O Projeto “Coleção Documentos para a História de Mato Grosso do Sul” coloca à disposição de professores, pesquisadores e instituições de ensino mais três publicações que ajudam a resgatar a história do Estado.
A terceira caixa de livros foi lançada pelo governador André Puccinelli e os integrantes da comissão de organizadores da Coleção, com reedições dos originais dos seguintes volumes: Ulrico Schimidl no Brasil Quinhentista; Na Era das Bandeiras, de Affonso Taunay; e À Sombra dos Hervaes, de Virgilio Correa Filho.
Em 2009 e 2010 foram lançadas as duas primeiras caixas, também com três livros.
A elaboração da Coleção tem o apoio do governo estadual e é coordenada por uma comissão que tem como membros o historiador e professor da Universidade Federal (UFMS) Gilson Rodolfo Martins, os professores Paulo Roberto Cimó Queiroz e Valmir Batista Corrêa, além do secretário de Fazenda do Estado, Mário Sérgio Lorenzetto. “Nós agradecemos muito, em nome da comunidade científica a publicação e a garantia da continuidade. Já são três blocos, de três volumes, e agora se perpetua enquanto houver fontes a serem publicadas, para o conhecimento do pensamento da História de Mato Grosso do Sul”, disse Gilson Martins.
O governador André Puccinelli destacou que o apoio ao projeto está inserido na missão de governo de fomentar e tornar acessível o conhecimento. “Cada vez mais o Executivo, como co-partícipe do Estado, deve fazer o papel que lhe cabe. Por isso também queremos essas publicações disponíveis nas escolas”, afirmou.
“A comissão optou por três títulos nesta caixa sempre tentando abarcar três períodos da nossa História e uma maior quantidade possível de regiões”, explicou Lorenzetto. Ele é o autor da apresentação do livro “Ulrico Schimidl no Brasil Quinhentista”, que resgata a trajetória do soldado alemão Schimidl em expedições que partiram da Europa e percorreram a América do Sul, vivenciado o período da primeira tentativa de fundação de Buenos Aires na Argentina, e chegando depois ao Pantanal. A publicação traz relatos das impressões sobre os indígenas que encontrou na região, as mulheres, as músicas, os ‘homens doentios’. “São três grandes aventuras, mas a História ainda vai ter que resgatar quem ele de fato era. O Ulrico criticava, tinha opinião, em nenhum momento ele prestava loas ao rei ou a autoridades”, citou Mario Sérgio, num resumo do que os pesquisadores vão encontrar na reedição que traz as andanças do alemão pelo hoje território sul-mato-grossense.
Em “Na Era das Bandeiras (1919)”, de Affonso Taunay, a história traz os registros detalhados do autor que “fez a primeira abordagem crítica científica que explica esse fenômeno que representou a ocupação da metade ocidental do País”, disse o professor Gilson Martins, responsável pela apresentação do livro. Filho do Visconde de Taunay, Affonso teve participação marcante na documentação do movimento bandeirista. Em 1922 chefiou as comemorações do centenário da Independência, e até o início da década de 1940 esteve à frente do Museu do Ipiranga. “Ele foi não só um grande historiador paulista, mas marcou o início da historiografia sul-mato-grossense, ao explicar como nos séculos 17 e 18 o Mato Grosso – e o hoje Mato Grosso do Sul – foram fazer parte do Brasil”, diz o professor.
As três caixas da Coleção estão ajudando a reforçar a disponibilidade de conteúdos que preenchem antigas lacunas na documentação disponível sobra a História Regional de Mato Grosso do Sul. Gilson Martins lembrou que a busca desses conteúdos careciam de verdadeiros garimpos bibliográficos, e que iniciativas como a da ‘Coleção’ abrem um novo cenário. “Estamos na segunda fase agora, a de democratização das fontes”.
No terceiro livro da caixa lançada agora, “À Sombra dos Hervaes”, de Virgílio Correa Filho, o leitor encontra a história da erva-mate. Segundo o professor da UnB e autor da apresentação do livro, Paulo César Freire, a publicação apresenta a origem dessa cultura marcante por uma perspectiva mais ampla, e contrapõe, por exemplo, o “’lugar comum’ de que esse ciclo começou com a [empresa] Erva Mate Laranjeira”. Filho de um ex-governador do período, o livro de Virgílio é também fruto da discussão e disputa políticas da época, detalha o professor.
Para o presidente da Fundação de Cultura do Estado, Américo Calheiros, a Coleção é importante na medida em que “volta os olhos para o passado, democratizando a bibliografia e o conhecimento histórico, e deixando para ao presente e o futuro a oportunidade de conhecer documentos tão importantes”.
Por: Da Redação