A soma de todos os produtos agrícolas a serem colhidos em Mato Grosso do Sul neste ano deve chegar a 70,57 milhões de toneladas. Se isso for concretizado, o volume será 10,51% superior ao apurado no ano passado, representando uma forte recuperação do setor após três anos em queda na produção. Os dados estão na Carta de Conjuntura da Agropecuária elaborada pela Coordenadoria de Economia e Estatística da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), com base no LSPA (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A área plantada também teve ligeira elevação, passando de 6,92 milhões para 6,97 milhões de hectares. O que deve provocar, portanto, o aumento no volume colhido é a melhor produtividade das lavouras, beneficiadas pela regularidade de chuvas verificada até o momento. O levantamento mostra que Mato Grosso do Sul mais que dobrou a área ocupada pela agricultura nos últimos 17 anos.
O ritmo de expansão das lavouras tem diminuído nos últimos anos, restringindo-se às áreas degradadas ocupadas pela pecuária, ressalta o secretário da Semadesc, Jaime Verruck. “Importante frisar que essa pressão da agricultura não se dá sobre nossas áreas remanescentes de mata nativa e sim naquelas áreas que eram ocupadas pela produção bovina e precisam ser recuperadas.”
A cana-de-açúcar é o produto com maior impacto no volume de produção agrícola, devendo atingir 44,7 milhões de toneladas, aumento de 9,83% em relação à safra passada, sem registrar variação na área plantada. Em seguida aparece a soja (13,11 milhões de toneladas), com aumento de 53,58% em relação ao volume colhido com o grão no ano passado e área 3,63% maior. Já a produção do milho deve fechar em 11,03 milhões de toneladas (1ª e 2ª safras), com redução de 14% em relação ao volume da safra anterior e pequena retração (-1,29%) também na área plantada.
Com relação à pecuária, o setor de aves deve apresentar o maior aumento no plantel de um ano para outro, passando de 150 milhões para 247 milhões de cabeças, variação de 64%. Aumento previsto também no rebanho suíno, de 1,662 milhão para 1,7 milhão de cabeças (+3,39%). O rebanho bovino deve ter ligeira queda (-2,82%), passando de 18,3 milhões para 17,8 milhões de cabeças. A quantidade de peixes criados em cativeiro tende a se manter praticamente estável de um ano para o outro, com 1,54 bilhão de cabeças, incluindo alevinos.
O aumento na produção reflete ainda na alta do Valor Bruto da Produção agrícola, que em 2023 deve atingir R$ 57,14 bilhões em Mato Grosso do Sul, variação positiva de 15,88% em relação ao total do ano anterior. Soja e milho representam 83,33% desse valor. Já o Valor Bruto da Produção pecuária deve ter redução de 7,93% nesse ano, fechando em R$ 19,97 bilhões. A produção de bovinos responde por 71,35% desse valor.
*João Prestes, Imasul / Foto: Saul Schramm