A Polícia Civil identificou um hacker suspeito de tentar invadir a página do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul em novembro do ano passado. Um jovem de 21 anos morador da cidade de Volta Redonda (RJ), sem antecedentes criminais, foi apontado como autor da tentativa. O caso foi apresentado à imprensa nesta quarta-feira (29) na Delegacia-Geral de Polícia Civil em Campo Grande.
Segundo Paulo Cesar Braus, titular da Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (Deco), a perícia criminal chegou ao suspeito após analisar relatórios dos servidores do TJ-MS enviados à polícia logo após o ataque. Por meio dos vestígios deixados pelo invasor e da quebra do sigilo telefônico autorizada pela justiça, foi possível cumprir um mandado de busca e apreensão de computadores, mídias e equipamentos eletrônicos na casa do jovem. A ação contou com apoio da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
O perito Alexsandro Procópio da Silva relatou que durante a análise ao conteúdo apreendido não foram encontrados indícios da tentativa de invasão ao site do TJ-MS, mas havia arquivos com 5,6 mil registros extraídos da página do Poder Judiciário alagoano, em ataques feitos no dia 4 de fevereiro.
Além disso, os investigadores identificaram páginas falsas de instituições bancárias e milhares de dados bancários de pessoas físicas. Registros de diálogos em comunidades hackers serviram como indícios para os policiais. “Descobrimos registros de conversas em redes de bate-papo em que os hackers trocavam informações, negociavam dados roubados e até pediam para pagar boletos com contas de outras pessoas”, afirmou o perito. Para o delegado Braus, a atuação do hacker nessas comunidades caracteriza uma ação em quadrilha.
R$ 6 milhões em segurança
Na tentativa de invasão à página do TJ-MS, os invasores tentaram acessar dados importantes, como processos digitalizados e até conteúdo em segredo judicial. Mas, segundo o diretor do departamento de infraestrutura e tecnologia do órgão, Marcus Vinícius Paraguassu, não houve prejuízo às informações e nenhum dado foi roubado.
Após o ataque, o Tribunal dobrou o volume de investimentos em segurança da informação. O orçamento para o setor passou de R$ 3 milhões em 2010 para R$ 6 milhões este ano. “Foi um susto, mas nós continuamos a tomar todos os cuidados”, disse Paraguassu.
O perito Valdson Rodrigues Gomes reconhece a dificuldade em identificar autoria de ataques virtuais, mas frisa que não há crime perfeito na Internet. “Todo acesso deixa um registro. O hacker pode até tentar camuflar, e essas práticas são de conhecimento deles. Às vezes a investigação precisa acontecer em outro estado, mas sempre dá para saber de onde vem o ataque”, afirmou.
Outros crimes
Braus afirmou que a polícia apura ataque a outro site de órgão público em Mato Grosso do Sul, mas não informou qual seria para não atrapalhar a investigação, que é sigilosa. O delegado relatou ações do suspeito em outros estados, como Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Pernambuco e Ceará. Cópias do inquérito serão remetidos a Alagoas e à Polícia Federal para subsidiar novas investigações.
O suposto hacker deve ser interrogado nos próximos dias, e será indiciado pelos crimes de dano qualificado e tentativa de furto qualificado. (G1-MS)
Por: Da Redação