Corumbá

Em Corumbá, para 344 alunos da Região das Águas, aulas começam antes do Carnaval

Escola da Barra São Lourenço, a quase 300 km da zona urbana, em época de cheia (Foto: Clóvis Neto) Escola da Barra São Lourenço, a quase 300 km da zona urbana, em época de cheia (Foto: Clóvis Neto)

 

Escola da Barra São Lourenço, a quase 300 km da zona urbana, em época de cheia (Foto: Clóvis Neto)

Com mais de 65 mil metros quadrados de extensão territorial, Corumbá possui uma série de peculiaridades, principalmente na região do Pantanal, que ocupa mais de 60% do município. Só nessa área, onde quase todos os portos, colônias e vilarejos são de difícil acesso, a Prefeitura mantém três escolas municipais e, em 2015, vai atender a 344 alunos.

Nesses locais, o ano letivo começa antes do Carnaval. E para que isso ocorra, um complexo cronograma de ações é iniciado bem antes. A alimentação, por exemplo, começou a ser enviada para as extensões Jatobazinho, vinculada à Escola Paraguai Mirim, e Santa Mônica, ligada à Escola Barra do São Lourenço, nesta quinta-feira, 29 de janeiro.

Os alimentos, todos adquiridos por meio de licitação, seguem boa parte do percurso de barco. Na Jatobazinho, onde as aulas começam no próximo dia 03, a merenda deve chegar neste sábado. Já na Santa Mônica, distante 438 quilômetros da zona urbana de Corumbá, a viagem é bem mais longa e demorada.

São três dias inteiros de viagem, rio Paraguai acima, até o Porto Bananal, localizado depois do Parque Nacional do Pantanal, na fronteira com o vizinho estado do Mato Grosso. De lá, a merenda escolar ainda viaja de carro por mais 8 horas até chegar à sede da fazenda onde 31 alunos estão matriculados no Ensino Fundamental. Lá as aulas começam no dia 16.

Na segunda-feira, 2 de fevereiro, feriado municipal de Nossa Senhora da Candelária, Padroeira de Corumbá, sai o primeiro barco com os professores que vão trabalhar nessas escolas. As embarcações foram repassadas à Prefeitura pelo Ministério da Educação e, durante o período de férias, são revisadas e passam pelos reparos necessários para encarar a dura rotina da Região das Águas.

“A Prefeitura tem investido para dar mais qualidade e conforto também para os estudantes dessas localidades mais afastadas. Neste ano, as escolas em tempo integral passaram de cinco para sete. Outras quatro trabalham com jornada ampliada”, afirmou a secretária municipal de Educação, Roseane Limoeiro.

“A partir do momento em que houve uma atenção diferenciada do Poder Público Municipal para esta população, conseguimos diminuir muito a evasão escolar e a distorção idade/série do aluno. Isso quer dizer que as crianças, mesmos nesses locais mais distantes, estão tendo acesso a um ensino público de qualidade e conseguindo concluir o Ensino Fundamental”, continuou a secretária.

Outro problema solucionado pela Prefeitura foi a alta rotatividade de profissionais nestas regiões. “Tivemos que adaptar o calendário escolar conforme a realidade de cada área. Antes os professores ficavam até seis meses sem voltar para casa e acabavam desistindo. Hoje eles retornam ao final de cada bimestre e passam 15 dias na cidade, onde aproveitam este tempo para participar da Formação Continuada oferecida pela Secretaria Municipal”, explicou Roseane.

Além de passar mais tempo próximos às famílias, todos os professores recebem no salário um adicional de difícil acesso, mais uma forma de incentivar e motivar os educadores da Região das Águas, que é formada ainda pelas extensões Duque de Caxias, em Porto Índio; Boa Esperança, Nazaré, São João e Santa Aurélia, no Taquari; Sebastião Rolon, no Bracinho; Porto Esperança e Ludovina Porto Carrero, em Forte Coimbra.

 

Por: Da Redação