O deputado e 1º secretário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), Paulo Corrêa (PSDB), repudiou nesta manhã (26) recente declaração do CEO do grupo Carrefour, que afirmava que a varejista se comprometia a não comprar e revender carnes do Brasil e Mercosul. “Ficamos muito mal impressionados com o grupo Carrefour. Muito decepcionado até porque, quem pode falar da qualidade da carne do Mato Grosso do Sul é a China, não é a França, que compra apenas 3% da carne do Estado. É muito estranho a França querer queimar nosso produto. A França é um País que não sabe produzir carne, tem o subsídio do Governo. Aqui é feito na raça, e a nossa carne é muito melhor, senão não vendíamos para o mercado chinês”, ressaltou.
O deputado ainda destacou o cuidado com sanidade do rebanho. “Hoje somos livres da febre aftosa, e sem vacinação, e todo esse esforço começou com o governador Zeca do PT, continuou com André Puccinelli, Reinado Azambuja e agora, Eduardo Riedel. O grupo de líderes empresariais (LIDE) tem feito e mostrado em nosso Estado o desenvolvimento, inclusive para vender a nossa carne. Quero lavrar o meu repúdio em ata, em nossa Casa, porque o embaixador da França no Brasil tem que se explicar. A nossa senadora Tereza Cristina [PP] também já cobrou um posicionamento. Eu entendo que deve haver uma desculpa formal, e se esse CEO não tem nada para falar, não deveria falar”, continuou Paulo Corrêa.
“Um momento estranho, o dessa declaração, justo em que o Mercosul está assinando com a União Europeia um convênio para a gente abrir o mercado. E o francês tem medo de nossa carne chegar lá, porque eles vão gostar e vão começar a comprar a carne do Brasil, da Argentina e de todo o Mercosul. Isso gerou um boicote aos supermercados do grupo Carrefour em não vender os produtos internos nossos a eles. Devemos lembrar que a maior operação do grupo Carrefour é na França e a segunda maior é aqui. Devemos redigir esse repúdio [Moção de] em nome da Casa. Temos que pressionar sim, deixar registrado como um protesto, não podemos deixar barato porque o agronegócio precisa ser valorizado e reconhecido”, concluiu Paulo Corrêa, dirigindo-se ao deputado Junior Mochi, no aparte.
O deputado Junior Mochi (MDB) havia apresentado durante a sessão plenária de hoje, Moção de Repúdio sobre o tema. “Entendo que tem que ser em nome da Casa, realmente pois estamos aqui defendendo o interesse de Mato Grosso do Sul e de nossa economia. O mercado francês não representa quase nada em termos de importação de carne. Nas palavras do CEO do Carrefour, ele deixa dúvidas quanto a sanidade de nosso rebanho, e com isso obviamente pode desencadear um problema, justamente que o Mato Grosso do Sul e Brasil como um todo combate há muitos anos, que a questão da sanidade dos nossos animais e a febre aftosa. Acho que essa é a questão mais relevante desse momento. Acho que a Casa tem, sim, que se manifestar. Foi muito importante o levante por parte das autoridades brasileiras, do Brasil como um todo, que se manifestou”, frisou.
O deputado Zé Teixeira (PSDB), 2º vice-presidente da ALEMS, afirmou que a briga de mercado é o viés principal desse assunto. “Isso nada mais é do que a briga internacional sobre mercado. O que está havendo na França, e o Carrefour acompanhou os empresários do agronegócio francês, em fazer essa chantagem. Eu quero parabenizar o ministro da Agricultura brasileiro. Se a carne brasileira, ou do Mercosul, não está em garantia de sanidade para ir para a França, não justifica os produtores rurais [nossos] venderem para os mercados que estão aqui no Brasil. O ministro apoiou o boicote brasileiro, já que a carne tem dificuldade de sanidade para os franceses, não fornecer a carne para o Carrefour no Brasil, é uma coisa muito lógica”, disse.
O deputado Pedro Kemp (PT), 2º secretário da Casa de Leis, também destacou os motivos que permeiam a polêmica. “Me parece que essa polêmica toda tem haver com os interesses dos produtores da França, que estão fazendo um movimento para que não se intensifique essa relação com o Mercosul. E, esse boicote do Carrefour, hoje eu vi uma notícia pela manhã, que ele já estaria fazendo uma retratação, justamente porque isso causou um mal-estar na relação entre os dois países, e também entendendo que não adianta brigar com um mercado do País, do tamanho do Brasil. Acredito que a polêmica vai se resolver já que elas passam por outros interesses de mercado”, concluiu.
O deputado e presidente da Assembleia Legislativa, Gerson Claro (PP), reforçou o papel institucional da Casa de Leis na defesa dos interesses de Mato Grosso do Sul e do Brasil. “Como sempre essa presidência buscando cumprir esse papel institucional e democrático, vamos receber a moção e fazendo ela pela Casa, mas tomando cuidado para que o diálogo seja privilegiado. Queremos resolver o problema daqui para a frente. Cabe a nós como instituição, defender os interesses do Brasil e do Mato Grosso do Sul, para que nossos mercados, País e economia continuem progredindo”, definiu.
*Agência ALEMS