O “Seu” Sebastião, cururueiro e mestre artesão vem confeccionando viola de cocho, em um espaço improvisado no quintal de sua casa, e conta com o auxílio do filho- neto. Desde então, vem encontrando dificuldades de extração da madeira (ximbuva ou sarã), que geralmente é encontrada fora do perímetro urbano, e com isso, surgiu à necessidade de testar outros tipos de madeira. E como em seu quintal havia um pé enorme de Seriguela, resolveu fazer o teste. E para isso, o seu trabalho foi desenvolvido, como sempre é, em conformidade com as normas ambientais com as devidas autorizações.
Ele já havia feito outros experimentos com o uso da madeira Amora Branca, mais conhecida na região como Taiúva (Maclura tinctoria) para fazer o tampo da viola e deu certo, porém só o fez uma única vez, não levando a ideia adiante. Essa primeira e única viola de taiúva, segundo ele, acabou sendo vendida.
A Taiúva é uma madeira moderadamente pesada, dura, flexível, com alta resistência ao ataque de fungos e cupins, é excelente para obras externas, na construção civil como caibros, vigas, tacos e tábuas para assoalhos, cabos de ferramentas, etc. É própria para plantios mistos em áreas degradadas e de preservação permanente.
Ele conta que já haviam testado a madeira do Cedro, que, aliás, deu viola boa, porém, não é utilizada devido a sua tonalidade bem escurecida, fazendo com que a estética da viola fosse ofuscada.
Outro motivo de testar madeiras diferentes e que estejam no perímetro urbano, é que a demanda de encomendas de viola e violinhas (chaveirinhos) vem aumentando, e para atender a essa demanda, ele precisa da matéria prima. Nada melhor do que a madeira da Seriguela, que é encontrada facilmente na cidade.
Seriguela ou Ciriguela é o nome de uma árvore da família das Anacardiáceas, como o cajá-manga (VIDE CAJÁ- MANGA), e também do seu fruto. É uma árvore de porte médio (até 7 metros), originária da América do Sul e Central, bastante comum no nordeste do Brasil.
A primeira viola pronta foi testada pelos mestres Vitalino Soares, José Cabral e João Damázio e o seu som foi efetivamente aprovado pelos três. Sua técnica inovadora é de bom gosto e encantou aos mestres cururueiros de Ladário.
Questionado respeito das diferenças entre a Ximbuva/ Sarã com a Seriguela, ele responde:
“A diferença é na cor, a viola da madeira da Seriguela sai bem branquinha e leve, e o som é bonito. Fácil de trabalhar. Já a viola feita com a Ximbuva ou Sarã, apresenta uma cor mais escura e não se pode aproveitar os galhos delas, enquanto que da seriguela, se os galhos derem o tamanho da viola, é possível aproveitar eles.”
Assim, “Seu Sebastião” tem usado a Seriguela para fazer as violas e tem dado certo. E afirma que continuará a utilizar a madeira da Seriguela não só para confeccionar viola, mas de uma maneira ampla. (Com informações da Acadêmica de História da UFMS e estagiária da Fundação de Cultura de Ladário, Daiane Lima dos Santos)
Por: Da Redação