Corumbá

Corumbá entrega macacões impermeáveis à catadores de isca

Eliene mostra ao prefeito o resultado de um dia de coleta de iscas (Rodrigo Nascimento)

 

Eliene mostra ao prefeito o resultado de um dia de coleta de iscas (Rodrigo Nascimento)

Durante a 18ª edição do Programa Social Povo das Águas, realizada entre os dias 28 e 31 de maio na parte baixa do Pantanal sul-mato-grossense, a Prefeitura de Corumbá entregou 72 macacões impermeáveis aos ribeirinhos que sobrevivem da catação de iscas vivas. Os equipamentos foram adquiridos com recursos do Fundo Municipal de Investimento Social (FMIS) e vão proteger os ‘isqueiros’ contra o ataque de insetos e doenças provocadas pela umidade

A coleta de iscas vivas – principalmente a tuvira e o caranguejo, espécies preferidas dos turistas que frequentam o Pantanal – é efetuada de forma totalmente artesanal. Depois da pesca, é a principal fonte de renda de boa parte população que vive às margens do Rio Paraguai e seus afluentes. “A gente chega a passar até seis horas por dia dentro do rio. Tudo depende da quantidade que conseguimos telar”, disse Damiana da Costa Soares, 51 anos, moradora do Porto da Manga.

Convivendo diariamente com o corpo mergulhado na água até a altura do tronco, a catadora contou que era comum o aparecimento de manchas e micoses na pele. “Agora, com o macacão, esse problema vai acabar”, comemorou a ribeirinha. Evaldo Nascimento Duarte, de 35 anos, mora na Manga desde que nasceu e também tira o sustento da família da venda de iscas vivas. “Sempre isquei, desde pequeno”, lembrou o pescador ao destacar mais uma das qualidades do novo material de serviço.

“Ele não deixa a roupa molhada e ajuda a proteger contra a friagem, que eu acho a maior dificuldade para quem pega isca”, afirmou. Aos 46 anos, Eliene da Costa Soares conta que as iscas têm papel fundamental no orçamento familiar. “A gente chega a ganhar mais com ela que com a pescaria”, explicou a moradora do Porto da Manga. No local, um viveiro foi montado pela ONG ECOA – Ação e Ecologia, com apoio da população local, que dá suporte a atuação dos ribeirinhos.

“Daqui a maioria das tuviras é vendida em Miranda. Outra parte abastece as pousadas da região”, completou Eliene. O trabalho de cadastramento dos catadores foi feito pela Defesa Civil, que percorreu todo o Pantanal corumbaense. “Foram os próprios ribeirinhos quem indicaram quem efetivamente tem a rotina de catar iscas. Esses foram os primeiros beneficiados”, detalhou Elisama Cabalhero, técnica da Secretaria Especial de Integração das Políticas Sócias, pasta responsável pelo Povo das Águas.

Ainda neste mês, a equipe da Prefeitura estará na região do Taquari, onde outras famílias serão beneficiadas com os macacões impermeáveis. “Nossa intenção é atender toda essa população, que necessita e muito da atenção do Poder Público. Temos o Programa Social Povo das Águas, iniciado em 2010, que cumpre um papel muito importante no atendimento médico e social aos ribeirinhos”, comentou o prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT), que na última segunda-feira (28), participou da entrega dos macacões no Porto da Manga.

Fórum

A confecção dos macacões impermeáveis foi um dos encaminhamentos definidos durante o 1º Fórum “Povos Tradicionais do Pantanal de Mato Grosso do Sul – Os saberes tradicionais e a conservação do Pantanal”, realizado em novembro do ano passado em Corumbá. A proposta foi encaminhada e aprovada pelo Fundo Municipal de Investimento Social.

Os primeiros equipamentos de segurança foram entregues em 2004 a ‘isqueiros’ de Porto da Manga, Miranda, Corumbá, Porto Murtinho e Albuquerque, através de uma iniciativa do projeto “MS: Diretrizes para o Manejo Sustentável da Atividade de Coleta de Iscas Vivas no Pantanal do Mato Grosso do Sul”, desenvolvido pela Ecoa e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

 

Por: Da Redação