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Transpantaneira será debatida durante Festival Pantanal das Águas

A criação de uma estrada ligando Corumbá a Poconé, no Mato Grosso, cortando toda a região Pantaneira, será debatida durante o Festival Pantanal das Águas. A proposta é fomentar o turismo nos dois municípios, os principais acessos para a planície pantaneira, aproveitando a movimentação e exposição proporcionadas pela Copa do Mundo de 2014. Cuiabá, capital mato-grossense, distante 100 quilômetros de Poconé, é uma das cidades sedes do maior evento futebolístico do mundo. Autoridades políticas de ambos Estados vão se reunir no dia 11 de outubro, no Centro de Convenções Miguel Gómez, para discutir uma possível federalização da estrada.

As conversas sobre a expansão da Estrada Transpantaneira (atualmente ela existe apenas entre Poconé e Porto Jofre, às margens do Rio Cuiabá, um trecho de 146 quilômetros) começaram no início de setembro, quando o prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT) recebeu o chefe do Executivo poconeano, Tico de Arlindo (DEM), acompanhado de uma comitiva de vereadores mato-grossenses. Os pantaneiros do norte defendem a federalização da estrada, o que garantiria os recursos federais necessários para a construção do trecho que falta até Corumbá, estimado em mais de 250 quilômetros.

Depois do encontro, Ruiter determinou à sua equipe o início dos estudos do possível trajeto e a elaboração de um termo de cooperação entre os dois municípios para dar origem ao movimento político que viabilize o empreendimento. No dia 11 de outubro, data da reunião, é comemorada a criação do Mato Grosso do Sul, fato que segundo o diretor de Turismo e Meio Ambiente de Poconé, Élson Gonçalves dos Santos, esta diretamente ligado a história da Transpantaneira. A estada começou a ser construída em 1972, por ordem do governo militar.

Quatro anos mais tarde, as obras finalmente chegaram até o rio Cuiabá, no Porto Jofre, distrito do município de Poconé. “O objetivo era que a estrada seguisse até Corumbá. Mas como as discussões sobre a divisão do Estado começaram a ficar fortes e o governo optou por interromper a construção”, explicou Élson. A divisão do então Mato Grosso Integrado ocorreu em 1977. “Corumbá e Poconé tem laços históricos muito fortes. Muitas famílias que desbravaram o Pantanal se espalharam pelas duas cidades, criando assim um relacionamento até de interdependência entre as cidades”, continuou Santos.

O trecho mato-grossense da Transpantaneira é muito semelhante à Estrada Parque corumbaense. Nos 146 quilômetros de aterro que cortam Poconé, existem 127 pontes de madeira e dezenas de fazendas, hotéis, pousadas e pesqueiros. O projeto original foi feito pelo engenheiro Gabriel Muller. Para chegar até Corumbá, a rodovia cortaria a região do Paiaguás e da Nhecolândia, transpondo o rio Taquari. Na opinião de técnicos daquele município, o trajeto mais apropriado hoje, depois do assoreamento que provocou a mudança do leito do Taquari, seria margeando o Rio Piquiri, cuja região é menos afetada pela cheias.

Expedição

No final de setembro, cinco jipeiros saíram de Poconé e percorreram o trecho por onde passaria a etapa sul-mato-grossense da Transpantaneira, até Corumbá. Sem uma informação exata do trajeto, cortando dezenas de fazendas, passando por trilhas, alagados e locais quase intransitáveis, os aventureiros demoraram quase três dias para andar 600 quilômetros. “No rio Cuiabá, atravessamos de balsa e, já no Mato Grosso do Sul, fomos da direção da cidade de Rio Verde. Paramos em diversas fazendas, conversamos com moradores locais e mapeamos todo o trajeto”, narrou Élson Santos.

Com a construção da estrada, a viagem pode ser encurtada em pelo menos 150 quilômetros. “O projeto e extremamente viável”, garantiu o diretor de Turismo e Meio Ambiente de Poconé. Além de fomentar o turismo na maior planície alagada do mundo, a Transpantaneira também agrega um impacto positivo na econômica das duas cidades. “Temos muitos criadores de gado no Paiaguás e Nhecolândia. Com a estrada, a logística para a carne chegar até a cidade seria bem mais barata, o que com certeza refletiria no preço final pago pelo consumidor”, analisou o superintendente de Produção Agropecuária da Prefeitura de Corumbá, Pedro Paulo Marinho de Barros.

Atualmente, o gado do alto Pantanal viaja até três dias de barco para chegar a Corumbá. “Neste tempo, ele fica praticamente sem comer, se movimentar e as perdas acabam, sendo grandes. Isso tudo interfere no valor de mercado”, continuou Pedro Paulo. Além de baratear o frete, a estrada também ofereceria uma nova possibilidade de mercado para os produtores do Pantanal. “Seria possível levar nossa produção para o Mato Grosso”, completou.

Dos cinco carros que iniciaram a Expedição Integração, três completaram o percurso. Entre os que venceram a viagem, estava o professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Henrique Augusto Vieira. “A conclusão da Transpantaneira é uma reivindicação de vários anos. De repente, depois de tanta espera, ela pode estar bem próxima. E isso não é nenhuma dificuldade. Pelo contrário, é mais fácil do que se pensava”, avaliou o advogado. (PMC)

 

Por: Da Redação

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