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Governo e empresários cobram medidas do governo federal e mostram otimismo no setor sucroenergético

 

O Governo do Estado, empresários e a Prefeitura de Dourados abriram na noite de ontem (2) a sétima edição do Congresso da Cana de Mato Grosso do Sul e a terceira Feira Sucroenergética e Metalmecânica – Canasul & Agrometal. Ao mesmo tempo em que têm preocupações pelas dificuldades atuais do setor, os organizadores – tanto as empresas, os parceiros, quanto o poder público – mostraram otimismo com o impacto positivo que essa indústria tem proporcionado ao desenvolvimento regional. Também cobraram do governo federal medidas que consideram urgentes para valorizar o setor, desde a área agrícola, até o preço do etanol produzido.

O governador André Puccinelli lembrou que Mato Grosso do Sul vem investindo para superar a falta de estrutura que por muito tempo afastou investidores, e que essas melhorias, aliadas aos incentivos fiscais e tributários atraíram um grande número de empresas. O setor de açúcar, álcool e co-geração de energia foi uma das grandes apostas da atual gestão desde 2007 e respondeu com números positivos. “Entendemos que era preciso diversificar a matriz econômica e fizemos isso investindo no setor sucroenergético, na biomassa, nas florestas, na industrialização. Hoje estamos bem melhor que outros estados. Eram 11 usinas, hoje temos 25, sendo 22 em plena produção. Acredito que o ideal seria chegarmos a 40”, enumerou André, lembrando também o desempenho que o setor tem tido. “Elas aumentaram a moagem, fazem o mix de açúcar e álcool com a geração de energia – e o crescimento, graças também a este setor, fez com que passássemos de importadores para exportadores de energia elétrica. E para termos melhor logística de transmissão e pudéssemos equalizar potência conseguimos os linhões”, destacou.

Puccinelli defendeu ações do governo federal para aumentar a competitividade do etanol e apontou que é preciso estabelecer um diferencial de 30% – não menos – entre esse combustível e a gasolina. Ele ainda revelou que o Estado está estudando se é possível alguma ação econômica local que dê esse suporte competitivo ao setor, enquanto o Ministério da Fazenda não toma a decisão que o setor precisa.

Para André, a estabilidade do crescimento da indústria da cana em Mato Grosso do Sul vai ser ainda mais firme quando estiver totalmente ativa a rota interoceânica Atlântico-Pacífico, através do Chile. Assim como outros produtos, a produção sucroenergética pode ter aí um caminho mais rápido e barato para a Ásia e outros países do Pacífico. “Existe 1 bilhão e 400 milhões de pessoas na China; 1 bilhão e trezentos milhões na Índia; mais os japoneses, os coreanos. Mato Grosso do Sul já exporta muito de seus produtos para eles: 22% do nosso minério vai para lá, nossa soja vai muito para a China e abriremos brevemente as fronteiras das nossas carnes aos países asiáticos”, afirmou.

Polo industrial

Além de sediar o maior número de usinas, Dourados quer montar um grande polo industrial de equipamentos utilizados por estas empresas. Reafirmando a parceria nesse empreendimento, o governador André Puccinelli confirmou que ainda neste mês de outubro o Governo do Estado deverá fazer a escrituração da área para o núcleo industrial, que será passada à Prefeitura. O terreno vai ser destinado já contando com a infraestrutura básica de arruamento. “Com a área, a prefeitura poderá atrair mais empresas e consolidar esse grande projeto industrial do prefeito Murilo”, afirmou Puccinelli.

O prefeito Murilo Zauith afirmou que os prefeitos de cidades que viram as usinas chegar e promover o desenvolvimento sabem o quanto o setor hoje representa em seus municípios. “E nós, agentes políticos, temos uma responsabilidade. Se criamos um ambiente para elas virem, queremos que tenham sucesso, que sejam perenes e sintam-se cada vez mais fortalecidas”.

Otimismo

Apesar das preocupações pelo momento do setor, com dificuldades que incluem os prejuízos causados pela geada, os empresários compartilham o otimismo do governador com a indústria. “O governo acreditou no setor como fator de desenvolvimento e fez isso acontecer”, disse o presidente da associação de produtores de bioenergia (Biosoul), Roberto Hollanda Filho. Representante da Federação da Agricultura (Famasul), Eduardo Riedel revelou que serão investidos R$ 7 milhões na parte agrícola, voltados para capacitação de mão de obra, especificamente para o setor sucroenergético. “Os sindicatos rurais estão abrindo suas portas, a Embrapa também tem papel fundamental. Temos a obrigação dar competitividade a nossos empresários. Esse arranjo está sendo construído pela Fiems, em parceria com a Famasul, a Biosul e outros atores”.

Claudio George Mendonça, diretor-superintendente do Sebrae MS, destacou a importância da participação das pequenas empresas. “Elas estão sendo valorizadas nessa cadeia de produção. A rodada de negócios este ano vai ter mais de 60 empresas e expectativa de R$ 30 milhões em negociação com os pequenos fornecedores, fazendo com que consiga circular a riqueza que há na região”.

De acordo com o vice-presidente da Federação das Indústrias, Sidnei Camacho, a inauguração em dezembro da ampliação da unidade Sesi Senai em Dourados – investimento de R$ 10 milhões – também dará suporte significativo para o setor.

A secretária de Produção do Estado, Tereza Cristina Dias, observou que as cidades onde se instalaram as indústrias nessa fase de chegada mais forte do setor a Mato Grosso do Sul “só tiveram bons ‘problemas para resolver’”, com reflexos diretos em outros serviços e demandas positivas. “Casas, estradas, hotéis foram necessários, enfim, é o desenvolvimento chegando ao nosso estado”.

 

Por: Da Redação