Índios da etnia terena voltaram a ocupar, nesta sexta-feira (31), a sede da fazenda Buriti, em Sidrolândia, a 70 km de Campo Grande. Segundo o coordenador local da Fundação Nacional do Índio (Funai), Jorge das Neves, cerca de 250 indígenas chegaram à sede da propriedade por volta das 11h e estão montando barracas.
Um dos acessos à fazenda tinha sido bloqueado pelos terena, conforme informação do comando-geral da Polícia Militar (PM).
Em entrevista na tarde desta sexta-feira (31), o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Eduardo Riedel, confirmou a nova invasão na fazenda Buriti. Segundo ele, os índios atearam fogo no mangueiro, destruíram o restante do imóvel e queimaram pontes de acesso à propriedade.
Riedel considerou “uma fatalidade” a morte que ocorreu no confronto entre índios e policiais durante a reintegração de posse da fazenda. “Não estamos defendendo uma guerra armada”, garantiu. A entidade diz ter conhecimento de movimentação de indígenas de outras etnias em direção à Buriti.
A nova ocupação da fazenda ocorre um dia após o confronto entre os terena e policiais federais e militares durante a reintegração de posse da área. Na ocasião, um indígena de 36 anos morreu; vários índios e quatro policiais ficaram feridos. O grupo da etnia terena havia deixado a área na tarde de quinta-feira (30).
Disputa judicial
A fazenda Buriti está em área reivindicada pelos índios em um processo que se arrasta há 13 anos. A terra indígena Buriti foi reconhecida em 2010 pelo Ministério da Justiça como de posse permanente dos índios da etnia terena. A área de 17,2 mil hectares foi delimitada, e a portaria foi publicada no Diário Oficial da União. Mas até hoje a Presidência da República não fez a homologação. O relatório de identificação da área foi aprovado em 2001 pela presidência da Funai, mas decisões judiciais suspendem o curso do procedimento demarcatório.
Em 2004, a Justiça Federal declarou que as terras pertenciam aos produtores rurais. A Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério Público Federal recorreram. Em 2006, o Tribunal Regional Federal modificou a primeira decisão e declarou a área como de ocupação tradicional indígena. Produtores rurais entraram com recurso e conseguiram decisão favorável em junho do ano passado. (G1-MS)
Por: Da Redação