A produção com práticas ecológicas e sustentáveis na agricultura familiar e o incentivo para a comercialização desses alimentos para o consumidor final recebem apoio do Sebrae/MS, por meio do Pró Pantanal. São mais de 30 agricultores que atuam na região de Corumbá e Ladário que se estruturam para retomar negócios em feiras populares e dependem de acesso a recursos de inovação para garantir melhores resultados.
O período mais grave da pandemia da covid-19 até começo deste ano, com restrições de acesso e circulação de pessoas, e os incêndios no Pantanal dificultaram a comercialização desses produtos agroecológicos. Para contribuir em uma reestruturação do mercado, o Pró Pantanal – Programa de Apoio à Recuperação Econômica do Bioma Pantanal foi criado como iniciativa do Sebrae para atuar, entre outras áreas, no eixo do agronegócio e dar suporte a produtores com negócios existentes na região pantaneira.
Nessa etapa de reestruturar a base de produção, esses pequenos produtores pantaneiros de assentamentos recebem auxílio dentro do Pró Pantanal para participarem da 16ª Feira de Sementes Nativas e Crioulas e Produtos Agroecológicos de Juti, município localizado na região Sul do Estado. O evento promove palestras, oficinas e troca de conhecimento, o que permite melhorar e diversificar a produção de hortaliças e outros alimentos.
Rodrigo Maia, gerente da unidade de competitividade do Sebrae/MS, ressalta que o Pró Pantanal permite medidas necessárias para garantir que o empreendedor pantaneiro consiga estruturar-se e buscar desenvolvimento para o seu negócio. “No programa Pró Pantanal reunimos ferramentas e instrumentos para oferecer ao produtor rural, o empresário do turismo, o empreendedor da economia criativa capacitações, consultorias e participação em eventos para que ele melhore a competitividade do negócio. A gente quer mostrar a força do empreendedor pantaneiro”, pontua.
Quem já trabalha com esse grupo de agricultores e é parceiro do Sebrae/MS na iniciativa é o Núcleo de Estudos de Agroecologia e Produção Orgânica do Pantanal (NEAP), da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); a Embrapa Pantanal; os escritórios de Corumbá e Ladário da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer); o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) e a Fundação de Meio Ambiente de Ladário, órgão vinculado à Prefeitura local.
Edgar Aparecido da Costa, coordenador do NEAP e professor doutor na UFMS, campus Pantanal, indica que as parcerias permitem que os agricultores possam continuar na produção de alimentos saudáveis e de plantas alimentícias não convencionais (PANCs). “Para esta feira estão indo produtores de assentamentos em Corumbá e de Ladário, além de pessoas que estão na APA Baía Negra e agricultores da Bolívia que comercializam seus produtos aqui no Brasil, nessa região de fronteira. Essa parceria com o Sebrae contribui para o desenvolvimento rural”, destaca.
Acompanhadas diretamente pelo NEAP, há até 32 famílias de produtores que podem fornecer alimentos em comércios e feiras realizadas em Corumbá e Ladário, diariamente. Parte desse grupo (nove agricultores) também tem a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) e pode fornecer para as prefeituras locais os alimentos a serem usados na merenda escolar.
Alberto Faiden, integrante do Núcleo de Estudos de Agroecologia e Produção Orgânica do Pantanal e pesquisador na área de agricultura familiar na Embrapa Pantanal, explica que os eventos técnicos oferecidos na Feira de Sementes Nativas e Crioulas e Produtos Agroecológicos de Juti favorecem a transferência de conhecimento para produtores que atuam com pequenas propriedades no médio prazo. “Eles aprendem a produzir as sementes numa oficina. O importante na feira não é a troca de sementes em si, mas as capacitações que são oferecidas. Não é um impacto imediato, e, sim, um processo de troca de experiências entre os agricultores de diferentes regiões”, ressalta Alberto Faiden.
Antes de a pandemia impactar o mercado, os agricultores chegaram a produzir plantas alimentícias não convencionais (PANCs), como quiabo de metro, melão croá, cará vermelho e bertalha. Com a possibilidade de venda em feiras realizadas na Marinha, Embrapa, UFMS e em feiras livres, os produtores conseguiam contato direto com os consumidores e podiam apresentar a qualidade do que era vendido. Com as restrições de contato entre as pessoas, os alimentos começaram a ser vendidos em sacolões e houve redução nas negociações.
“O sacolão serviu como um paliativo importante no período da pandemia, mas a renda deles caiu muito. Enquanto era presencial, os agricultores explicavam aos consumidores como utilizar (os alimentos). A montagem dos sacolões, uma forma anônima de venda, fez com que esses produtos diferenciados não tivessem muita procura. Estamos retomando o planejamento de produção e a ida à feira faz parte dessa etapa importante”, detalha Alberto Feiden, pesquisador da Embrapa Pantanal.
A Feira de Sementes Nativas e Crioulas e Produtos Agroecológicos de Juti, em sua décima sexta edição, acontece de 15 a 17 de julho e é realizada pela Prefeitura de Juti; Instituto Cerrado Guarani (ICG); Associação dos Produtores Orgânicos do MS (APOMS); Embrapa; Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD); Instituto Federal de MS (IFMS) campus Naviraí; e Comissão Estadual da Produção Orgânica (CPOrg-MS).
Pró Pantanal
O Pró Pantanal – Programa de Apoio à Recuperação Econômica do Bioma Pantanal é uma iniciativa do Sebrae para fomentar atividades econômicas nos eixos do turismo, da economia criativa e do agronegócio existentes no Pantanal.
O programa ainda tem apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Federação das Associações Empresariais de Mato Grosso do Sul (FAEMS), Instituto do Meio Ambiente de MS (Imasul) e Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro).
Para obter mais informações sobre o programa Pró Pantanal e suas ações, fale com o Sebrae, pelo pelo número 0800 570 0800. Visite o site oficial do programa clicando aqui.
*Rodolfo César, ASN MS