Reuniões, encontros e diálogos marcaram a agenda de visitações realizadas pelo chefe-geral da Embrapa Pantanal, Jorge Lara, e pelo chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia e Negócios da unidade, Thiago Coppola, ao governo, representantes do setor produtivo e instituições de pesquisa de Mato Grosso em fevereiro. O objetivo das ações, de acordo com Jorge, é prospectar demandas e criar uma agenda positiva comum com essas entidades para a região.
“Nós observamos, nesse contexto, uma quantidade de demandas muito grande para a Embrapa Pantanal. Podemos citar como exemplo a avaliação da área de contenção no Mato Grosso, uma zona Peri-pantaneira de uso muito restrito. Há uma discussão relacionada à demarcação dessa região, debatendo se ela realmente deveria ser uma linha reta como é hoje, de 10 km após o Pantanal. Estudos técnicos podem comprovar se há a necessidade da demarcação dessa maneira ou se existe a possibilidade da linha ser recortada em alguns locais, definindo uma maior ou menor distância do bioma”, afirma Lara.
Governo
Este e outros assuntos estiveram em pauta durante a reunião entre o chefe-geral da Embrapa Pantanal e o vice-governador do estado de MT, Carlos Fávaro, que ressalta o papel da unidade de pesquisa pantaneira na determinação de parâmetros que subsidiem a legislação. “Os estudos técnicos podem mostrar que algumas áreas do Pantanal devem ser completamente preservadas. É possível que outros locais permitam a presença da Integração Lavoura-Pecuária (ILP), o plantio de soja e milho, a bovinocultura, a agricultura familiar… A pesquisa vai definir qual a melhor aptidão e nós temos que implementar isso como política pública”, diz Fávaro. “Esses convênios e essa cooperação certamente garantirão o futuro do Pantanal”.
O Secretário de Estado de Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários, Suelme Fernandes, também conversou sobre a aproximação das duas entidades durante a gestão de Lara. “Nesse novo horizonte que se desenha para a diversificação da produção podemos ter – por que não? – no MT um grande produtor de alimentos para o Brasil e para o mundo, que é o grande desafio da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) para o milênio: uma produção com sustentabilidade, diversidade, riqueza e que promova a diminuição das desigualdades regionais”, afirma. “Só podemos chegar ao nível de eficiência atingido pelo grande produtor com muita tecnologia”.
Além de discutir a atuação na área de agricultura familiar, Lara entrou em contato com as secretarias estaduais de Desenvolvimento Econômico e de Meio Ambiente. O chefe-geral conversou, ainda, com o prefeito de Poconé, Atail Amaral, sobre as demandas da comunidade produtora local. “Precisamos mostrar que há condições de associar produção e sustentabilidade. Essa parceria com a Embrapa Pantanal é de fundamental importância nesse sentido”. Paulo Moura, consultor legislativo da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) que também cria cavalos e bois Pantaneiros, completa: “no centro dessas duas linhas se sustenta o nosso bioma. A Embrapa Pantanal traz essa filosofia de buscar um entendimento e o diálogo entre diversas instituições (…). Assim, MS e MT podem buscar juntos aquilo que é importante para a economia, mas também para a conservação do meio ambiente”.
Produção
Em diálogo com o Sindicato Rural de Cuiabá, Lara discutiu a transferência de tecnologias voltadas à produção agropecuária sustentável. Segundo o presidente do Sindicato, Jorge Pires, a cooperação entre as instituições deve abordar a bovinocultura de corte, mas também irá incluir tópicos sobre o plantio de variedades melhoradas e o manejo que previne queimadas sem controle no Pantanal. “Com esse convênio, a gente passa a ter um canal direto de comunicação. Podemos subsidiar a Embrapa Pantanal com demandas e, inclusive, propor soluções”. Normando Corral, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) – que representa os sindicatos rurais em MT – destaca a importância das parcerias com quem elabora dados técnicos na busca pela sustentabilidade. “A pesquisa e a extensão são fundamentais para chegar onde estamos e para que a gente consiga seguir adiante”, afirma.
O chefe-geral também participou de uma reunião para discutir parcerias com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja). “Os estudos vão abordar o lado da produção, mas também da sustentabilidade”, diz o presidente da instituição, Endrigo Dalcin. “A gente abre as portas, como a Embrapa Pantanal abriu as portas para a nossa Associação”. O produtor rural Paulo Gasparotto, da região de Poconé, afirma concordar com a abordagem global dos estudos técnicos, que investigam como aliar produtividade, conservação ambiental e desenvolvimento social no processo. “Como a Embrapa foi fundamental em muitos dos municípios brasileiros, transformando a vida das pessoas, acho que também o será em Poconé”.
Transferência de tecnologia e pesquisa
O Senar-MT esteve entre as entidades com as quais Lara entrou em contato para conversar sobre ações conjuntas – neste caso, abordando a transferência de tecnologias para os técnicos e multiplicadores de conhecimento. De acordo com o superintendente Otávio Celidonio, a instituição realizou mais de quatro mil eventos na área de formação rural em 2016. “Nós atuamos em várias cadeias como a pecuária de corte, de leite e piscicultura aqui na baixada cuiabana do Pantanal, no estado de forma geral e, basicamente, em todos os municípios do MT. A gente não consegue fazer isso sem a parceria da Embrapa, que é quem de fato forma os nossos técnicos”, afirma.
O chefe-geral conversou, ainda, com representantes de outras instituições que estudam o bioma, como a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o Centro de Pesquisas do Pantanal (CPP), Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (INCT-INAU). Segundo o vice-reitor da UFMT, Evandro Soares, “o estreitamento com a Embrapa Pantanal estimula a pesquisa a buscar um ambiente sustentável e produtivo, mas que respeite a tradição, a cultura, a arte de toda a população que vive na região pantaneira há centenas de anos”. O coordenador científico do INCT-INAU, Wolfgang Junk, afirma que o foco da parceria com a unidade pantaneira de pesquisa da Embrapa é a inovação na área da ciência. “A Embrapa Pantanal trata de aspectos aplicados em gado bovino e pesca, por exemplo. Nós fazemos estudos que podem trazer benefícios adicionais a esses trabalhos. Estamos dispostos a colaborar e a fazer ações em conjunto”.
Discutindo agendas positivas comuns com o governo, setores produtivos e instituições de pesquisa, Jorge Lara afirma que a Embrapa Pantanal se aproxima de cumprir um dos objetivos de sua gestão – fazer com que a unidade atue como um fórum neutro de discussões, no qual diversos temas relacionados ao bioma são debatidos por diferentes setores, utilizando dados técnicos e a legislação brasileira como balizadores dos argumentos. “Talvez seja essa a função da Embrapa na região: promover o desenvolvimento agropecuário através da racionalização das opiniões, sem exageros – seja no uso excessivo do Pantanal, que pode trazer consequências graves para esta e outras regiões do Brasil, seja pela subutilização do bioma, prejudicando produtores que há tanto tempo estão estabelecidos aqui”, diz.
“A experiência da semana passada traz para a Embrapa Pantanal uma oportunidade única que exigirá do nosso centro muito mais eficiência, mais organização, mas assertividade para que possamos trazer os resultados que a expectativa da população do norte nos encaminhou”. Nos próximos meses, Lara e a equipe gestora da Embrapa Pantanal continuarão a atuar junto às instituições de MT para fechar os termos das parcerias discutidas nas reuniões deste mês. (Embrapa Pantanal)
Por: Da Redação