A Associação de Mulheres Produtoras da APA Baía Negra, moradores da comunidade, bem como a Fundação de Turismo de Ladário, órgão vinculado à Prefeitura Municipal, e o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), por meio do programa Felinos Pantaneiros, realizaram um projeto-piloto envolvendo a coexistência entre ser humano e a onça-pintada na região de área de proteção ambiental. O trabalho foi realizado ao longo de três meses e no dia 29 de novembro, Dia Internacional da Onça-Pintada, 22 moradores receberam o certificado de “Amigo da Onça”. A atividade de encerramento ocorreu na sede da APA, em Ladário.
A presidente da entidade na comunidade, Virgínia Paz, destaca as atividades que foram construídas em conjunto. “Esse trabalho de três meses que a comunidade se engajou, reuniu parceiros para criar esse símbolo que é ‘Amigos da onça’. A gente vive dentro do Pantanal, convive com os animais, respeita o espaço deles, e eles vão respeitar o espaço da gente. Queremos uma convivência harmoniosa. Estamos dentro de uma área de reserva e a gente tem o dever de proteger esses animais. Aqui na APA Baía Negra a gente tem o privilégio de estar convivendo com a onça e a natureza.”
Por parte da Prefeitura de Ladário, a equipe que esteve envolvida foi o presidente da Fundação de Turismo Alexandre Orichuela, além do assessor executivo e gestor de projetos da autarquia, Alexandre Ohara, a acadêmica de Gestão Ambiental Valdinéia Santiago e a acadêmica de Sistema de Informação Lara.
O prefeito de Ladário, Iranil Soares, participou do evento de entrega dos certificados. “A APA Baía Negra é um diamante que temos em Ladário e a comunidade merece ver o desenvolvimento sustentável sendo praticado aqui. Nós, na prefeitura, dedicamos todos os esforços para apoiar as iniciativas da comunidade.”
As ações conjuntas foram desenvolvidas todas no território da APA Baía Negra, que fica às margens do rio Paraguai. No local, é comum o relato dos moradores sobre o avistamento das onças-pintadas. Além disso, há questões de conflito em algumas circunstâncias, como é o caso do ataque dos felinos a cachorros e outras criações na comunidade.
Para dar suporte a ações futuras de turismo e mitigar conflito entre moradores e onça-pintada, a equipe do programa Felinos Pantaneiros apresentou para comunidade medidas que poderiam ser realizadas. Houve uma avaliação dos moradores e foi definido a implantação de um projeto-piloto de monitoramento das onças-pintadas na região, bem como a realização de conversas para informar o comportamento típico desses felinos e aumentar o conhecimento local.
“Foram três ações, uma por mês, que aconteceram na APA. Todas com a participação da comunidade. O objetivo principal foi elaborar uma cartilha sobre a coexistência entre os moradores da APA Baía Negra e as onças-pintadas na região. Uma cartilha que foi montada por eles, e em cada uma dessas ações mensais foi feita uma explanação. Apresentamos estratégias que já foram testadas em outros lugares do planeta e até mesmo do Pantanal, com relação à coexistência entre onças e pessoas, como é o caso do repelente luminoso, a cerca elétrica. A cartilha é um resultado de todo esse trabalho”, explicou o médico-veterinário e coordenador do Programa Felinos Pantaneiros do IHP, Diego Viana.
Para realizar o estudo a partir do conhecimento local, foi feito monitoramento de um mês com armadilhas fotográficas em locais indicados por moradores, que mapearam o território. Nesse estudo, houve o registro de onça-pintada e outras espécies, o que serviu para garantir uma comprovação técnica da presença do maior felino das Américas na comunidade.
Também se desenvolveu moldes da pegada de onça-pintada e foi construída uma cartilha de orientação sobre a coexistência entre a espécie e o ser humano. O trabalho foi realizado ao longo de três meses, com reuniões, palestras, rodas de conversas e ações de campo com o apoio dos moradores.
A elaboração da cartilha contou também com o apoio da empresa de siderurgia Vetorial e da Sauá Consultoria Ambiental.
Sobre o IHP
O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e preservação do bioma Pantanal e da cultura local.
Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.
Os programas que o Instituto atua são Rede Amolar, Cabeceiras do Pantanal, Amolar Experience, Felinos Pantaneiros, Memorial do Homem Pantaneiro, Brigada Alto Pantanal e Estratégias para Conservação da Natureza. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/. O IHP também integra o Observatório Pantanal.
*Comunicação PML / Com Assessoria de Imprensa do IHP