Corumbá

CPI da Decoada define hoje convocação de novos investigados

 

Depois de ouvir por mais de três horas, ontem, depoimentos de três funcionários do Hospital de Caridade, instituição administrada pela prefeitura e também alvo de investigações do Ministério Público, Controladoria-Geral da União (CGU) e Polícia Federal, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) criada pela Câmara Municipal define, na sessão de hoje, 19, os nomes dos novos convocados.

O presidente da CPI, vereador Oséas Ohara de Oliveira (PT), recebeu o extenso relatório da Polícia Federal, com mais de 600 páginas, resultado de mais de um ano de investigações que apontam indícios de fraudes milionárias em licitações envolvendo o primeiro e segundo escalões da prefeitura e prestadores de serviços. Ele disse que a análise do documento definirá o próximo passo da comissão.

Nesta segunda-feira, a CPI colheu os depoimentos do diretor clínico Marco Antônio Cazzolato; do contador Mário Sérgio Siqueira; e do tesoureiro Luiz Augusto Bezerra. O presidente da CPI, Oséas Ohara, e o relator, Marcos de Souza Martins (PT), explicaram que a convocação tem por finalidade colaborar com a comissão no esclarecimento de alguns fatos denunciados pela Operação Decoada.

Empreguismo

O contador e o tesoureiro foram enfáticos ao afirmar que o hospital não recebeu recursos anunciados pela prefeitura relativos a verba destinada pela Vale, via convênio com o município, e os valores provenientes do jogo beneficente do Botafogo (RJ) e do show da cantora Cláudia Leitte, que somariam R$ 400 mil. A doação da Vale, de R$ 1,7 milhão, seria para compra de 334 itens hospitalares, segundo a prefeitura.

Os dois depoentes também informaram que a receita mensal do hospital é de R$ 1,1 milhão, dos quais R$ 850 mil são destinados à folha de pessoal e pagamento dos médicos. O número de funcionários em abril de 2010 era de 299 e hoje são 353. Para o vereador e médico Oséas Ohara a junta administrativa vem promovendo “verdadeiro empreguismo” no hospital na área burocrática.

13º salário

Mário Sérgio e Luiz Bezerra apontaram uma série de irregularidades administrativas no hospital, entre 2005 e 2009, como a ausência de balanços contáveis, e confirmaram que algumas dívidas continuam aumentando, principalmente a de energia e água, cujas contas atuais não estão sendo pagas. Disseram que a Justiça começa a bloquear contas do hospital para pagamento de dívidas que se acumulam por décadas.

O contador confirmou que o ex-presidente da junta administrativa, Lamartine Costa, contratou uma equipe de consultoria por R$ 50 mil mensais. Ele negou, conforme interceptação telefônica feita pela PF, que tenha conversado com o ex-secretário de Finanças e Administração, Daniel Martins Costa, sobre o uso de verba com destinação específica para pagar o 13º dos funcionários do hospital.

Oncologia

O diretor clínico Marco Antônio Cazzolato garantiu que a clínica de oncologia de sua propriedade cumpre convênio com o hospital com base em produtividade, recebendo R$ 157 mil mensais, transferidos pelo Ministério da Saúde. Outros R$ 78 mil são repassados ao hospital para pagamento de cirurgias e foram questionados pelo vereador Oséas Ohara. “Ninguém sabe para onde vai esse dinheiro”, disse ele.

A CPI, que tem ainda como membro o vereador Antônio Vianna Galã (PMDB), vai requisitar documentos ao hospital, principalmente em relação às folhas de pagamento dos funcionários e médicos, cópias do contrato e dos relatórios de prestação de serviços (procedimentos) da empresa do diretor clínico, bem como dos repasses federais, estaduais e municipais e outros convênios.

 

Por: Da Redação