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Técnica permite ampliar rentabilidade da pecuária no Pantanal sem intensificação

ONG sugere a prática de pastejo rotacionado no Pantanal

A implementação da técnica do pastejo rotacionado (ou rotativo) em pastagens nativas do Pantanal pode ser uma solução para aumentar a rentabilidade da pecuária na planície sem necessidade de intensificação. Quem defende a ideia é a WCS-Brasil (Associação Conservação da Vida Silvestre), uma Organização Não-Governamental que atua no Pantanal e no seu planalto. A ONG é parceira da Embrapa Pantanal em pesquisas sobre pecuária sustentável. O trabalho sobre o pastejo rotacionado foi orientado pela pesquisadora Sandra Aparecida Santos, da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os estudos foram realizados em uma fazenda no município de Aquidauana.

A ONG também é parceira da Embrapa Pantana no projeto de comunicação “Construção da Imagem da Pecuária Sustentável do Pantanal”, que busca transferir tecnologias para aumentar a rentabilidade da pecuária e, ao mesmo tempo, conservar a vegetação e fauna nativa. A prática do pastejo rotacionado, amplamente recomendada e ecologicamente correta, tem o potencial de aumentar a produção do pasto, a produtividade do gado e a saúde do rebanho, ao mesmo tempo, reduzindo as pressões nos recursos naturais.

Segundo Alexine Keuroghlian, representante da ONG em Campo Grande (MS), o Pantanal vem sendo ameaçado por mudanças insustentáveis nas práticas de pecuária, principalmente relacionadas ao desmatamento, à substituição de vegetação nativa por pasto exótico e a queimadas sem controle. “As práticas pecuárias tradicionais de baixo impacto no Pantanal são realizadas há mais de 200 anos, porém, mudanças recentes ameaçam o equilíbrio histórico entre a pecuária e vida silvestre do Pantanal”, disse ela. “Com a promessa de obter lucros ao curto prazo, e a necessidade de aumentar o rebanho em propriedades atualmente menores, muitos pecuaristas estão substituindo a diversidade encontrada nos pastos e matas nativas por uma monocultura de capim de origem africana” completa Alexine.

Segundo Alexine, para a vida silvestre e operações da pecuária no Pantanal, estas práticas vem com uma bagagem cheia de consequências econômicas e ambientais que a longo prazo podem causar diversos distúrbios, tais como: desequilíbrio hídrico, degradação das fontes de água, erosão do solo, risco de surto de doenças, espécies nativas sem locais para alimentação ou nidificação, aumento da predação do gado por onça-pintada e onça-parda, entre outros.

VANTAGENS

O uso de pastejo rotacionado no Pantanal é raro, e a maioria dos proprietários ainda usa o manejo tradicional – pastejo – contínuo de gado. Os resultados obtidos pela WCS demonstram que esta prática apresenta muitas vantagens. Durante 17 meses, foi observado um aumento na quantidade de forragem disponível para o gado dentro do sistema de pastejo rotacionado, tanto na época da seca e na chuva.

Dentro deste sistema, o peso do gado e taxa de prenhez foram de 15% a 22% mais altos, respectivamente; demonstrando, assim, o potencial de lucratividade desta prática. “Com base na abundância de forragem no sistema de pastejo rotacionado, a estimativa é que os pecuaristas poderiam aumentar a lotação – o número de vacas por área – de duas a até seis vezes mais que as taxas típicas encontradas nas áreas de pastejo contínua, permitindo, novamente, um aumento na rentabilidade”, afirma Alexine.

Já do ponto de vista da flora e fauna nativa, Alexine explica que uma vaca bem alimentada no sistema de pastejo rotacionado entra menos nas matas e baías para comer plantas, reduzindo a concorrência pelos recursos dos animais silvestres e, consequentemente, os impactos negativos na biodiversidade.

“Sabendo as vantagens deste sistema, os fazendeiros esclarecidos não deveriam gastar dinheiro substituindo o pasto nativo – potencialmente produtivo, nutritivo, e variado – por pasto exótico, especialmente se estão interessados na sustentabilidade de recursos ao longo prazo para o gado, e na preservação de um patrimônio natural como o Pantanal”, disse. “Nosso estudo apresenta dados científicos que apóiam uma alternativa rentável que não necessita de desmatamento ou remoção de capim nativo. É uma situação de ganho para os dois lados: o pecuarista tem ganhos de produtividade e rentabilidade e o Pantanal continua a ser conservado”, conclui a representante da ONG.

A equipe da WCS-Brasil trabalha no Pantanal a fim de promover o uso sustentável da terra e de práticas rurais rentáveis como alternativas ao desmatamento e destruição de habitat nativos, com projetos que visam reduzir as pressões sobre os recursos naturais, aumentando a lucratividade e a eficiência das fazendas.

 

Por: Da Redação

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