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PF vai investigar atentado contra estudantes indígenas em MS

 

O atentado contra estudantes indígenas no município de Miranda, passou a ser investigado pela Polícia Federal (PF). O crime aconteceu na noite da última sexta-feira (3), quando o ônibus em que estavam os estudantes foi incendiado com coquetel molotov. Cinco pessoas, entre alunos e o motorista, ficaram feridos gravemente e foram levados para o hospital da cidade e a Santa Casa da capital.

O delegado da Polícia Civil que está exercendo interinamente o cargo na delegacia de Miranda, Tiago Macedo, informou que o caso é da jurisdição da PF porque se trata de um crime de violação aos direitos da comunidade indígena.

“Fizemos alguns levantamentos periciais preliminares e todas as informações e laudos que obtivemos até o momento serão encaminhados à PF ainda nesta tarde”, informou Macedo.

Ainda segundo o delegado, as informações preliminares apontam que os autores estavam de fato à emboscada escondidos na mata.

“Acreditamos que com certeza os a autores sabiam da rotina dos estudantes. O ônibus sai todos os dias levando alunos das cinco aldeias e acampamentos indígenas que existem na região”, afirmou o delegado.

Suspeitos

Caciques das aldeias de Miranda acreditam que os autores do atentado não sejam indígenas. “Acreditamos que esse crime não tenha sido praticado por um indígena. Haviam estudantes de várias comunidades e não é da nossa cultura atacar patrícios da nossa própria aldeia”, explicou o cacique da aldeia Cachoeirinha, Adilson Antônio.

Ele informou ainda que está conversando sobre o atentado com todos os moradores da aldeia e deve entregar um relatório para a PF com as informações que obtiver. “Queremos contribuir para que seja feita a justiça. Seja quem for, índio ou não índio tem que ser punido”, afirmou o cacique.

Na aldeia Argola, o cacique Fernando Antônio da Silva, contou que a ida dos estunates para a cidade, por hora, está suspensa porque o acontecimento é recente e o clima ainda está tenso no local. “Não sabemos ainda os motivos do atentado e isso assusta a comunidade”, afirmou o cacique.

Os líderes indígenas analisam ainda que o atentado trouxe à tona diversos problemas que os indígenas sofrem em MS, principalmente em relação à educação e a saúde.

“Tivemos que contar com o apoio de nossos amigos da cidade para levar os feridos e fazer os translados. Se não fosse (a ajuda), o atendimento demoraria mais. Além disso muitos alunos vão para a cidade fazer preparação para vestibular, sendo que esse tipo de curso poderia muito bem ser oferecido nas escolas da comunidade”, explicou Adilson.

Caso

O ônibus com 22 estudantes indígenas foi incendiado com coquetel molotov por volta das 23h da última sexta-feira. O coletivo é de uma empresa que presta serviços para a prefeitura no transporte escolar. O veículo, faz diariamente o trajeto de aproximadamente oito quilômetros entre o centro e as aldeias da zona rural, levando estudantes indígenas, e estava próximo à entrada da Aldeia Babaçu quando foi atacado.

Conforme relataram estudantes aos policiais militares, um homem saiu correndo de um matagal às margens da estrada e atirou um coquetel molotov no parabrisa do ônibus. Com o impacto, o vidro se quebrou e o fogo se espalhou pela parte dianteira do veículo.

Uma estudante de 18 anos que estava dentro do ônibus, contou que estava no segundo banco, atrás do motorista e que a uma mochila em seu colo foi o que a salvou de ter o corpo todo queimado pelo fogo.

“Eu só vi a garrafa com fogo dentro vindo na direção do parabrisa e na hora que bateu no vidro foi espirrando pelo ônibus. Foi tudo muito rápido, meu chinelo derreteu e foi a minha mochila que salvou o resto do meu corpo. Na hora que eu vi pegando fogo joguei a minha mochila no chão. Todo mundo ficou em pânico e não sabíamos o que fazer”, contou a menina.

Ela está internada no Hospital Regional de Miranda e teve a mão direita e as duas pernas queimadas até a altura do joelho. (G1-MS)

 

Por: Da Redação