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Aproximadamente 20% dos operários das indústrias estão doentes

 

A exploração de jornada de trabalho e a falta de infraestrutura nos ambientes de trabalho são as principais causas de doenças ocupacionais nas indústrias de Mato Grosso do Sul e do Brasil. A opinião é do médico sanitarista e do trabalho e consultor em saúde do trabalhador do Sindicato Químico Unificado, Roberto Ruiz, que falou hoje cedo para lideranças sindicais de MS, PR, SC, RS, SP e GO, durante o 7º Fórum Sindical Sul, que está sendo realizado em Campo Grande.

Roberto Ruiz diz que “lamentavelmente” 20% dos trabalhadores nas indústrias de MS e do Brasil estão doentes. Ele afirmou também que o maior motivo de afastamento desses profissionais do trabalho é devido a problemas de saúde, principalmente a tendinite. O segundo motivo são os transtornos psíquicos (depressão, estresse…) e as lesões por esforço repetitivo (LER), que atinge um número cada vez maior de profissionais.

Lideranças sindicatis (sindicatos, federações e a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias – CNTI) estão preocupadas não apenas com as dificuldades de se estabelecer salários justos e condições dignas de trabalho, como também com os meios necessários e que precisam ser implantados nas indústrias, para que os trabalhadores não adoençam.

Não é à toa, segundo Roberto Ruiz, que entrou em vigor recentemente, há cerca de 15 dias, a NR 36, para os funcionários em frigoríficos. Segundo o médico, ela (NR) implica na instituição de uma folga de uma hora após uma jornada de 8 horas e 45 minutos.

Os números de doenças ocupacionais hoje no Brasil, segundo Roberto Ruiz, ainda estão longe de retratar a realidade, que é muito mais grave, segundo ele. Isto porque boa parte das indústrias não notificam os órgãos do governo, responsáveis por essa área (Previdência). Tanto é verdade que o governo se esforça para o cumprimento da Lei 8213/91 (Lei da Previdência Social), que obriga as empresas a notificarem casos de doenças ocupacionais nos seus quadros de funcionários.

O procurador do trabalho, Cícero Rufino Pereira, da Procuradoria Regional do Trabalho – 24ª Região/MS, vai mais longe e afirma que 30 a 40% dos trabalhadores em frigoríficos, por exemplo, “tem, tiveram ou terão problemas de doenças ocupacionais”, afirma.

EXPLORAÇÃO GAÚCHA

O deputado gaúcho Álvaro Davi, ligado ao movimento sindical dos trabalhadores nas indústrias daquele Estado, presente ao 7º Fórum Sindical Sul, afirmou que muitos empresários de seu Estado têm migrado para outras regiões do país, principalmente a região nordeste e Centro-Oeste, especialmente Mato Grosso do Sul, para explorar trabalhadores, pagando-lhes menos e explorando-os mais nas jornadas de trabalho.

Segundo o parlamentar, o movimento sindical de Mato Grosso do Sul deve ficar atento a isso e lutar para avançar nas negociações salariais e nas convenções coletivas de trabalho. “O movimento sindical precisa ser forte para combater esse tipo de abuso. Lá eles não ousam fazer isso porque defendemos os interesses dos trabalhadores com unhas e dentes”, afirmou.

 

Por: Da Redação