A Polícia Federal informou que já concluiu os dois laudos solicitados pela Justiça Eleitoral para concluir as investigações sobre abuso de poder político por parte do governador André Puccinelli (PMDB). A juíza eleitoral da 8ª Zona, Denise Dódero, deve abrir prazo para as alegações finais das partes e em seguida proferir a sentença.
A ação é movida pelos partidos PP, PT e PSDB e tem como base o vídeo divulgado pelo Midiamax em que Puccinelli aparece anotando opção de voto dos servidores. Apesar de o governador insistir em questionar a veracidade do vídeo, laudo do perito Ricardo Molina confirma a veracidade das denúncias.
Segundo informação afixada no mural 8ª da zona eleitoral, todas as testemunhas de acusação foram ouvidas. Já os advogados de defesa desistiram de suas testemunhas. Segundo o advogado do PT, Ronaldo Franco, provavelmente a juíza deve estar aguardando a chegada da perícia do vídeo, que foi solicitada à Polícia Federal.
“Até o momento não tenho informações de que essa perícia tenha sido concluída. O que consta é que o pedido de perícia foi feito a PF”, declarou. Como o processo corre em segredo de Justiça, o advogado não pode passar informações sobre o conteúdo da ação.
Já a Polícia Federal informou que a perícia foi concluída nesta segunda-feira (5) e possivelmente será encaminhada ainda hoje (6) à Justiça.
Com isso, o próximo passo na investigação será a juíza abrir prazo – que via de regra é de cinco dias – para ouvir as alegações finais da acusação (partidos políticos) e depois da defesa (governador e os beneficiados pela ação de Puccinelli: Edson Giroto, Dagoberto Nogueira e os vereadores citados no vídeo, Carla Stefanini, Edil Albuquerque, pastora Marta, Cícero Ávila e Otávio Trad).
Após as últimas considerações, a juíza Denise Dódero deve proferir a sentença. De acordo com o advogado do PP, Lênio Ben-Hur, não há como prever as penas para os envolvidos. “O governador e Giroto têm foro privilegiado. Já no caso dos vereadores e de Dagoberto as investigações se concentram pelo Estado mesmo. A verdade é que não tem como saber ao certo. Tudo vai depender da sentença”, concluiu.
Ação foi protocolizada na Justiça com apoio de centenas de pessoas
Centenas de pessoas protestaram em frente à sede do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul), no dia 24 de agosto, contra ato de Puccinelli em reunião com servidores. Na ocasião, em repúdio ao ato do governador, os candidatos de oposição protocolizaram a representação na 8ª Zona Eleitoral, pedindo que a Justiça investigue e tome providências em relação a vídeo divulgado pelo Midiamax.
Munidos de cartazes, faixas e apitos, os cidadãos acompanhavam os políticos e gritavam por “justiça”, pelo “fim do autoritarismo” e do “voto de cabresto”. “Chega de impunidade”, “Democracia já”, “O povo não é gado, Campo Grande não é curral”, destacava alguns dos cartazes.
Perito Ricardo Molina confirma coação em reunião comandada por Puccinelli
Mesmo com a insistência de Puccinelli de questionar a veracidade do vídeo, o perito Ricardo Molina confirmou a ameaça aos servidores, por parte do governador. Em reunião, o chefe do executivo afirma que iria exonerar quem não participasse do encontro para declarar voto em favor do candidato derrotado, Edson Giroto (PMDB).
O laudo de Molina, publicado pelo Midiamax, confirma que é de Puccinelli a fala “vai exonerando”, expressada logo após a constatação de que a servidora Tais Maluf Meira não havia comparecido à reunião. O perito é taxativo ao afirmar que a expressão foi proferida pelo governador, o que derruba a tese de que se tratava de reunião na qual os servidores teriam comparecido de forma espontânea, como justificaram correligionários do chefe do executivo.
Após repercussão negativa da divulgação do vídeo, o governador passou a acusar o Midiamax de ter manipulado o material exibido. Contudo, o relatório da análise científica realizada pelo Instituto do professor-doutor Ricardo Molina confirmou que o Midiamax não manipulou o vídeo. Segundo o documento “não foi encontrado, ao longo de toda a gravação periciada, qualquer indício de manipulação fraudulenta. A gravação pode ser considerada autêntica para todos os fins periciais”. (Midiamax)
Por: Da Redação