Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apresentou nesta terça-feira (3), na Escola Penitenciária de Mato Grosso do Sul, o resultado de dois anos de pesquisa realizados em 12 unidades prisionais do Estado, através de uma parceria com a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).
Realizado nos estabelecimentos penais de regime fechado de Campo Grande, Dourados, Corumbá e Ponta Porã, nos anos de 2013 e 2014, o estudo avaliou incidências e causas de doenças infectocontagiosas, como a tuberculose e as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) em mais de 3,5 mil detentos, conforme explica o médico infectologista Júlio Croda, que comandou a pesquisa.
“Nós constatamos que mais de 60% dos internos que participaram do estudo ainda não tinham sido vacinados contra a Hepatite do tipo “B”, por exemplo e que há uma alta prevalência de DSTs entre os detentos, muito embora não haja a transmissão entre os internos”, lembra Croda.
Além de levantar a situação de saúde dos internos, a pesquisa tem também cunho preventivo, através do diagnóstico precoce e de tratamentos das doenças, visando conter novas infecções. Por esse motivo, o estudo envolve a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), e será a partir de agora acompanhado de perto pelo adjunto da pasta, Hélton Fonseca e pelo superintendente de Políticas Penitenciárias, Rafael Garcia Ribeiro, que junto com diretores da Agepen, dirigentes das unidades prisionais e representantes da Secretaria de Estado de Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande, assistiram à divulgação do resultado.
“Essa aproximação com a realidade prisional do nosso Estado possibilita tomada de decisões políticas importantes para o desenvolvimento conjunto de ações, com universidades e as secretarias de saúde, bem como, dentro da filosofia do novo Governo, para a melhoria e eficiência dos serviços e órgãos públicos”, explicou o secretário Estadual de Justiça e Segurança Pública adjunto.
A professora e pesquisadora da UFMS, Ana Rita Mota Coimbra, que também coordenou o estudo alerta para o alto índice de HIV/Aids entre os internos. “Entre os 3.365 pesquisados, 55 apresentaram resultados positivos para os exames de HIV/Aids, desses, 20 tinham conhecimento da infecção e outros 35 não sabiam e a partir da nossa pesquisa, 72% deles foram incluídos em programas de tratamento com uso de terapia retrovial”, explica.
Segundo a pesquisadora a grande maioria dos infectados contraíram a doença durante tatuagens caseiras, ou, em atos sexuais com a ausência do uso de preservativos, por exemplo. Para Ana Rita, foi surpresa identificar durante o estudo que a grande maioria dos internos sabe como são contraídas as DSTs, mas desconhece os meios de contaminação da Hepatite B, por exemplo.
Pedro César Figueiredo de Lima, diretor-presidente da Agepen, afirma que a partir do Estudo serão realizados em conjunto com as secretarias de saúde do Estado e dos municípios, medidas preventivas e de controle dessas doenças, através do diagnóstico precoce, que deverá ocorrer tão logo o interno ingresse no sistema e também, com programas de educação em saúde, que já existem e serão reforçados nas unidades prisionais. “São medidas de extrema importância não apenas para os internos, mas principalmente para os nossos servidores”, finalizou.
Por: Da Redação