A última peça escrita pelo conhecido autor brasileiro Nelson Rodrigues será apresentada no 8º Festival América do Sul (FAS). O espetáculo “A Serpente”, do grupo campo-grandense Oficina de Interpretação Teatral (Ofit), vai ser encenado hoje (30), às 21 horas, no Instituto Luiz de Albuquerque (ILA), em Corumbá.
“Não tenho o hábito de criar expectativas quanto à encenação de meus trabalhos. Contudo espero que o público goste do espetáculo e que o grupo possa contribuir de alguma forma com o Festival”, diz o diretor da peça, Nill Amaral.
“A Serpente” conta a história de duas irmãs, Guida e Lígia, que se casam no mesmo dia e decidem dividir o apartamento presenteado pelo pai. Ainda na primeira cena, a recém-casada Lígia é abandonada pelo marido sem nem mesmo ter a noite de núpcias. Numa atitude desesperada a jovem busca o suicídio, porém é impedida pela irmã.
Os problemas da trama de “A Serpente” iniciam quando Guida tem a intenção de solucionar as decepções amorosas da irmã. O público é surpreendido quando Guida faz uma estranha proposta, oferecendo por uma noite o próprio marido a Lígia. O enredo retrata vertentes opostas. Guida vive feliz com o homem da vida dela e Lígia amarga a dor do desprezo.
De acordo com o diretor de teatro, Nill Amaral, “A Serpente” mostra a tragédia de uma família e aponta aspectos corriqueiros das relações humanas. “A sociedade está se transformando e se olharmos para arquétipos das personagens é possível ver alguma semelhança com as relações do coletivo”. Nil explica que os vínculos afetivos estão cada vez mais efêmeros, não muito distante do estilo de vida das personagens da trama. “As pessoas tentam se distanciar dos arquétipos, mas eles estão lá”, completa ele.
Para o trabalho de expressão corporal na montagem do espetáculo, o elenco utiliza técnicas de pilates, que garantem boa postura cênica e aulas de dança no ritmo latino. “Nos períodos próximos às datas de nossas apresentações os atores tem aulas de tango com um professor de dança. Em média é uma hora de aula durante os ensaios”, conta Nill Amaral.
A Serpente
Foi considerada um dos principais sucessos de público de 2010 (ano de estreia). A peça estreou no teatro Prosa, do Sesc Horto, durante o projeto “Universo Rodriguiano”, executado pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), por meio de recursos do Fundo de Investimento à Cultura (FIC/MS).
Ainda no ano passado a narrativa esteve em Dourados na programação cultural de comemoração aos cinco anos da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Devido à boa repercussão a peça esteve em segunda temporada no teatro Prosa. O trabalho ficou um mês em cartaz.
No elenco, os atores Luciana Kreutzer, Bruno Moser, Emmanuel, Natali Allas, Mayer e Aline Duenha compõem a peça. O cenário tem a assinatura de Maira Espíndola e a iluminação de Gil de Medeiros Esper.
“Nós já tínhamos intenção de trabalhar uma história fechada, com início, meio e fim, e a obra de Nelson Rodrigues tinha todos os elementos que procurávamos”, explica o diretor.
Esta é a segunda vez que o grupo vai para o FAS. Em 2009 eles participaram com a peça “No Doce e Amargo das Coisas de que Somos Feitos”.
Por: Da Redação
