“Corumbá abre as janelas [das artes e da gastronomia regional]”. O Festival América do Sul (FAS 2023) também tem o compromisso de promover a arte, a gastronomia e o artesanato. Os trabalhos estão expostos na Galeria de Artes, no espaço de Artes Visuais, Tenda dos Saberes e no Pavilhão de Países. Há ainda mais de 40 barraquinhas que compõem a passarela gastronômica do evento, sempre lotada.
A proposta da Galeria de Artes é reunir expressões culturais e artísticas de diferentes gerações em uma única exposição, permitindo aos visitantes um mergulho nas tradições, natureza, liberdade de expressão, estilos criativos e diversidade de técnicas e linguagens.
Dez artistas de Mato Grosso do Sul foram selecionados, por meio de edital, para expor seus trabalhos durante a realização do FAS 2023.
Vera Lucia Bento de Souza, coordenadora da exposição e do Marco (Museu de Arte Contemporânea), unidade da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, explica que o objetivo é fomentar e incentivar a produção artística. “Desde 2018, participamos do Festival e lutamos para que cada vez mais fique robusto, cresça e traga mais artistas e trabalhos.”
A artista campo-grandense Priscilla Pessoa expõe gravura da série de pinturas Fábulas Instantâneas. “É um comentário sobre um hábito contemporâneo, do qual não me eximo: a postagem de retratos e autorretratos em mídias sociais”, comenta a artista em seu portfólio.
A pintura “Rio Paraguai”, do artista Julián Vargas, é uma pintura de arte abstrata, com tinta acrílica, que utiliza uma paleta de cores predominantemente azuis para retratar a serenidade e a beleza do Rio Paraguai.
Luara Dantas “Terrorzin” trouxe três obras do trabalho Esculturas Marginais. “Nesta coleção, explorei a fúria que arde nas entranhas da cidade, o cuidado discreto que protege as margens esquecidas e a dualidade que se esconde nas sombras urbanas”, justifica a artista.
Já Leo Mareco tem sua pesquisa artística principalmente na linguagem urbana do lambe-lambe. Com suas intervenções urbanas busca questionar e sensibilizar através da arte pública.
Carlos Vera, artista também campo-grandense, expressa sua arte, que vai além da beleza, na obra Arara, acrílica sobre tela envernizada
com cores em movimentos. “No Brasil, temos 13 espécies de araras, em seis gêneros distintos”, comenta o autor.
“Casamento Terena” é o lindo trabalho de Patrícia Helney, Na obra, ela destaca hábitos da etnia indígena terena, incluindo casamentos na aldeia. Todas as imagens são baseadas em memórias e experiências da artista.
Nathan Brito levou a pintura digital para a Galeria do FAS 2023. O artista plástico corumbaense Jonir Figueiredo também participa da mostra com seu trabalho majestoso e rico.
Ainda “Cerrado Onírico” faz parte de uma série de ensaios que pontuam a produção do artista Fabio Quill, explorando a narrativa simbólica e seus desdobramentos no diálogo entre obra e público.
Além da Galeria, o 17º FAS abriga o estande de Artes Visuais. O espaço foi pensado, desde a concepção do edital, com dois propósitos: acolher os artistas para a exposição e disponibilizar a venda das obras. Cada artista selecionado pode trazer 10 trabalhos “, garante Cristiane Freire, coordenadora artística do Marco.
Em contrapartida, os selecionados e o coletivo de artistas – seis no total – têm como missão realizar, em Corumbá, uma roda de conversas em instituições educacionais com crianças e adolescentes. Nos eventos, os artistas contam suas histórias dentro do movimento artístico, do processo criativo, mostrando suas obras.
Participam desta edição, os artistas de Campo Grande: Caio Mendes, Jorge de Barros e Lúcio Larangeira. De Corumbá, foram selecionados Claudinho Tasso, Leonardo Caamaño e o Comap – Coletivo de Mulheres Artistas do Pantanal (15 mulheres).
Economia Criativa Artesanal
A Tenda dos Saberes e o Pavilhão dos Países garantem que artesãos mostrem seus produtos, produzindo renda para dezenas de famílias.
Francisca Garcia da Silva, presidente do Amor Peixer, projeto que nasceu dentro da Casa do Artesão de Corumbá, esclarece que as mulheres artesãs da entidade descobriram uma funcionalidade para as escamas e peles dos peixes. Com a extração, produzem bolsas, colares, brincos e outros artigos.
Os irmãos Davi e Angelino Nazaré elaboram uma gostosa farinha à base da bocaiúva para o preparo de sorvete, bolos, vitaminas e outras delícias que a imaginação permite. Davi também está expondo belíssimos peixes feitos a partir do cipó.
A artesã Elizabeth Oliveira produz taças e pratos temáticos do Pantanal e afirma que as vendas estão boas.
O venezuelano Jhonny Jesús Rivas trouxe o trabalho da etnia Warao, que produz colares, pulseiras, brincos, braceletes e demais acessórios. Um trabalho riquíssimo na qual a produção pode demorar muitas semanas. “É a primeira vez que participo. Estamos agradecidos com o balanço das vendas do nosso artesanato, além da oportunidade de conhecer a cultura de outros países”, argumenta.
O estande que representa os artesãos do Mato Grosso do Sul possui 100 variedades de produtos, entre artigos de decoração, acessórios para a cozinha e artigos religiosos, de cerca de 100 artesãos do Estado.
“Estamos participando do FAS, comercializando nosso artesanato, com o apoio do Governo do Estado e Fundação de Cultura”, comenta Lourdes Pedrão Nascimento, da Artems.
“A gente quer comida, diversão e arte”
Valdir e Edna participam da praça de alimentação do Festival. Lá servem um típico prato da culinária corumbaense: o sarravulho ou sarrabulho. O prato pequeno deste monumento gastronômico sai pela bagatela de 10 reais.
O casal conta que estão satisfeitos com o Festival e a saída de suas delícias gastronômicas regionais. “Há 23 anos que trabalho com a culinária. Estamos tendo uma boa aceitação. O nosso carro-chefe é o bobó de galinha”.
Mas, no corredor gastronômico ainda é possível encontrar a saltenha boliviana e o macarrão de comitiva pantaneira, entre outras apetitosas receitas latinas e regionais.
*Alexandre Gonzaga, Ascom FAS 2023 / Fotos: Bruno Rezende e Elias