Corumbá

II Encontro de Jornalistas debate propostas contra o preconceito na fronteira

Diretor superintendente do Sebrae, Cláudio Mendonça, na abertura do evento: “Pautas mais positivas para valorizar as pessoas que vivem na fronteira”

 

Jornalista de Ponta Porã, Paulo Rocaro, durante o debate no Encontro de Jornalista
Diretor superintendente do Sebrae, Cláudio Mendonça, na abertura do evento: “Pautas mais positivas para valorizar as pessoas que vivem na fronteira”

O II Encontro Internacional de Jornalistas na Fronteira, que reuniu mais de 50 profissionais na terça-feira, 29 de novembro, no Centro de Convenções do Pantanal, em Corumbá (MS), fronteira com a Bolívia, reforçou as conclusões tiradas durante a primeira edição em maio em Ponta Porã, fronteira com o Paraguai. “Existe um preconceito regional e nacional no tratamento das pautas jornalísticas para a fronteira e a mídia se restringe a dar destaque ao tráfico de drogas e ao contrabando”, ressaltou o professor do Departamento de Jornalismo da UFMS e Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), Marcelo Câncio.

“Fronteiras são regiões de conflito, a União Européia gasta milhões de euros para desenvolvê-las, e é isso que o Sebrae está procurando fazer no Brasil. O que não podemos é acirrar conflitos e a rivalidade com os nossos vizinhos; devemos buscar formas de integração”, acrescentou. Como resultado das discussões está sendo elaborada pelo Sebrae, em conjunto com os participantes dos dois encontros, uma carta que aponta as principais deficiências e propostas para elevar a qualidade das empresas de comunicação e do profissional do jornalismo na fronteira.

Participaram do segundo encontro jornalistas de Corumbá, Ladário, Campo Grande, Ponta Porã, Puerto Suarez, Puerto Quijarro e Santa Cruz de la Sierra, que chegaram à cidade por meio de caravanas organizadas pelo Sebrae. O evento foi realizado pelo Sebrae MS com apoio da UFMS, Sindicato de Jornalistas de MS (Sindijor), Sindicato dos Trabajadores de la Prensa de Puerto Quijarro, Sindicato dos Trabajadores de la Prensa de Puerto Suárez e Clube de Imprensa de Ponta Porã. Palestras e o debate sobre o exercício jornalístico na fronteira mediado pela gerente de Marketing e Comunicação do Sebrae, Liane dos Santos Pereira, compuseram a programação do evento.

Durante o encontro, o professor Marcelo Câncio lançou o livro “Jornalismo na Fronteira” (Editora UFMS), segundo ele “uma resposta a todos os quatro anos de pesquisa sobre o tema na Universidade de São Paulo (USP) e nas cidades fronteiriças. O Gejor – Grupo de Estudo de Jornalismo na Fronteira, formado por acadêmicos de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul apresentou dados preliminares do levantamento que vai apontar quantos profissionais e veículos de comunicação trabalham hoje nas cidades de fronteira, a estrutura das empresas e a qualidade dos serviços. Os primeiros resultados da pesquisa já podem ser vistos acessando o site www.jornalismonafronteira.com.br

O gerente da Unidade de Indústria e Projetos Estruturantes do Sebrae/MS, Rodrigo Maia, apresentou aos jornalistas um painel com as propostas e finalidade do MS Sem Fronteiras. “Na prática, buscamos melhores condições competitivas para desenvolver esse vasto território, respeitando a característica de cada lugar”, destacou. Geraldo Ferreira representou a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de MS (Sindjor), Vanessa Amin, e ressaltou a necessidade de se ampliar a representatividade e união dos jornalistas da fronteira. A jornalista e mestre em estudos fronteiriços pela UFMS, Lívia Gaertner, propôs a criação de um jornal binacional que possa dar ênfase à cultura, à história e à religiosidade das cidades fronteiriças. “Na tese de mestrado constatei que a cultura é a editoria dos jornais impressos de Corumbá que traz maiores referências positivas sobre a fronteira”, revelou a jornalista.

A professora do curso de Letras da UFMS, Suzana Mancilla, deixou perguntas para reflexão: “Por que não se aprende castelhano nas escolas de Corumbá? Por que não somos bilíngües se vivemos na fronteira?” A professora Elizabeth Bilange, também da UFMS, recomendou o filme “A Grande Arte”, de Walter Salles, adaptação da obra do escritor Rubem Fonseca. “Oferece ao espectador a mesma verdade imposta pela mídia ao tratar com preconceito o boliviano, colocado na história como traficante”, enfatizou. “Cria-se um estereótipo que acaba afetando a imagem de todos os cidadãos, de todo o País”, acrescentou.

Palestrantes durante debate sobre a prática do jornalismo na região de fronteira

O projeto MS Sem Fronteiras, do Sebrae, conta com investimentos do BID/Fomin e Sebrae Nacional para fomentar o desenvolvimento da faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul com cidades bolivianas e paraguaias a partir do incentivo ao empreendedorismo. (Nelson Urth, Corumbá – Fotos: Luiz Henrique, do Sebrae/MS)

 

Por: Da Redação