O balanço dos diferentes ritmos apresentados pelos peruanos Laura Valle & Sergio Valdeos, pelo grande Lulu Santos e pela banda sul-mato-grossense A Zaga espantou a chuva que ameaçou aparecer e reuniu cerca de 30 mil pessoas na praça Generoso Ponce neste sábado, durante a terceira noite do Festival América do Sul.
O som mistura o lamento cativo com balanço de tambores. É como um samba mais contido e, para ouvidos menos treinados, soa bem brasileiro. Mas o show Afro Peruano, apresentado por Laura Valle e Sergio Valdeos, respectivamente na voz e violão, acompanhados pelos percursionistas Edison Mego e Jose Maria Castañeda, abriu a noite com uma batida que cativou o público que se reuniu em frente ao palco das Américas.
Sincretizada dentro da chamada “cultura criolla”, onde também conflui a cultura espanhola e indígena, a cultura negra peruana percorre a costa peruana do sul ao norte, fazendo parte de um folclore muito rico, como o brasileiro.
Essas coincidências entre as culturas aparecem no som mostrado pelo grupo. Em uma mistura do nosso jongo, o pai do nosso samba, com a música castelhana e instrumentos andinos é possível perceber o sincretismo presente. A dupla peruana enfocou no seu repertório um enfoque tradicionalista à tradição negra “Criolla”.
Lulu Santos assumiu o palco das Américas na sequencia, após alteração no cronograma de apresentações. E levou o público a dançar e cantar junto “Toda forma de amor”, “Apenas mais uma de amor”, “Tudo azul”, “Último romântico”, “Tempos modernos” e “Como uma Onda”, dentre tantos outros, que moldaram o show.
Escalado para o Festival em cima da hora após o cancelamento do show do Skank, Lulu manteve o astral do público nas alturas, como sempre, em um show que revisita os sucessos de uma carreira recheada de clássicos que ligam gerações, riffs que não saem da cabeça e uma batida que mescla o peso do rock a serenidade da MPB.
Com uma responsabilidade enorme, fechar uma noite de apresentações que teve como expoente nada menos que Lulu Santos, A Zaga não se intimidou. Com o enorme balanço de uma “cozinha” muito competente, manteve o público ligado em frente ao palco das Américas.
Misturando timbres, guitarras e tamborins, violinos, beats eletrônicos, funk e harmonia dissonante com um swing irreverente, o grupo formado Rodrigo Estrada no vocal, Leandro Perez nas guitarras, violões e vocais, Felipe Nahas na bateria, Luciano de Sá no contrabaixo e Tiko nas percussões e programações eletrônicas mostra enorme competência fazendo um som autoral permeado de suingue. Impossível ficar parado. Missão cumprida por uma banda sul-mato-grossense que mereceu todo apoio da plateia.
Por: Da Redação