Corumbá

Delegado aponta novas provas e Ruiter diz ser vítima de perseguição

Ruiter Cunha acredita que investigações seja fruto de perseguição política (Foto: Erik Silva)

 

As investigações da Polícia Federal em decorrência da Operação Cornucópia desencadeada em 2013 prosseguem com análise de documentos e oitivas de diversas pessoas. Segundo a Polícia Federal há indícios de serem falsos os documentos apresentados pelo ex-prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha de Oliveira, na tentativa de se eximir de culpa, nos processos investigatórios apurados em conjunto com o Ministério Público Estadual. Indagado se o ex-prefeito foi indiciado e por quais crimes, o delegado responsável pelo caso Alexandre Nascimento, respondeu que não. A investigação apontou que havia na Prefeitura de Corumbá, à época dos fatos, um esquema de desvio de dinheiro público, comandado por servidores de dentro do setor de recursos humanos, que fraudava a folha de pagamento do Executivo Municipal no intuito de aumentar a margem para contratação de empréstimos consignados de dezenas de funcionários junto algumas instituições financeiras.

De acordo com as averiguações da Polícia Federal, o dinheiro era sacado diretamente na boca do caixa e repassado aos cabeças do esquema sendo quitados mensalmente com verba pública, mediante benefícios concedidos em folha aos servidores envolvidos na fraude. Segundo o delegado da Polícia Federal Alexandre Nascimento, em seu depoimento, ainda na condição de testemunha, o ex prefeito apresentou um documento em que teria ordenado antes do final de sua gestão uma auditoria no setor de Recursos Humanos, tão logo observado indícios de que haveria ali algum tipo de irregularidade. No entanto, o delegado revelou que o documento seria falso e forjado na tentativa de reforçar a ideia de que o ex-chefe do executivo não teria conhecimento dos fatos. “A perícia realizada nos computadores apreendidos, apontou que o documento na verdade, foi produzido pouco antes do término da gestão, no mês de Dezembro, e datado como se tivesse sido assinado em Novembro daquele ano, caracterizando assim a fraude tanto no documento apresentado aqui, como no despacho que teria autorizado a auditoria”, disse Alexandre.

Em tese, a descoberta confirma que na verdade não houve nenhuma providencia referente à fraude, apenas a simulação de que o ex-prefeito teria ordenado uma auditoria antes de sua saída do comando do executivo municipal. Ao todo, 17 pessoas já foram indiciadas no Inquérito Policial, entre eles, todos os assessores diretos do ex-prefeito, membros do secretariado, um vereador e ainda cerca de 80 pessoas poderão responder pela participação no esquema.Nos documentos analisados, existem casos em que os servidores chegavam a ter 70% de sua renda comprometida com empréstimos. Em outros, salários que em folha constavam a quantia de R$ 15 mil, após os descontos passavam para R$ 1.800, e ainda servidores que tinham seu pagamento completamente comprometido com o esquema. Novas descobertas com o estreitamento das investigações, a Polícia Federal encontrou supostos indícios de outro tipo de fraude praticado dentro do executivo corumbaense. Trata-se do pagamento de indenizações diretas, feitas através de folha complementar que variavam entre R$30 e R$180 mil reais. “Em 2011 uma servidora, chegou a receber em um único mês, R$ 168 mil de indenização”, contou o delegado. Os valores, no entanto, não teriam uma justificativa plausível que demandasse indenizações sem quaisquer natureza legal. A tese é de que esses valores seriam devolvidos aos organizadores do esquema. A conclusão das investigações da operação Cornucópia, serão concluídas em meados do mês de Setembro. Perguntamos ao delegado qual será o próximo passo da investigação, e se o ex-prefeito Ruiter vai ser interrogado na condição de indiciado na apuração, por quais crimes iria responder ser fosse indiciado, e quando será o depoimento, o delegado Alexandre não soube precisar as datas mas, que o ex-prefeito deverá ser intimado a prestar novos esclarecimentos.

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Ruiter Cunha acredita que investigações seja fruto de perseguição política (Foto: Erik Silva)

Entrevistado, o ex-prefeito de Corumbá Ruiter Cunha, contesta a investigação da Polícia Federal e diz que não tem envolvimento nos fatos apurados, e inclusive determinou que fossem tomadas todas as providências cabíveis. Disse ainda, não ser verdade que o documento apresentado seja falso, e que foi ouvido até o momento na condição de testemunha, e não foi indiciado por crimes por não ter provas de seu envolvimento.

Ruiter disse ainda estranhar a atitude do delegado informando que a investigação irá encerrar somente m Setembro e, já está divulgando fatos que não foram ainda totalmente esclarecidos e que sequer foi chamado oficialmente para dar esclarecimento.

Ele negou envolvimento em fraudes supostamente ocorridas na Prefeitura na sua gestão e se diz vítima de perseguição política, “o caso garçom” é um exemplo disso, quando me acusaram, se esqueceram de investigar que o mesmo fato ocorria na Câmara Municipal de Corumbá, com o falecido senhor Nelson, garçom (muito querido) comissionado por mais de 30 anos do legislativo corumbaense e com ele não houve nenhuma ação. O promotor Luciano me indiciou por ato de improbidade administrativa e que deveria ter meus direitos políticos cassados. Ele ganhou em primeira instancia, mas recorremos e temos certeza que vamos provar nossa inocência. Até porque, não vi o promotor Luciano Lara indiciando qualquer vereador.E outro fato que me deixa perplexo é quanto a questão dos consignados, pois, na Câmara foram indiciados mais de 50 funcionários e o caso não foi explorado pela justiça como fizeram com o executivo, praticamente passou em branco, mas quando se trata de meu nome eles agem de forma diferente e eu questiono o porque”, disse deixando claro que em ambos os casos esta sendo ouvido – apenas – como testemunha, que nunca foi condenado em nenhum processo e que é ficha limpa e não teme, ” porque tenho a consciência tranquila que tudo será provado a seu tempo, pois tenho interesse que tudo seja esclarecido” . O ex-prefeito enfatizou que defende uma apuração rigorosa e que puna os culpados, mas negou que soubesse de ato ilícitos na prefeitura. Quanto a acusação de que teria pago indenizações indevidas, ele foi categórico, “isso o delegado vai ter que provar”. (Capital do Pantanal)

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Por: Da Redação