Festival passeia pelos ritmos sul-americanos com público de 40 mil pessoas na 4ª noite
A música provou neste domingo (29 de abril) que Brasil e Paraguai compartilham traços culturais marcantes. O instrumentista paraguaio Panchi Duarte, a banda de Ponta Porã Surfistas de Trem, o gaúcho Renato Borghetti, a belíssima Perla e o grupo Sambô levaram a 40 mil pessoas os sons que nos unem.
Boleros, guarânias e choro. Sim, como não? Juan Panchi Duarte, exímio instrumentista paraguaio, apresenta em sua guitarra – o nosso violão – uma melodia que marca pela beleza, pela harmonia e pelos traços que unem Brasil e Paraguai.
O músico, que compõe e canta a partir da tradição musical paraguaia até chegar a um sincretismo musical bem contemporâneo, foi escolhido o representante do Paraguai em festivais de guitarras na França e nos EUA, entre outros lugares. Mais que paraguaia, sua música é latino-americana.
Já não é possível falar em boa surpresa com a banda de Ponta Porã Surfistas de Trem. Com experiência acumulada em shows pelo Estado e no Festival de Inverno de Bonito, o grupo apresentou um espetáculo musical com muito balanço e criatividade musical.
Rock, soul e música regional muito bem unidos em uma banda mais madura e engajada. Som que segundo os próprios músicos mistura ritmos e cria o chamado “Samba Reggae And Roll”, estilo adotado nas músicas e apresentações.
O “gaitero” Renato Borghetti subiu ao palco logo em seguida incendiando o público com sua música universal. Gaúcho sem fronteiras, Borghettinho, como é chamado pelos fãs, é um dos músicos brasileiros mais aclamados no exterior atualmente. Foi o primeiro ganhador de disco de ouro da música instrumental brasileira, há 25 anos atrás, quando estreou em LP.
No show mostra mesmo toda essa universalidade. Sua música une brasileiros, paraguaios, argentinos, uruguaios, chilenos e bolivianos. Tem a raiz da América do Sul e emociona. Como no ponto alto do show, em que ganhou um coral de 40 mil pessoas enquanto tocava Romaria.
Logo em seguida Perla, com uma simpatia contagiante, dividiu o palco com Borghetti em uma apresentação memorável. Juntos animaram o público e estenderam a apresentação em meia hora. Vaneras, polcas e casais acompanhando em uma união que apaga divisas e fronteiras.
Considerada a artista paraguaia de maior destaque internacional, Perla já vendeu mais de 10 milhões de discos em sua vasta carreira como intérprete. Uma cantora que também vive o Brasil e apaixona o público com sua música.
Se é possível unir tanta coisa quando se fala de cultura, transformar rock em samba é só mais uma missão. Cumprida pelos amigos do grupo Sambô. São músicos e ponto. Parte roqueiros de formação, parte sambistas, mas todos artistas de verdade, que tocam e curtem de tudo. E no palco, o que parecia difícil fica fácil.
No início nem os próprios criadores da inusitada combinação sabiam o que esperar, ainda mais de um público tão exigente. Quem pensaria nas músicas de Janis Joplin sendo tocadas numa roda de samba, entre cavaquinho, pandeiro, banjo e rebolo?
Entretanto, desde a primeira vez que o Sambô – Sudu Lisi (bateria), San (percussão), Ricardo Gama (teclado), Zé da Paz (pandeiro), Max Leandro (tan-tan e rebolo), Savinho (cavaquinho) e Júlio César (guitarra e banjo) – tocou clássicos do rock, com arranjos de samba, o público ficou extasiado.
Não foi diferente em Corumbá. Se há uma coisa que o público da cidade gosta mais que samba é da diversidade que o Festival América do Sul oferece.
Por: Da Redação