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“Eu vou para Maracangalha”: breve história do bairro Santo Antônio em Ladário-MS

 

O presente artigo tem como objetivo abordar como se deu a formação do bairro Maracangalha, a partir das narrativas orais dos moradores locais de Ladário-MS.

Maracangalha foi o bairro que hoje recebe a denominação de Santo Antônio e que marcou a História da localidade em particular porque o seu fundador contribuiu significativamente para o seu desenvolvimento: o senhor Maximiano José dos Santos que viveu até seus 113 anos de idade.

Por volta dos anos 1953, Ladário não passava de um distrito de Corumbá com recursos suficientes para sua manutenção e por essa razão foi emancipado em dezembro de 1953.  A área urbana ia até a região dos trilhos da Comissão Mista Ferroviária Brasil-Bolívia (C.M.F.B.B.) onde hoje circula os vagões que realizam o transporte de minério extraído da morraria do Urucum. Assim, a área acima dos trilhos (sul) era considerada área rural do distrito.

Conta-se que, após se estabelecer em Ladário, seu Maximiano comprou terras acima dos trilhos (sul) até então despovoada e lá criou um sitiozinho chamado Sayonara.

De origem nordestina, o senhor Maximiano prestou serviços ao Sexto distrito naval da marinha do Brasil atuando na 1ª e 2ª Guerra mundial e outras atividades consideradas importantes para o militarismo.

Mas porque Maracangalha?

O topônimo está relacionado a época em que o samba de Dorival Caymmi estava em alta, ou seja, o samba que fez sucesso nacional também repercutiu em Ladário.

De acordo com relatos do senhor Eury Lisbôa de Macedo:

O bairro Santo Antônio antes era conhecido como Maracangalha. Quem botou o nome Maracangalha foi o falecido senhor Maximiano. Hoje em dia tem até hoje aquele negócio de engenho de cana lá. Maximiano era muito brincalhão e partia pra lá numa carrocinha com um burrinho e falava “Eu vou pra Maracangalha”. Foi justamente na década de cinquenta e seis por aí e assim ficou naquele clima né “Ah eu vou pra Maracangalha”, então ficou esse nome Maracangalha. Hoje em dia tiraram esse nome e botaram Santo Antônio, mas eu acho muito bem aplicado o Maracangalha.

Ainda conforme os relatos, o seu Maximiano saía cantando “Eu vou pra Maracangalha, eu vou…” pelas ruas de Ladário à época que o samba de Dorival Caymmi foi lançado quando se dirigia ao sítio seu denominado Sayonara onde produzia os famosos melados. Na figura abaixo podemos verificar a produção de melado em que se encontra seu Maximiano e seu companheiro Miguel.

Ainda hoje existem os velhos resquícios de que ali funcionou um antigo moinho de cana onde eram feitos os melados mais requisitados na região e que fizeram a alegria da população ladarense.

Hoje a praça da avenida 14 de março recebe uma homenagem com o seu nome.

Por: Daiane Lima dos Santos – Doutora em História pela UFGD – Especialista no tema fronteira oeste do Brasil – Contato: prof.daillima@gmail.com