Após o treino oficial no Itaquerão, no domingo, o técnico da Holanda, Louis Van Gaaal, reclamou pelo fato de que decidiria a colocação final do Grupo B da Copa do Mundo diante do Chile antes dos jogos do Grupo A, em particular o de Brasil x Camarões. Puro jogo de cena. Na verdade, o holandês sabia que a vantagem de ficar em primeiro e fugir de um antecipado confronto com os brasileiros era holandesa.
Para isso, ele contou com a ajuda preciosa de um craque. Arjen Robben foi o grande nome da partida e teve um papel fundamental na vitória de 2 a 0 sobre os chilenos, assegurando ao terceiro triunfo seguido holandês, que somou nove pontos e terminou em primeiro no grupo.
“Mar vermelho” no Itaquerão
Maioria nas arquibancadas do Itaquerão, os torcedores chilenos logo mostraram sua força na execução dos hinos nacionais, com os torcedores sul-americanos cantando a capela o hino do Chile. Por cerca de dois minutos, o Itaquerão virou o Estádio Nacional de Santiago.
A Holanda, que pela primeira vez nesta Copa do Mundo atuou com as camisas laranjas que a consagraram no futebol mundial, começou a partida optando pela cautela. Afinal, o empate já bastaria ao time de Van Gaal para assegurar o primeiro lugar do Grupo B e escapar de um provável cruzamento com o Brasil logo nas oitavas de final.
E coube ao Chile, que apostou num 3-5-2 em sua formação tática inicial, tomar a iniciativa nos primeiros minutos de jogo, sem contudo criar qualquer chance efetiva de gol. Com tranquilidade, a marcação da zaga holandesa, formada por Vlaar e De Vrij, anulava as tentativas chilenas.
Pequenos notáveis
Até os 16 minutos, a Holanda nem chegava perto do gol de Claudio Bravo, enquanto o Chile começava a usar bolas altas para tentar superar o paredão holandês, apesar da baixa estatura de seus atacantes (Sanchez tem 1m69 e Vargas 1m75). Numa delas, Jara até arriscou um lançamento para Aranguiz, que não conseguiu controlar. Aos 18, Mena fez um cruzamento perigoso, mas o volante do Internacional novamente não aproveitou.
Robben, aos 22 minutos, conseguiu a primeira jogada que pegou a defesa do Chile desarrumada, mas ao tentar o manjado (e normalmente fatal) corte para dentro da área, foi desarmado.
Dez minutos depois, nova bola roubada por De Jong, criando um contra-ataque rápido com Robben, levou algum perigo ao gol chileno. E aos 34, em uma cobrança de falta cruzada pelo atacante do Bayern de Munique, De Vrij cabeceou longe do gol de Bravo.
Aos 39, a Holanda voltou a assustar. Após uma bola roubada por Sneijder, Robben pegou a bola na intermediária, engatou a quinta marcha e não teve chileno algum que pudesse alcança-lo. Para sorte do time de Jorge Sampaoli, a finalização passou perto da trave esquerda de Bravo. Aos 42, em nova bobeada da defesa chilena, o holandês Lens (substituto de Van Persie) partiu com a bola dominada, mas o seu arremate ao gol só serviu para a torcida sentir saudades do titular, que não jogou por estar suspenso pelo segundo amarelo.
Devagar, quase parando
A Holanda recomeçou a partida no mesmo ritmo cadenciado e sem pressa que apresentou na etapa inicial. Tendo o relógio como maior adversário, o Chile buscava acelerar o ritmo, tanto que Sampaoli aproveitou o intervalo para tirar Guitierrez e colocar em seu lugar Beausejour.
O bom toque de bola holandês, contudo, conseguia envolver os marcadores chilenos, que começam a abusar das faltas para tentar anular as jogadas de Robben e Sneijder. Mas quem tinha motivos para reclamar da violência era o Chile: até os 20 minutos da etapa final, a Holanda apresentava o dobro de faltas dos chilenos (20 a 10).
O craque decide
Aos 25 minutos, para atender ao pedido de parte dos torcedores, Sampaoli resolveu abrir a equipe de vez e colocou Valdivia em campo. Mas o meia do Palmeiras mal teve tempo de conseguir fazer algo de útil. Aos 32 minutos, um minuto após ter entrado no lugar de Sneijder, o meia Fer, que atua no Norwich City, aproveitou com perfeição um cruzamento do lateral Janmaat e, sem marcação, subiu mais do que os zagueiros e fez o gol da Holanda.
Desesperado, o Chile foi com tudo atrás ao menos do gol de empate, abrindo de vez a marcação. Era o que o craque Robben precisava para fechar com chave de ouro uma brilhante partida, ao dar mais uma de suas arrancadas fantásticas e cruzar para outro jogador que veio do banco, Depay, que fez o segundo gol e fechou o placar. (IG)
Por: Da Redação