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Expedição da UFG realiza trabalho com o bovino Pantaneiro

Equipe finalizando a semana de trabalho na fazenda Nhumirim

Membros da equipe de conservação de recursos genéticos animais da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG), foram a campo para levantar informações sobre as características fenotípicas e medidas zootécnicas de bovinos Pantaneiros, conhecidos também como “Tucuras”. Os alunos de pós-graduação, liderados pela professora Maria Clorinda Soares Fioravanti, viajaram para a realização dessa atividade, que é parte das pesquisas que vêm sendo conduzidas em parceria com outras Universidades públicas e instituições de pesquisa.

O objetivo do projeto, que foi o foco da expedição, é identificar características fenotípicas que sejam representativas dessa raça e aplicáveis no momento em que seja necessário diferenciar esses animais de outras raças bovinas. Além disso, a análise paralela de informações genéticas e zootécnicas desses animais pode fundamentar e subsidiar o desenvolvimento de modelos de conservação e de utilização do bovino Pantaneiro, associando-se a produção animal e a conservação dos ambientes onde são criados.

A equipe da UFG foi recebida em Corumbá, pela pesquisadora da Embrapa Pantanal Raquel Soares Juliano, que conduziu o grupo até o campo experimental, a fazenda Nhumirim. A propriedade aloja o Núcleo de Conservação de Bovino Pantaneiro, pertencente a essa empresa de pesquisa. Durante o trabalho foi possível conhecer e discutir as características sociais, econômicas, ambientais e de infraestrutura presentes nessa região. Estes fatores normalmente definem importantes limitações e potencialidades, abrangendo considerações como o manejo de pastagem e adoção de tecnologia agropecuária. Além disso, auxiliam na identificação e planejamento de potenciais arranjos produtivos e possíveis nichos de mercado.

A surpreendente biodiversidade local, com visualização de plantas nativas cervídeos (veado mateiro e campeiro), gaviões, tuiuiús, araras, tucanos, antas, capivaras, jacarés, foi provocativo para que a equipe pudesse ser sensibilizada para o cenário em que a produção animal ocorre nesta região do Pantanal. Foi a primeira vez que os estudantes viram cactos crescendo em meio à mata. Em solos surpreendentemente arenosos crescem Mandacarus (Cereus jamacaru), árvores de Cumbaru (Dipteryx alata) e palmeiras chamadas de Carandá (Copernicia australis). Ficou evidente a necessidade de se trabalhar de modo interativo e multidisciplinar, fundamental para discutir o processo produtivo no Pantanal e a conservação do bovino Pantaneiro.

Os membros da equipe que não conheciam essa região se depararam com outras peculiaridades locais: “comitivas” conduzindo boiadas no asfalto, a precariedade dos caminhos que levam às fazendas, dificultando o trabalho da assistência técnica, a aquisição de insumos agropecuários e o escoamento da produção. Isso tudo somados aos relatos dos habitantes locais sobre o calor excessivo, alagamentos e estiagem, confirmaram que a discussão sobre a conservação de raças adaptadas é oportuna e necessária.

Após retorno da fazenda Nhumirim, na sede da Embrapa Pantanal,(Corumbá-MS),Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a equipe esteve reunida com o pesquisador André Steffens Moraes, afim de organizar as metodologias e instrumentos para investigar potenciais mercados, perfis de consumidores e estimativa de demanda por produtos cárneos oriundos de raças locais, tais como o Pantaneiro e o Curraleiro. Os resultados dessa pesquisa devem subsidiar as estratégias de uso que podem garantir a viabilidade econômica e evitar a extinção dessas raças.

Esta viagem é um exemplo prático de iniciativas que viabilizam, sustentam e consolidam a formação de recursos humanos, a produção de conhecimento científico, tecnológico e de inovação. Esse tipo de experiência é fundamental para o aprendizado e promoção do desenvolvimento rural com vistas à conservação e ao uso sustentável dos recursos naturais dos biomas brasileiros.

 

Por: Da Redação

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