A mensagem dos médicos é clara: qualquer encontro de fim de ano, seja em festas de Natal e Ano Novo, por mais cuidado que se tenha, representa um risco de transmitir e contrair coronavírus.
“Não é momento de fazer grandes encontros de família, com reuniões com mais de dez pessoas”, defende Juliana Lapa, infectologista e professora da Universidade de Brasília (UnB).
Para quem decidir, mesmo assim, fazer um encontro presencial e quiser minimizar os riscos, especialistas indicam muito cuidado principalmente com a quantidade de pessoas (menor número de convidados possível, evitando os que não coabitam a mesma casa) e com a ventilação do ambiente.
A recomendação é aproveitar qualquer espaço ao ar livre: jardim, laje, varanda. Se não for possível, recomendam deixar todas as janelas da casa abertas.
Outros cuidados sugeridos pelos médicos são reduzir a duração das festas e usar máscaras todo o tempo possível, evitando gritar, cantar ou falar muito alto — para evitar espalhar mais gotículas potencialmente infectadas.
Na hora de comer, eles propõem um rodízio para sentar à mesa. Se houver duas pessoas que moram na mesma casa e outras duas que moram em outra, por exemplo, a sugestão é que comam em momentos separados.
Se houver duas mesas e dois núcleos familiares, a sugestão é que sentem cada núcleo em uma mesa, já que será necessário retirar a máscara para comer.
Antes do encontro, é recomendada atenção redobrada aos sintomas. Além disso, ficar 14 dias em quarentenas antes de se reunirem é o ideal, segundo os médicos. Se não for possível todo esse tempo, uma semana já ajudaria a diminuir riscos, segundo eles.
Outra sugestão, quando possível, é fazer o exame RT-PCR (cotonete) 72 horas antes da festa, para garantir que não é uma pessoa infectada assintomática.
Os riscos existem e são altos, dizem infectologistas
Em entrevista à imprensa, o infectologista Jaques Sztajnbok, supervisor da UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, foi radical. Ele sugere que as pessoas evitem festas de fim de ano em 2020. Segundo ele, nessas ocasiões é comum que “ao comer, todo mundo esteja sem máscara, conversando, falando alto, rindo e próximo — modos pelos quais a disseminação aumenta mais ainda. É um cenário perfeito para o contágio. Você acaba encontrando pessoas que não conviviam entre si, então a troca aumenta”.
“Se não houver segurança nesses encontros, que não sejam feitos. No fim das contas, o que interessa é a segurança e a saúde de todo mundo. Quando um familiar diz que o Natal é muito importante e quer muito encontrar a avó que não vê há muito tempo, eu falo: tudo bem, mas você quer que ela morra 15 dias depois, de uma doença evitável?”.
Sem meios termos, o infectologista é rigoroso nas palavras: “neste momento, quando a taxa de contágio está alta, eu acho que qualquer evento social — Natal incluído — não deve ser realizado da forma como fazíamos pré-pandemia. O risco é altíssimo”.
Seguindo a mesma linha de pensamento, Dr. Júlio Croda, professor da UFMS e infectologista da Fiocruz, disse recentemente ao Portal MS que não é favorável a reuniões e festas de fim de ano. “Eu, minha mulher e meus dois filhos de 9 e 12 anos passaremos Natal e Ano Novo em casa, sozinhos”. Segundo ele, é preciso dar o exemplo, principalmente porque os próximos dias podem ser “o pior momento da Pandemia desde seu início”. “Não podemos expor nossa família nem os nossos entes queridos”, conclui.
*Teresa Hilcar, Subcom/Fotos: Chico Ribeiro