Mais do que unir os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul pela cultura, o II Festival da Viola de Cocho foi um momento singular para discutir novas estratégias da conservação do instrumento tipicamente pantaneiro e que este ano completa 10 anos de registro no livro dos saberes do patrimônio imaterial brasileiro.
Após essa primeira década, a “comunidade da viola” se mobiliza novamente para a revalidação do registro conjunto entre os dois estados. A revalidação é ação realizada pelo IPHAN a cada dez anos como forma de avaliar se o bem permanece vivo, como explicou Athos Luiz dos Santos Vieira, consultor da UNESCO/Iphan-MS.
“A viola pela viola é apenas um instrumento que pode se tornar um objeto decorativo numa parede, por exemplo. Quem a transforma são vocês (cururueiros), que dão sentido a ela quando cantam o cururu e dançam o siriri, promovendo um significado único desta parte do Brasil”.
Por isso ações que ensinam a arte da confecção, de manejo e da dança de ritmos trazidos pela viola de cocho são imprescindíveis.
A superintendente do IPHAN em Mato Grosso, Marina Duque Coutinho de Abreu Lacerda, destacou a necessidade da união da comunidade na busca desse importante título para a cultura pantaneira.
“Para termos êxito na revalidação do registro da viola de cocho como bem cultural imaterial nacional é preciso a comunidade querer, se envolver na perpetuação deste título.Temos que mostrar isso pelo plano de salvaguarda, pelas ações realizadas ao longo desta década”, explicou.
Presente nos debates, vice-prefeita e diretora-presidente da Fundação de Cultura de Corumbá, Márcia Rolon, destacou o trabalho de nove municípios pantaneiros liderados por Corumbá, na busca da Rota Cultural do Pantanal.
“Já mantivemos conversa com a ministra da Cultura e acreditamos que brevemente iremos conseguir a oficialização da Rota, a qual queremos expandir para os municípios pantaneiros de Mato Grosso, onde também a viola é elemento vital dessa cultura”, afirmou.
Ainda durante as discussões, a Educação apareceu como tema recorrente na busca pela perpetuação da tradição às futuras gerações. Uma das propostas retiradas dos debates foi a implantação de uma disciplina específica (cultura pantaneira) no currículo escolar, assim como o reforço de ações de Educação Patrimonial.
Além dos debates, apresentações dos curureiros e dos dançarinos de siriri de Corumbá e de Mato Grosso preencheram as atividades dos dois dias de evento, com destaque para a participação na tradicional festa de São Pedro, no bairro Cervejaria.
O II Festival de Viola de Cocho foi uma realização do IPHAN, conjuntamente com a Prefeitura Municipal de Corumbá, por meio da Fundação de Cultura de Corumbá. O evento teve apoio do Sesc/Corumbá, da Federação do Cururu e Siriri de Mato Grosso e do Pontão de Cultura Viola de Cocho.
Por: Da Redação