O prefeito de Porto Quijarro Íbar Antero Dorado se apresentou a FELCN no final da tarde desta terça-feira (18) e permaneceu cerca de cinco horas na sede da Força Especial de Combate ao Narcotráfico para prestar depoimento sobre as acusações de enriquecimento ilícito e tráfico de drogas. Nem o Ministério Público da Bolívia, nem a Força Especial deram informações à imprensa brasileira sobre o teor dos depoimentos. Durante todo o tempo de permanência de Íbar Dorado na sede da Polícia Federal de Porto Quijarro, houve intensa movimentação de veículos. Do lado de fora, muitos manifestantes que apoiam o prefeito esperavam o fim do depoimento, mas, Dorado não apareceu para dar declarações. Os manifestantes questionam as medidas adotadas pela polícia e pelo ministério público durante as investigações.
Simpatizantes de Íbar, que pertencem ao partido MSM (Movimiento Sin Miedo), se reuniram na praça principal de Puerto Quijarro e qualificaram a ação como abuso policial pelo fato das buscas serem realizadas sem o consentimento do prefeito. “Requisitamos ao promotor que peça perdão ao povo por esse abuso”, era o que se ouvia repetir entre os manifestantes. Na Bolívia, as investigações começaram em abril, quando a esposa e o sogro de Íbar Antelo Dorado foram presos, no Brasil, com cinquenta e três quilos de cocaína. Desde então o prefeito prometia se entregar à força boliviana especial de combate ao narcotráfico, o que aconteceu na tarde de ontem.
Sete propriedades que pertencem ao prefeito de Puerto Quijarro, Ívar Antelo Dorado, popularmente conhecido como “Babalu”, foram invadidas na última quarta-feira, 12 de outubro por integrantes da Força Especial de Luta contra o Narcotráfico (FELCN) em ação conjunta com o Ministério Público, já que ele é investigado por suposto vínculo com o narcotráfico e suspeito de ganhos ilícitos.
Segundo a edição virtual do jornal El Deber, o paradeiro do prefeito é desconhecido. Pessoas próximas a ele informaram que a autoridade está em viagem. Seis pessoas, envolvendo funcionários do alto escalão municipal e trabalhadores particulares do prefeito, foram presas a fim de contribuir com informações sobre o suposto enriquecimento ilícito de Dorado. Elas foram ouvidas e, posteriormente, liberadas. No grupo, estavam o secretário de Finanças, Pastor Goméz, e o secretário geral, Fernando Quiroga.
O representante do Ministério Público, Rosaria Villafuerte, esteve à frente das invasões à casa do prefeito localizada no bairro El Carmen, além de escritórios e oficina onde se encontrava em conserto o veículo pertencente ao prefeito. Além disso, homens da força antinarcóticos se deslocaram até Arroyo Concepción, distrito de Puerto Quijarro, na fronteira com o Brasil, para vistoriar os negócios de Dorado. Ao todo, foram revistados sete imóveis e há conhecimento que foram apreendidos veículos, computadores e outros materiais.
Ainda segundo o El Deber, as ações se realizaram a partir de informações enviadas por agentes da Polícia Federal do Brasil. O diretor da FELCN, Gonzalo Quezada, evitou fornecer mais detalhes, mas explicou que o trabalho visa identificar com precisão a movimentação econômica de Antelo, que antes de exercer cargo público, se dedicava a compra e venda de moedas estrangeiras. Informações não oficiais afirmam que Dorado se apresentará às autoridades de município de Puerto Quijarro.
O promotor que cuida do caso no país vizinho explica que, assim que prestar depoimento vai tomar as decisões sobre a prisão, “se vai ser ou não vai ser, ainda não posso dizer.Primeiro será feita uma avaliação legal de seu depoimento”. A força de combate ao narcotráfico já apreendeu quatro veículos e sequestrou três imóveis do prefeito de porto quijarro. Entre os imóveis, está esta casa de câmbio que funcionava na região de fronteira e foi fechada pela polícia na semana passada.O veículos estão lacrados e ainda devem ser periciados. Os policiais farão uma varredura em busca de resquícios de entorpecentes.
De acordo com o capitão que comanda as investigações, também foram apreendidos documentos e computadores que estão sendo analisados “pelo ministério público e por um grupo especial de investigação financeira” Wilman Suárez – presidente da câmara Porto Quijarro disse que os vereadores da cidade ainda não sabem se vão cassar o mandato do prefeito. O presidente que ainda não foi notificado oficialmente sobre as denúncias e que vai dar um prazo de quinze dias para tomar uma decisão, “até lá creio que ele vai se pronunciar, ou será preso . A agora, estamos agindo de acordo com o que dizem nossas leis”.
Existe um mandado de prisão preventiva contra Ivar, expedido no dia 04 de maio deste ano pela juíza federal substituta da comarca de Ponta Porã (MS), Lidiane Maria Oliva Cardoso. O documento foi expedido depois que a esposa e o sogro de Dorado foram presos, em abril, com 53 quilos de drogas e 250 mil dólares pela Polícia Federal do Brasil. O mandado cita a lei 11.343, o que indica que o prefeito estaria envolvido na produção, transporte e venda de drogas, além de associar-se ilicitamente ao tráfico de substâncias controladas, financiar e introduzir drogas da Bolívia para o comércio em diferentes estados brasileiros. As investigações policiais, que desencadearam na ação da última quarta-feira, tiveram como base dados enviados pela Polícia Federal do Brasil. (Capital do Pantanal)
Por: Da Redação
