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Bancários devem entrar em greve a partir da próxima terça-feira

 

O Sindicato dos Bancários de Campo Grande e Região realizará nesta quarta-feira (12) Assembleia Geral Extraordinária às 18h30, para a discussão e deliberação acerca da contraproposta dos bancos em relação às reivindicações dos bancários nas negociações que começaram durante o mês de agosto.

“Os bancos frustraram as expectativas da categoria e não apresentaram nenhuma contraproposta aceitável na negociação com o Comando Nacional dos Bancários”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de Campo Grande e Região, Iaci Azamor Torres. Diante do impasse, o Comando definiu calendário de mobilização que aponta para a realização de assembleias nesta quarta-feira, para deflagrar greve por tempo indeterminado a partir do dia 18, próxima terça-feira.

Os bancos apresentaram proposta de 6% de reajuste (aproximadamente 0,7% de aumento real) o que descontentou o Comando Nacional que considera a proposta muito pequena frente à lucratividade dos bancos no último período.

Setores econômicos sem a mesma pujança do bancário estão concedendo aumentos reais acima da inflação. Somente os seis maiores bancos lucraram R$ 25,2 bilhões no primeiro semestre e provisionaram R$ 39,15 bilhões para devedores duvidosos, um aumento considerado exagerado para uma inadimplência que cresceu 0,7 ponto percentual no período.

O provisionamento para devedores duvidosos, PDD, é parte do lucro dos bancos transformado em ‘reserva’, caso haja inadimplência, porém o valor é retirado do lucro bruto, mascarando o lucro real.

“A lucratividade dos bancos nunca foi tão alta e ainda assim os banqueiros insistem e não aumentar as contratações de funcionários no caso dos privados e no geral, não aumentar satisfatoriamente o salário do trabalhador bancário”, afirma Iaci.

Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financiero (Contraf-CUT), a postura dos bancos para com os trabalhadores contrasta com a benevolência em relação a seus altos executivos. Dados fornecidos pelas próprias instituições financeiras à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) revelam que a remuneração média dos diretores estatutários de quatro dos maiores bancos (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander) em 2012 terá um aumento real de 4,17%, contrastando com a proposta de 0,7% para os bancários.

A remuneração total dos diretores dos quatro bancos soma este ano R$ 920,7 milhões, contra R$ 839 milhões em 2011. Cada diretor estatutário do BB embolsará este ano mais de R$ 1 milhão, os do Bradesco receberão R$ 4,43 milhões e os do Santander R$ 6,2 milhões. E no Itaú saltou de R$ 7,4 milhões em 2011 para R$ 8,3 milhões este ano.

“Vejam que situação perversa temos no Brasil. Aqui estão os maiores lucros dos bancos, inclusive dos estrangeiros, e também as maiores remunerações dos executivos. Por que os salários dos bancários brasileiros estão entre os menores?”, questiona Carlos Cordeiro.

 

Por: Da Redação