Tapetes que valem de R$ 60 a R$ 280 e podem decorar qualquer canto da casa são a nova produção de 20 artesãs ladarenses que acabam de se formar no curso do Projeto Fred, uma parceria da Vale com a Prefeitura, dentro do programa Geração de Renda da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania. Elas receberam os certificados de conclusão de curso na noite de quarta-feira, 01 de agosto, na sede do Lions Clube de Ladário, após três meses de aulas na Associação dos Militares da Reserva da Marinha, no bairro Alta Floresta I . As aulas foram aplicadas pela instrutora Rosângela Leal e pelos artistas plásticos Rodrigo Mogiz e Cícero Miranda, enviados pela Vale especialmente de Contagem, Minas Gerais, onde o projeto foi criado.
A arte e o comércio de tapetes podem mudar a vida de artesãs como Adelma Cadello, boliviana radicada há sete anos no bairro Nova Aliança em Ladário. “Eu era apenas manicure, mas agora como artesã devo aumentar meus ganhos”, afirmou, ao lado dos dois filhos e à frente dos tapetes que acaba de tecer no curso e que já estão à venda. Os tapetes começaram a ser vendidos nesta quinta-feira em um “chá das cinco” com exposição promovidos pela secretária municipal de Assistência Social, Jane Contu, na sede do Lions. “O que as novas artesãs precisam agora é de muito apoio e estímulo para vender toda a sua produção, este é o objetivo do programa Geração de Renda”, justificou Contu.
A manicure Vanelise de Jesus Souza, até aqui, se limitava a fazer unhas, mas agora como artesã formada pelo Projeto Fred já conta com a produção de dois tapetes e está preparada para a primeira venda. “Vai ajudar bastante, é um novo horizonte”, afirmou, segurando dois bebês das amigas que compareceram na sua formatura. Esta é a primeira etapa do Projeto Fred, desenvolvido pela Vale em outros 23 municípios e que tem como meta a inclusão social. Em Ladário, quase todas as formandas são cidadãs de baixa renda, inscritas no programa Bolsa Família e moradoras dos bairros Alta Floresta I e II e Nova Aliança, parte alta da cidade.
Trama sem nó é a técnica
As irmãs Laudicéia e Luiza Lima Vieira conseguiram inscrição entre centenas de candidatas – havia apenas 22 vagas e fila de espera no curso – se especializaram em tapeçaria e aprenderam a técnica “trama sem nó”, artifício criado pelo mineiro Ivã Volpi em que os retalhos são presos numa tela específica sem a necessidade de serem amarrados, característica que torna o produto mais sofisticado, sem o realce do nó. Emocionada, Luiza representou as colegas durante um breve discurso de formatura no Lions.
A matéria prima não pode comprometer o orçamento das artesãs. Os tapetes são feitos com retalhos de tecido, tudo reciclado, resultantes de doação. Os retalhos entrelaçados formam imagens decorativas com diferentes temas.. Os valores são interessantes para quem produz e revende: um tapete pequeno custa R$ 60, um médio R$ 150 e um grande R$ 280. Os tapetes servem para decorar pisos e paredes de quartos e salas. As telas trazem releituras de obras de Portinari, Guignard, Adriana Varejão e outros mestres. Os alunos seguem o desenho traçado pelo artista plástico.
Participaram da entrega dos certificados a secretária municipal de Assistência Social e Cidadania, Jane Contu; a gerente de comunicação e relações institucionais da Vale, Letícia Franco de Oliveira; o vice- presidente da Associação de Militares da Reserva da Marinha, Luiz Carlos Radiche; a idealizadora do projeto, Andréa Ambrósio; e a monitora Rosângela Leal. Foi exibido um vídeo institucional da Vale contando a trajetória do curso em Ladário.
Projeto surgiu na penitenciária
O Projeto Fred surgiu em 1998 na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, Minas Gerais, onde durante dez anos esteve detido Fred, o irmão de Andréa Ambrósio. Ele era dependente de drogas e foi preso acusado de participar de um assalto. Como apoio ao irmão no momento mais difícil da vida dele, Andréa desenvolveu no presídio as aulas de tapeçaria, que acabaram se transformando em terapia ocupacional e geração de renda para Fred e muitos dos companheiros de detenção. “O resultado do projeto me ensinou que, nessa vida, nunca devemos abandonar uma pessoa querida, devemos mantê-la sempre próxima, porque sempre haverá uma esperança de reabilitação; julgá-la e expulsá-la do nosso convívio não é o caminho”, afirmou Andréa. O Projeto Fred atende em média 890 trabalhadores por ano e já beneficiou 24 mil famílias desde sua criação. Após a conclusão do curso, os trabalhos ficam em exposição para comercialização. O curso continua sendo aplicado até hoje nas celas da Penitenciária Nelson Hungria. (Nelson Urt/Assessoria de Imprensa)
Por: Da Redação