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Lanhados pela tristeza!

 

O que seria, pois,um processo natural de se entender de repente passa por condições ininteligíveis e inobserváveis. Não há um dia sequer que se passe e não haja notícias sobre acidentes de trânsito. São mais de 80 pessoas por dia, ou 1 a cada 18 minutos … isso não contabilizando as ocorrências que tumultuam nossos hospitais.

As estatísticas, que dizem respeito a todos os tipos de acidentes causados no trânsito, servem como alerta para que se perceba até mesmo os mínimos deslizes que implicam em acidentes.Um dos fatos mais curiosos é que a maioria das colisões(nas cidades) ocorre em velocidade entre 40 e 50 km/h, portanto, apenas manter-se em velocidade relativamente baixa não descarta a possibilidade de que aconteça qualquer acidente.Antigamente nós apenas líamos nos jornais sobre acidentes de trânsito,hoje em dia nós estamos vendo acontecer.Ou seja,o que seria, pois,um processo natural de se entender de repente passa por condições ininteligíveis e inobserváveis. Chegamos a um momento em que é extremamente necessário aprender a conduzir os veículos no trânsito com a mesma educação com que tratamos as pessoas as quais gostamos e buscar a todo custo proporcionar meios para a sociedade apresentar iniciativas direcionadas em valores como respeito, gentileza, cooperação, colaboração, tolerância, solidariedade, amizade, entre outros tão importantes ao trânsito seguro e harmônico. O trânsito é o ambiente mais democrático que existe e é onde cada um deve mostrar respeito aos outros, sejam eles pedestres, ciclistas ou motoristas.

Destarte quando tomamos conhecimento das estatísticas de acidentes de trânsito e do quanto os governos gastam com as vítimas nos conscientizamos de que é preciso fazer algo. O que se gasta hoje com os acidentes poderia ser muito bem aplicado na educação e na saúde preventiva. Para corroborar essa afirmação com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil gasta, por ano, R$ 432,4 milhões em acidentes de trânsito. Desse valor, de acordo com o instituto, 42,8% se referem à perda de produção por morte ou invalidez, 28,8% a danos a veículos e 13,3% ao atendimento médico-hospitalar. Outros custos são os processos judiciais, congestionamentos, previdenciários, resgate e reabilitação das vitimas. São dados para se escandalizar e peço: Escandalizem-se. Mas reajam, mas façam alguma coisa. Engrossem fileiras entre aqueles que ainda não perderam a capacidade de indignar-se e lutar.

Nada mais humano do que buscarmos recuperar as nossas condições de seres humanos. É mister buscar prescrutar pela nossa real identidade e enveredar pela tarefa de desencriptação de sentimentos que fervilham no interior do vulcão ou correm nos calmos rios subterrâneos de nossas capacidades imanentes aonde prevalecem os seres gregários,e onde se mantém vivos a chama da solidariedade.A civilização pressupõe a solidariedade, e em um segundo nível : a irmandade. É isso que nos distingue da irracionalidade. E o que é a globalização, a sanha do mercado por lucro, a dominação impiedosa dos que tem mais contra os quem tem menos? O que é a transformação do individualismo, da competição, dos horários escassos, da esperteza, da ascensão a qualquer preço. E esses aspectos refletem no trânsito em forma de embrutecimento, remetendo-nos a incultura,onde estaremos lanhados pela grosseria, a rudeza e a brutalidade.

Precisamos humanizar o trânsito e vivenciar essa experiência,sobretudo resgatando os momentos de educação e cortesia no trânsito, com o objetivo maior de tornar-se instantes de excelência agindo como um pólo irradiador de iniciativas e práticas educativas, que possam servir de suporte para contaminar as diferentes instituições e organismos,governamentais e não governamentais, que desenvolvam ações de educação e segurança no trânsito, ou que venham a sensibilizar-se para fazê-lo.

Este momento que vivenciamos reveste-se de singular importância para uma mudança de posicionamento quando se refere ao tema trânsito, constituindo-se num celeiro de desenvolvimento da cidadania ao contribuir, através de uma nova cultura, para que o trânsito se torne mais humano e, realmente, um exercício democrático e solidário, que se faz premente no atual contexto.

 

Por: Prof Rosildo Barcellos – Articulista