Corumbá

Vítimas de roubo na Bolívia estão “comprando” o seu próprio carro

 

Enquanto a polícia da Bolívia não age para recuperar carro brasileiro roubado no país, nas proximidades da fronteira com Corumbá, vítimas da ação de grupos que atuam em combinação com receptadores bolivianos estão pagando em dólar para ter de volta o seu próprio veículo. Trata-se de uma nova modalidade de crime na fronteira.

Um caso recente foi denunciado ao Capital do Pantanal, onde a vítima, um homem de 45 anos, que não quis se identificar, foi surpreendido por dois bandidos em Puerto Quijarro, os quais levaram seu carro, modelo esportivo e importado, avaliado em R$ 50 mil. Um dos assaltantes, moreno, de barba, ainda tentou matar a vítima atirando em sua cabeça, mas o revólver falhou.

Localizou o carro

Na tentativa desesperada de recuperar seu carro, o homem pegou um táxi e seguiu para Puerto Suarez a fim de comunicar a polícia local. O taxista boliviano o desencorajou, dizendo que seria perda de tempo e o melhor que faria seria tentar localizar o veículo, que é levado para cidades próximas como Mutum e San Jose, e negociar com os bandidos.

Mesmo assim, a vítima foi ao Diprove (órgão nacional de prevenção contra roubo de veículos), em Puerto Suarez, fez a queixa e prestou depoimento, mas nenhuma informação foi lhe prestada durante uma semana. Com a ajuda de taxistas, a vítima conseguiu descobrir que o seu carro estava ainda em Quijarro, escondido provavelmente em um sítio a 7 km da fronteira.

A presença da vítima em Quijarro por uma semana revelou que os criminosos tem informantes dentro da polícia boliviana ou em Corumbá. “Fui abordado em Quijarro por policiais bolivianos, os quais sabiam quem eu era. Disseram que estavam procurando o carro e me obrigaram a dar dinheiro, falando que era para colocar gasolina na viatura”, disse o denunciante.

Rede de informante

Para este senhor, a polícia boliviana sabia onde estava o carro, mas não agia, provavelmente por conivência. “Ela (a polícia) tem ligação com os compradores de carros e só não recuperou o meu porque não quis”, acusou. Uma prova disso, segundo o denunciante, é o fato de um policial do Diprove exibir a foto do seu carro em um celular para um repórter de TV.

“Uma semana depois me ligaram oferecendo o carro e o consegui de volta, pagando 5 mil dólares, e o pessoal do Diprove já sabia. Como sabia, se não comuniquei? Existe uma rede de informantes ligada aos assaltantes e a polícia”, questiona a vítima. “Andei por todo lado lá e observei centenas de carros brasileiros sem placa ou com placa boliviana fria”, contou.

Insegurança

Os relatos demonstram que a lei da Bolívia para coibir a entrada irregular de carros estrangeiros, procedentes principalmente do Brasil, não surtiu efeito por falta de controle e poder de polícia. Somente em Corumbá, vários proprietários recuperaram seus veículos pagando por eles – em dólar. Um deles localizou o veículo em San Jose, colocando em risco sua vida – levou um tiro no pé. (Capital do Pantanal)

 

Por: Da Redação