades carnavalescas, o Centro de Saúde João de Brito terá barraca na avenida General Rondon para oferecer camisinhas masculinas e femininas, além de gel lubrificante. Além da entrega do material, o objetivo também é orientar e sensibilizar a população quanto a Infecções Sexualmente Transmissíveis. Estima-se que até o último dia das festividades sejam distribuídos mais de 10 mil preservativos pela Prefeitura de Corumbá.

Não é só o HIV/Aids que preocupa o setor de saúde do Município e o Ministério da Saúde. O número de casos de outras infecções transmitidas através do ato sexual (ISTs) tem crescido bastante no Brasil. Somente de sífilis, até o final de 2017, havia 303 pacientes sendo tratados no setor público em Corumbá, sendo 143 homens, 140 mulheres e 20 gestantes. A doença, quando não tratada, pode gerar consequências graves para o paciente e para o feto em mulheres grávidas.

Ainda há em Corumbá de crianças nascendo com sífilis. Isso acontece quando a gestante não faz o pré-natal corretamente. Desde o dia 1º de janeiro, já foram registrados no Município dois casos de bebês que nasceram com a doença por causa das mães. No entanto, a coordenadora interina do Centro de Saúde João de Brito, a psicóloga Ana Rosa Marinho Sahib Britto, assegurou que nenhuma das crianças apresenta sequelas da doença.

Além do tratamento, o João de Brito trabalha também com educação em saúde, com participação de todos os integrantes da equipe. Os servidores promovem palestras, orientações e distribuição de preservativos principalmente em escolas e empresas. Nas instituições privadas, muitas vezes os responsáveis solicitam a presença da equipe para apresentação aos seus funcionários. Durante o Prefeito Presente e na Ação Saúde em Dia as orientações também são realizadas.

O Centro de Saúde, localizado no bairro Aeroporto, está em reforma para melhorias nas condições de recebimento e tratamento dos pacientes. Ele está temporariamente funcionando na rua Tiradentes, ao lado do Posto Paulista (esquina com a rua América). Compõem a equipe três psicólogos, três médicos, assistente social, enfermeira, farmacêutico bioquímico, três técnicas de enfermagem, três recepcionistas e um motorista.

Psicólogos ajudam no tratamento

Conforme as psicólogas Ana Rosa Britto e Danielle Póvoas, ao chegar ao Centro de Saúde, o paciente é recebido por um dos psicólogos onde há diálogo e encaminhamento para realização de exame. Depois de três dias, o paciente recebe o resultado.

“No geral, alguns já chegam aqui com certa ideia de que o resultado será positivo, outros não, nem esperam, vêm por fazer para saber se têm algum problema. No entanto, durante a conversa, já percebemos quando a pessoa passou por uma situação de risco. Nós mesmos que entregamos o exame, sendo negativo ou positivo. O paciente recebe também um aconselhamento pós-teste”, explicou Ana Rosa. Em casos positivos para HIV, hepatites ou sífilis, o paciente é logo encaminhamento para acompanhamento médico.

O Centro de Saúde João de Brito é dividido em dois setores. Os psicólogos fazem parte do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) juntamente com a assistente social. Já os médicos fazem parte do Serviço de Assistência Especializada (SAE). Atualmente, a pediatra do Centro acompanha três crianças maiores de cinco anos diagnosticadas com HIV. Elas contraíram o vírus por transmissão vertical, quando a mãe não faz o pré-natal adequado e transmitiu a doença para o bebê.

Quando a gestante é diagnosticada com HIV e realiza o tratamento durante o pré-natal, as crianças nascem sem o vírus. Essas gestantes são acompanhadas pelo ginecologista e obstetra do Centro de Saúde João de Brito e, por causa do acompanhamento, há cerca de três anos não há nenhum caso de mães que transmitiram o vírus para os bebês. Além disso, o recém-nascido toma medicamento por 30 dias para prevenção à doença. Depois desse período, o bebê continua sendo acompanhado pela pediatra. Nesses casos, a mãe não pode amamentar o bebê e o Ministério da Saúde e o Governo do Estado oferecem leite até um ano de vida da criança.

De acordo com a psicóloga Ana Rosa, ao receberem o diagnóstico positivo, algumas pessoas ficam bem transtornadas e outras não aceitam o resultado. Geralmente o público que rejeita o diagnóstico é composto por mulheres que não aderem ao tratamento ou não progridem nele por não aceitarem. Os mais conscientes, pegam o medicamento diretamente no Centro de Saúde.

A equipe do João de Brito atua também em parceria com a Secretaria de Assistência Social, através dos CRAS, e com a Secretaria Especial de Cidadania e Direitos Humanos, por meio da Coordenadoria de Políticas Públicas para LGBT. Conforme dados do Centro de Saúde, casos de HIV em homossexuais diminuíram, mas a preocupação agora é com os números crescentes em meio a jovens e idosos. Os mais conscientes e que buscam tratamento são adultos entre 30 e 50 anos. Atividade de resgate também é realizada pela equipe, que vai até residências de pacientes diagnosticados com HIV que rejeitaram ou pararam o tratamento.