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Novas escutas mostram investigados em hospitais ‘enganando’ a CGU

 

Autoridades e médicos do Hospital do Câncer (HC) e Hospital Universitário (HU), em Campo Grande, tentavam enganar a Controladoria-Geral da União (CGU), conforme escutas telefônicas captadas durante investigação da Polícia Federal (PF), Ministério Público e CGU. Denúncia foi mostrada em reportagem do MSTV 2ª Edição desta segunda-feira (6).

Segundo as investigações, os diretores do HU sabiam que estavam sendo investigados e tentavam enganar os auditores. Em uma conversa gravada pela PF em 29 de agosto de 2012, o ex-diretor do HU, José Carlos Dorsa, admite a estratégia. “Porque está esse pessoal aqui da CGU, auditando tudo aqueles processo, tudo coisa relacionada à cardiologia. Aí não marcaram nenhuma cirurgia. Aí, como é que está? Eu estou aqui enganando esse pessoal.”

A chefe da CGU em Mato Grosso do Sul, Janaina de Faria, explicou que, até agora, já foi confirmada fraude na aplicação de R$ 973 mil no HU. Segundo ela, o valor pode ser maior.

Durante a operação Sangue Frio, foram apreendidos documentos para evitar que as provas sejam adulteradas. Os auditores da CGU já começaram a analisar o material.

Hospital do Câncer

Desde o início da operação, 17 pessoas foram demitidas ou pediram demissão no Hospital do Câncer. Entre elas está Betina Siufi, ex-administradora da unidade e filha de Adalberto Siufi, ex-diretor do hospital.

Em conversa gravada no dia 19 de novembro de 2012, Adalberto Siufi alerta a filha sobre as investigações.

Adalberto: Você liga lá no hospital, que o pessoal da CGU anda enchendo o saco lá da Lana.
Betina: Tá, falou, beijo.

Pelas investigações da Polícia Federal, Lana Machado Macedo, responsável pelo faturamento do hospital, tinha acesso aos documentos e, diante da auditoria, não queria entregar todos os relatórios pedidos pela CGU.

Lana: O pessoal tá aqui, do CGU, né! Aí vieram com ofício, eles queriam relatório de 2008 a 2012 da doutora Rafaela, doutor Fabricio, doutor Adalberto e doutor Issamir. Aí eu imprimi só consulta, Betina.

Betina: Tudo bem!

Lana: Aí, ele pediu para mim, falou assim: “E o faturamento geral?” Ele queria dos médicos. Tanto da produção ambulatorial como hospitalar, de 2008 pra cá. Eu falei: “Não, isso aí eu já não tenho!”

Betina: Não é pra entregar nada a eles, entendeu? Você entregou algum papel?

Lana: Não! Ele olhou aqui e passou no pendrive. Ele tá com ofício! Eu também fiquei assim, preocupada, porque eles vem do nada!… A gente fica preocupada de passar alguma informação errada.

Segundo a chefe da CGU no estado, sonegar informações ou alterar documentos também são crimes.

Outro lado

A funcionária Lana Machado Macedo, que ainda trabalha no Hospital do Câncer, disse que fez mais de uma ligação para Betina sobre os documentos exigidos pela CGU e que nenhum documento foi sonegado. Lana não é investigada nesse inquérito.

Adalberto Siufi, que responde pela filha, foi procurado para falar das novas denúncias, mas não foi encontrado. Já o ex-diretor do HU, José Carlos Dorsa, foi procurado em sua clínica em Campo Grande, mas não retornou as ligações. (G1-MS)

 

Por: Da Redação