Uma noite de despedida embalada pela elegância da viola, a batida sincopada argentina e a excelência da MPB. O Festival América do Sul deu até logo para cerca de 35 mil pessoas que estiveram na praça Generoso Ponce em apresentações especiais de Marcos Assunção, Orquesta Jungla e Milton Nascimento.
O frio foi um ingrediente especial para uma noite com um clima de romântico. Romantismo da viola, que ganhou contornos diferenciados e exclusivos quando colocada como atração principal de um grupo instrumental perfeccionista. Romantismo que ganhou em vivacidade com um arranjo que incorpora batidas sul-americanas, uma guitarra jazzística e um vivo naipe de metais. Romantismo nas letras, na voz e na emoção de um ícone.
Impecável. O show de Milton Nascimento, rico em detalhes, é extremamente elaborado, desde o palco até a sonorização. Tudo para que se sobressaia apenas sua melodia. Rica em letra e harmonia.
Milton completou 46 álbuns lançados em 2010, com “E a Gente Sonhando” São mais de mais de quinze milhões de discos vendidos na carreira. A gente percebe a grandiosidade disso tudo ouvindo clássicos como Bola de Meia, Bola de Gude: “Há um menino; Há um moleque; Morando sempre no meu coração; Toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão”. Ou então Caçador de Mim: “Por tanto amor; Por tanta emoção; A vida me fez assim; Doce ou atroz, manso ou feroz; Eu caçador de mim”. Ou a maior de todas: “Amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves. Dentro do coração…”
Poesia e melodia que fez Milton acumular quatro prêmios Grammy, além de gravar e se apresentar com artistas como Wayne Shorter, Mercedes Sosa, Sarah Vaughan, Peter Gabriel, James Taylor, Joe Anderson, Paul Simon, Duran Duran, Pat Metheny, Bjork, Esperanza Spalding e Jason Mraz.
Antes de Milton quem apresentou um novo conceito ao público de Corumbá foi a Orquestra Argentina Jungla. Uma mistura de jazz contemporâneo com batidas de tambores latino-americanos e metais que lembram em parte a música soul.
Esta mistura de bom gosto tomou forma há 5 anos. Segundo os integrantes, explora a poderosa combinação da percussão tradicional, em parte inspirada nas batidas do oeste africano, com instrumentos de sopro, violões e baixos elétricos. Os músicos fazem a interpretação de um repertório de diversos gêneros da América com raíz negra, como o reggae e o jazz.
Em uma apresentação festiva e com a intensidade do ritmo e a improvisação, o resultado é um show com energia e colorido.
A abertura da noite, a cargo de Marcos Assunção, colocou a viola em destaque. E que no show ganhou novos contornos. Lidera os demais instrumentos com timbre doce, ardente em alguns momentos, onipresente.
O show evocou o trabalho gravado em 2011, “Eu, a Viola e Eles”, que recebeu investimento do Fundo de Investimentos Culturais de Mato Grosso do Sul (FIC/MS). A sonoridade da viola é acompanhada por instrumentos contemporáneos, como a percussão, contra-baixo, guitarra semi-acústica, violão e flauta transversal.
Um som de extremo bom gosto, montado por um artista com um intenso trabalho de pesquisa musical que abrange clássicos do erudito e da música popular. Um show em que Marcos Assunção apresenta nossa cultura em uma noite marcante. De até logo.
Por: Da Redação