A noite desta sexta-feira (27 de abril) do 9º Festival América do Sul refletiu bem a essência do evento: pluralidade de culturas, clima perfeito e um excelente público. Cerca de 15 mil pessoas se reuniram na praça Generoso Ponce para prestigiar a música de Giane Torres, Paulinho Moska, o argentino Kevin Johanson e Margareth Menezes.
Com um repertório baseado no seu primeiro álbum autoral – “Pra Falar de Coisas Simples”, gravado em 2011, a douradense Giane Torres subiu ao palco das Américas com a missão de iniciar a noite musical desta sexta-feira no Festival. E o público se aconchegou no som doce e ao mesmo tempo potente da artista e dos músicos.
Com excelente produção, as composições abusam do bom gosto. O resultado são músicas que passeiam pelas mais diferentes influências, como soul, jazz e funk, mas com base sólida na MPB. Um som de personalidade, ainda mais maduro que o show apresentado em 2010, em sua primeira vez no Festival América do Sul.
Metido a besta profissional – Paulinho Moska é um artista multimídia, como se costuma definir. E como todo grande profissional, faz tudo com qualidade acima da média. E seu trabalho á a arte. Ator, músico, compositor, escritor, fotógrafo e apresentador de TV, Moska une tudo no mesmo balaio.
Formou-se em teatro pela CAL, atuou no cinema, cantou na orquestra de vozes “Garganta Profunda” entre os anos de 84/86 e integrou o grupo “Inimigos do Rei” entre 87/90. Com o sucesso de hits como “Uma Barata Chamada Kafka” e “Adelaide”, percorreu o Brasil (foram mais de 250 apresentações em 2 anos). Em 91 saiu da banda e começou a se dedicar à carreira solo. Desde então lançou 7 discos autorais e 2 registros de shows ao vivo: no Teatro Rival (1997) e no Teatro da Caixa/Brasília (2007).
Pouco antes do show, que fez 15 mil pessoas cantarem junto seus sucessos, Moska explicou como é atuar em áreas tão diversas. “Sinto que comigo tudo tem ligação. Faço um programa que contempla música. Componho letras baseado em experiências como fotógrafo. Mas sou ator de formação e acho que no fundo todo músico é um ator. Então para mim é tudo muito ligado. Me considero um metido a besta profissional”, explica com bom humor.
Amigo de Moska, Kevin Johanson subiu em seguida ao palco para apresentar batidas sul-americanas misturadas ao rock e letras bilíngues que uniram português, inglês e espanhol. Nada de confusão. O público entendeu e aplaudiu a proposta de música universal apresentada pelo artista.
Filho de mãe argentina e pai americano, Kevin nasceu no Alasca, passou a juventude na Argentina e viveu intensamente as culturas do mundo. Toda essa vivência forjou sua música. O rock tem pegada forte, a música andina está presente com sua delicadeza marcante e até a MPB aparece lá e cá, como um certificado de brasilidade do artista.
Ao fim das apresentações, Moska e Kevin cantaram juntos Lágrimas de Diamantes, criando um sotaque único que se misturou com as vozes da plateia. Português com pegada castelhana, guarani, tudo junto numa só voz.
Margareth Menezes subiu ao Palco das Américas na sequência colocando o público para dançar no fechamento do segundo dia do Festival América do Sul. E logo na canção de abertura – Na Ponta do Pé, composta pela própria cantora – definiu a essência de sua música: “É o som que vem lá da África, Que mistura leite com café”.
Com raízes fincadas na Bahia, Margareth abusou do balanço do Axé mostrando porque é considerada expoente do gênero musical e respeitada intarnacionalmente. Não há pausas. A batida e o balanco não param. Com isso é impossível ficar parado. O público agradece.
Porém a surpresa veio em outros versos: “É preciso amor pra poder pulsar. É preciso paz pra poder sorrir. É preciso a chuva para florir”. Sucesso com o sul-mato-grossense Almir Sater, a música Tocando em Frente é como que um abre alas cultural do Estado. Na voz poderosa de Margareth tornou-se uma homenagem da cantora ao público, encerrando com emoção um Festival que disse adeus ao frio.
Por: Da Redação