A educação em Mato Grosso do Sul está à beira do caos devido à falta de professores. Antes, a carência era apenas de profissionais nas áreas de física e matemática. Hoje, faltam de física, química, matemática, biologia e até de português, informa Eduardo Botelho, presidente do Sintrae/MS (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino no Mato Grosso do Sul).
A falta de “estímulos financeiros” (salariais) é a principal causa dessa carência de profissionais no mercado. Segundo Eduardo Botelho, enquanto as escolas particulares e governos não se conscientizarem de que é preciso promover uma remuneração justa ao professor, esse quadro de carência só tende a se agravar.
Ricardo Froes, presidente da Fitrae MS/MT (Federação Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), vai mais longe, ele informa que mesmo professores recém-formados nessas áreas, acabam optando por exercer outras atividades fora das salas de aula, devido à baixa remuneração salarial.
“Veja a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), por exemplo, ela forma, anualmente, apenas uma meia dúzia, no máximo, de professores de física, química, matemática e mesmo esse número baixíssimo não integra ao mercado de trabalho devido aos baixos salários”, afirma Froes.
As duas lideranças sindicais não sabem precisar o número de professores de física, química, matemática, biologia… necessários para suprir o mercado hoje, “isto por que não temos nenhuma estatística”, justifica Froes, “mas sabemos que é grande o número de profissionais que o mercado necessita, e a situação tem-se agravado a cada ano. Não vai demorar para termos um colapso nas escolas”, afirma.
MIGRAÇÃO PARA O ESTADO
As escolas particulares, segundo os dois líderes sindicais, do Sintrae/MS e Fitrae MT/MS, têm perdido professores dessas áreas, a cada ano, principalmente para o Estado, que paga melhores salários e possui plano de saúde e estabilidade no emprego.
A maioria das escolas particulares de Mato Grosso do Sul paga o salário (mínimo) acordado em Convenção Coletiva de Trabalho entre as classes laborais e patronal. “O problema é que a maioria das escolas particulares de nosso Estado, por exemplo, não entende que esse salário que selamos em acordo com a classe patronal é um piso mínimo. Ou seja, o professor não pode ganhar menos que ele. O que não significa que não pode ganhar muito mais, como deveria, pelo seu valor como profissional formador de cidadãos e de futuros profissionais”, afirma Eduardo Botelho, presidente do Sintrae/MS.
Somente as grandes escolas, segundo o sindicalista, parecem ter essa consciência e acabam oferecendo maiores salários aos professores para mantê-los em seu quadro de funcionários, garantindo assim um melhor acompanhamento e formação de alunos.
Escolas públicas de Campo Grande também pagam bons salários, informa Botelho, mas poderia avançar muito mais. Mesmo assim, muitos professores de escolas particulares também migram para o ensino público da Capital, devido à melhor remuneração, estabilidade no emprego e plano de saúde.
“Mesmo assim, o professor está longe de ser reconhecido e valorizado salarialmente no mercado. É preciso pagar melhor e, também, oferecer melhores condições de trabalho dentro e fora de sala de aula”, afirma Froes.
Por: Da Redação