O Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, que tem a Vale como principal parceira, é uma ação social que envolve, por meio da arte, 360 crianças e adolescentes de Corumbá, Ladário e as cidades bolivianas de Puerto Suarez e Puerto Quijarro. No dia 4 de dezembro deste ano, a Unesco anunciou o Moinho como integrante do programa Criança Esperança, criado pela Rede Globo, ao lado de outros 85 projetos sociais.
Criado em 2004, sua missão é diminuir o risco social, por meio do acesso a bens culturais na região de fronteira. Atua em regiões onde as crianças estão expostas aos mais diferentes riscos sociais, como o tráfico de drogas, a exploração sexual infantil, o desemprego, a falta de oportunidade e de expectativa de melhoria de qualidade de vida.
Inclui em suas ações formação profissionalizantes de dança e música, dinamização de conteúdos escolares, ensino de idiomas, tecnologia digital, educação ambiental, educação patrimonial, ilhas culturais, atendimento médico, odontológico, psicossocial e fonoaudiológico.
O instituto se afirma como núcleo de vivência artística, de preparação técnica em atividades artísticas e de intérpretes-criadores. A Orquestra Vale Música, a Companhia de Dança Juvenil do Moinho Cultural, o corpo de dança e o Coral Infantil Moinho são formados por beneficiários do instituto. O Moinho in Concert, realizado em dezembro, marca o final de um ano de trabalho, resumindo no espetáculo de uma hora todas as potencialidades e a experiências acumuladas por crianças e adolescentes, e seus instrutores.
Na sua quinta edição, neste sábado, 8 de dezembro, às 20h, na Praça Generoso Ponce, o Moinho in Concert traz em suas fileiras exemplos de transformação de vida, desde aqueles que ganham a primeira oportunidade de subir ao palco até aqueles que já escolheram o palco como uma profissão. Conheça alguns desses personagens:
MÚSICO E FUTURO MILITAR
Hubner Martins Fernandes, 17 anos, está no Moinho há 8, desde os 9 anos de idade., quando escolheu seu instrumento, o clarinete. Ele se tornou conhecido este ano por ter uma poesia – a primeira que escreveu – selecionada para o Prêmio Poetize 2013 – Concurso Nacional de Novos Poetas. Antes, havia ganho um concurso de redação com o tema Amazônia Azul inscrita como aluno da Escola Estadual JGP na Operação Cisne Brasil da Marinha do Brasil. Morador do bairro Beira-Rio de Corumbá, de uma família humilde com os pais e dois irmãos, Hubner já decidiu fazer da música um meio de vida – em 2013 vai prestar a prova para ingressar na Marinha como sargento músico. O sonho é tocar clarinete na banda do 6º Distrito Naval.
POESIAS “DO LADO DE DENTRO”
“Hoje quando acordei, fiquei parado; sentando, pensando acordado no sonho que tive contigo; você estava andando sobre pétalas; em um belo dia de primavera; e isso pra mim mais parece um filme; onde você é bela e eu sou a fera”. Poesias como esta, de Hubner Martins Fernandes, estão expostas no painel “Do lado de dentro”, tema da quinta edição do Moinho in Concert. Participantes do Moinho in Concert contribuíram com suas poesias, e a criatividade aflorou entre as crianças e adolescentes – mesclando versos próprios com o das composições de Geraldo Espíndola que musicalizam o espetáculo. Bem-Te-Vi é uma das composições que caiu no gosto das crianças: “Teu coração me revela; coisas que nunca vi; teu coração diz que era; canto de bem-te-vi”.
ESTREANTES NO ESPETÁCULO
Arielme Rodrigues, de 9 anos, Eduardo Felipe Nogueira, de 11, e Maikel Pereira, de 10, são três meninos que representam uma parcela da população corumbaense que encontrou no Instituto Moinho Cultural uma nova oportunidade de convício social e um futuro profissionalizante. Arielme participa do curso de balé e de bateria no período da tarde, e pela manhã é um dos internos do abrigo municipal ao lado de outras onze crianças. Está no abrigo desde os 2 anos de idade e não conhece os pais. Eduardo Felipe mora no bairro Maria Leite e, além de balé, faz o curso de violão. Maikel também toca violão e dança balé. Eles são estreantes no espetáculo Moinho in Concert. Arielme e Maikel vão dançar, Eduardo Felipe vai cantar no coral. “Gosto muito de cantar, quero ser cantor quando crescer”, contou Eduardo.
SONHOS QUE VEM DA BOLÍVIA
Muitas crianças atravessam diariamente a fronteira e vem da Bolívia em busca de sonhos e oportunidades no Instituto Moinho Cultural, como símbolos da tão almejada integração entre os povos. Uma van faz esse caminho trazendo meninos e meninas de Puerto Suarez e Puerto Quijarro. Entre eles está Fabrício Alaro, violinista de 11 anos. Mora com os pais em Puerto Quijarro, mas nasceu em Santa Cruz de la Sierra, onde começou a tocar desde cedo na igreja. É filho de um pastor da Igreja Adventista e está há três anos no Moinho, já passou pelo balé e tocou piano. “Quero me formar em administração mas continuar tocando violino para minha família e amigos”, contou.
PROTAGONISTA DO MOINHO
O Núcleo de Tecnologia do Moinho Cultural é o estágio mais avançado de formação dos meninos que ingressam no instituto. Ali eles aprendem técnicas de produção de vídeos e áudios, animação, legendagem, captação de imagens para vídeos e fotografias. Entre eles está Joelson Santos Soares, 17 anos, que vem desde a primeira turma do Moinho em 2005, passou por todos os ambientes, com aulas de música (clarinete), dança, inglês, francês, educação ambiental e estudos patrimoniais. Com tanta experiência, e pela facilidade em se comunicar, é requisitado para ministrar palestras sobre protagonismo juvenil. Este ano ajuda a preparar um vídeo sobre o Moinho in Concert. “Quero cursar relações internacionais e me especilizar em Política”, revelou. Eleito representante juvenil do Conselho de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente, participou de uma comitiva recebida em julho deste ano pela presidente Dilma no Palácio.
DANÇARINA POR TODA VIDA
Aline do Espírito Santo, de 15 anos, é hoje o destaque da Companhia Juvenil de Dança Moinho Cultural. Ingressou no instituto há cinco anos e em 2011 vivenciou um estágio de treze dias em uma companhia de dança da Alemanha. “A viagem para a Alemanha me deu certeza de que o balé é minha vida”, afirmou, acompanhado pelo olhar de aprovação da mãe, Jaqueline, que está sempre presente nos ensaios da filha. Estudante da Escola Estadual Júlia Gonçalves Passarinho (JGP), moradora do bairro Arthur Marinho, ela também recebe o apoio dos dois irmãos – um deles busca a carreira de jogador de futebol no time juvenil do Corumbaense. O curso de graduação na faculdade já está escolhido por Aline: Educação Física. (Assessoria de Comunicação IHP/Moinho Cultural )
Por: Da Redação
