A paciência é sim a maior, a mais nobre e a mais gentil virtude que o homem pode cultivar. Entretanto, seu plantio não é fácil. Exige delicada e perseverante preparação e adubação dos terrenos mental e espiritual do indivíduo, para que ele possa suportar aflições, insultos ou injúrias sem reclamação nem represália, mas de maneira firme e segura.
Nesses tempos modernos e acelerados, onde os dias voam e os meses logo terminam, exigindo de absolutamente todos, os mais variados compromissos e responsabilidades que mal terminam quando outras já começam, a paciência se escasseia e dificilmente se instala nos corações e mentes das pessoas.
Dezembro é o mês de entressafra dessa cultura. Apesar de ser o período em que ela mais se faz necessária para alicerçar o homem no enfrentamento das avalanches de fatos, sonhos e emoções que afloram em abundância durante esse tumultuado clima de final de ano, a paciência é rara. Sem ela, na correria natural do dia a dia, as pessoas se exaltam, tornam-se intolerantes e perdem a compostura.
Além da agitada rotina de dezembro, que exige tomada de decisões e preparativos para as férias escolares dos filhos; Férias trabalhistas ou recesso de final de ano; Preparativos para a ceia de Natal; A necessária lista de presentes, Réveillon e outras questões, típicas, ventos fortes de janeiro de 2020 trazem para este último mês do ano outras grandes preocupações com as responsabilidades com o início do novo ano, quando terão que arcar com despesas extras como matrículas escolares; compra de materiais (escolares); Pagamento de IPTU, IPVA e outras.
Tudo isso faz germinar ervas daninhas na mente do homem, cuja paciência fica por um fio, demonstrando o quanto é frágil, pois a virtude mencionada não criou ali, raízes profundas. O trânsito é um dos ambientes onde isso se comprova, pois vira o caos. A maioria age como se fosse seu o direito à preferência em todas as ruas e avenidas, inclusive nos cruzamentos. Quando contrariados, eclodem em gritos e gestos grosseiros e inapropriados, mesmo de uma placa indicando que está errado.
De tão graves são os quadros gerados em oportunidades assim, quando a fúria eclode, pisoteando qualquer traço de paciência, colhe-se saldos lamentáveis e negativos de brigas, xingamentos e às vezes, até morte. Jornalistas de Campo Grande têm um colega em comum, que numa desavença no trânsito, há alguns anos, desceu de seu automóvel, de arma em punho e atirou contra o veículo de seu desafeto, atingindo em cheio o peito de uma criança que estava em seu interior. Ela veio a óbito e ele pagou caro pela falta de paciência. Sua vida tornou-se um inferno.
Este é apenas um exemplo extremo de ausência de paciência no trato de uma questão. Se houvesse meio de se fazer um balanço sobre a vida de cada um, penso em quantas ofensas seriam geradas no dia a dia, por conta da inexistência ou perda dessa preciosa virtude. E mais:
- Quantos casamentos não foram desfeitos por conta da falta de um pouco mais de paciência de um ou de outro?
- Quantas famílias não foram esfaceladas?
- Quantos inimigos criados?
- Quanta injustiça cometida?
- Quantas palavras malditas foram proferidas?
- Quantas vidas foram ceifadas?
Existem poucas sementes que geram a paciência. Algumas delas, de origem oriental, até têm raízes profundas, mas não se comparam com a semente plantada pela Palavra de Deus. Somente ela é capaz de promover grandes e revolucionárias transformações na mente, no coração e no espírito do homem. Além disso todo aquele que busca essa virtude por intermédio dos ensinamentos e mandamentos do Senhor, muito bem claros nas Escrituras Sagradas, ganha também sabedoria e segurança que lhe permite suportar e sobrepujar todo e qualquer obstáculo na vida.
Como é sábio o Senhor Deus, que nos ensina o plantio, adubação e cultivo da paciência. Ponderemos sobre cada palavra que compõe esta “receita” maravilhosa de ensinamentos: “Descansa no Senhor, e espera nele; não te indignes por causa daquele que prospera em seu caminho, por causa do homem que executa astutos intentos”.
“Deixa a ira, e abandona o furor; não te indignes, porque isso só leva ao mal”(Sl. 37: 7,8)
“Porque todas as coisas que dantes foram escritas, para nosso ensino foram escritas, para que pela paciência e consolação das escrituras tenhamos esperança” (Rom. 15:4)
Por: Wilson Aquino – Jornalista e Professor