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Seca histórica: rio Paraguai chega ao menor nível em 124 anos

O principal curso d’água da bacia do Pantanal, o rio Paraguai, atingiu o menor nível desde 1900, quando começaram as medições, segundo informa o Serviço Geológico do Brasil (SGB). 

Em Ladário (MS), o rio registrou uma profundidade de 67 centímetros abaixo da régua de referência. Outras oito estações de monitoramento ao longo do rio também indicam níveis historicamente baixos, como em Porto Murtinho (-60 cm), Cáceres (-40 cm) e Bela Vista do Norte (-227 cm).

De acordo com o SGB, a recuperação do nível do rio será lenta, e as estimativas apontam que ele permanecerá abaixo da cota de referência pelo menos até a segunda quinzena de novembro, quando as chuvas deverão retornar. No entanto, mesmo com a chegada das chuvas, não se espera que a temporada seja acima da média, o que é essencial para a recuperação do bioma.

Marcus Suassuna, pesquisador do SGB, explicou ao jornal O Globo que, apesar da redução no ritmo de queda do rio devido às primeiras chuvas, estas não serão intensas o suficiente para elevar os níveis rapidamente. Especialistas preveem que a situação no Pantanal não deve se normalizar até o final desta década.

A estiagem atual, que começou em 2019, pode seguir um padrão semelhante ao da última grande seca, ocorrida entre 1960 e 1971, que durou 11 anos. Se esse padrão se repetir, o Pantanal poderá enfrentar mais cinco anos de seca intensa, como apontado pelo jornal Correio do Estado.

Rio negro 

No início do mês de outubro, o SGB também registou o pior baixa do rio o Rio Negro dos últimos 122 anos, pontuando 12,66 metros. Em decorrência do fenômeno, cerca de 190 mil famílias foram afetadas pelas consequências da estiagem severa. 

Segundo Adriana Cuartas, pesquisadora do Cemaden, os níveis mínimos desses rios geralmente ocorrem no final do mês de outubro. No entanto, este ano, as baixas no nível da água estão ocorrendo mais cedo.

A seca na região sul da Amazônia também é caracterizada como “dramática” pelo coordenador geral do Projeto Saúde e Alegria, Caetano Scannavino.

“As regiões mais afetadas já têm comunidades isoladas em que não se chega nem de barco nem de canoa. O transporte escolar foi comprometido, bem como a remoção de pacientes, médicos, o abastecimento de água e a própria segurança alimentar”, destaca Scannavino. 

*Revista Forum

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