Corumbá

Covid-19: Câmara de Corumbá apoia empresários e busca flexibilização das medidas do Estado

 

As novas medidas adotadas pelo Governo Estadual por meio de decreto, que entrou em vigor no último domingo, 14, já está causando efeitos negativos em Corumbá. Empresários ligados ao setor de alimentação fora de casa (bares, restaurantes, entre outros), com empresário anunciando fechamento de seu estabelecimento, já fragilizado e desgastado pela pandemia da Covid-19 que completou um ano agora, em março.

Pelo decreto os estabelecimento deverão funcionar até as 20 horas de segunda a sexta-feira, e até às 16 horas nos finais de semana, sábado e domingo, o que, conforme os empresários, vai ‘quebrar’ o setor, gerando mais desemprego em Corumbá.

O assunto ganhou as mídias sociais desde o final de semana. Ontem, 15, na Câmara Municipal de Corumbá, o assunto tomou conta da sessão ordinária, com o setor ganhando apoio dos vereadores para buscar alternativas visando flexibilização das medidas, pelo menos na manutenção do horário de fechamento às 22 horas, como vinha ocorrendo anteriormente, conforme decreto do próprio Município.

O tema foi levantado pelo vereador Manoel Rodrigues (Republicanos). Ele fez uso da palavra livre e relatou a preocupação dos empresários ligados ao setor, inclusive anunciando o fechamento de um estabelecimento, em virtude do novo decreto, e fez um pedido aos demais pares: buscar alternativas para tentar reverter o quadro e evitar um prejuízo maior ainda para o setor que já vem enfrentando dificuldades há um ano, por conta da pandemia.

Ele explicou que já vinha mantendo contato com integrantes do comitê representativo dos bares, restaurantes, pizzarias, espeterias, casas e carrinhos de lanche e de cachorro-quente, bem como de açaís, inclusive participando de reuniões, como uma que ocorreu na Prefeitura de Corumbá, em que os empresários buscaram apoio do Executivo para flexibilização das medidas, e evitar “quebradeira” do setor.

“Não podemos penalizar um setor que, desde o início da pandemia, tem adotado todas as medidas de biossegurança necessárias para conter a disseminação do vírus. Eles, os empresários, investiram nisso. Tomam todos cuidados necessários, enquanto, durante o dia, as aglomerações ocorrem em outros setores, o que contribui para a propagação da doença”, comentou.

MEDIDAS REGIONALIZADAS

O presidente da Câmara, vereador Roberto Façanha (PSDB), abriu espaço para representantes do segmento se manifestar e colocou a casa à disposição, na busca por soluções e evitar algo pior. Reconheceu que o momento da pandemia é preocupante, mas que é preciso adotar medidas regionalizadas, conforme a situação de cada município.

Lembrou os números do último levantamento das autoridades de saúde do Município que ontem, no início da noite, estava com 39.479 casos notificados, 29.108 descartados, 29 casos suspeitos, 10.342 casos confirmados, 10.342 confirmados, 9.930 recuperados, e 115 pacientes ativos, dos quais 32 internados na Santa Casa de Corumbá (18 no CTI para Covid, com ventilação mecânica, e 14 em leitos clínicos, sem ventilação mecânica – casos moderados).

Inclusive anunciou que a Câmara, a exemplo do que está sendo feito pelo Poder Executivo, irá encaminhar documentos ao governador Reinaldo Azambuja, pedindo flexibilização em relação a Corumbá, fazendo com que as medidas continuem sendo de responsabilidade do Município.

“É uma situação complicada. Todos reconhecem que a disseminação ocorre em aglomerações, nas festinhas clandestinas principalmente. Além disso, as medidas devem ser regionalizadas, conforme a situação de cada município. Aqui, apesar de hoje (ontem) estarmos com 100% dos leitos de CTI para Covid ocupados, temos que lembrar que recebemos cinco pacientes de outras cidades, e estamos com 115 pacientes ativos”, observou.

Façanha e outros vereadores (Alexandre Vasconcellos, Qualhada, Elinho Verde Fruti, Bira, Chicão E Allex Dellas) concordam que medidas para evitar propagação do vírus são necessárias, mas redução dos horários de funcionamento dos estabelecimentos do setor alimentício fora de casa, não é a saída, principalmente levando-se em consideração que, durante o dia, a aglomeração está ocorrendo em vários outros setores, e que as medidas de isolamento social não estão sendo cumpridas, definitivamente.

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Câmara pede apoio de deputados para sensibilizar Governo por medidas mais flexíveis

Foto: Ascom – Amanda ocupou a tribuna a Câmara e pediu apoio dos vereadores

Além de apoiar a luta do setor de alimentação fora de casa, a Câmara Municipal de Corumbá vai formalizar um documento contendo a pauta de reivindicações da categoria e biscar apoio dos deputados, no sentido de tentar sensibilizar o Governo do Estado, no sentido de rever as medidas adotadas por meio de decreto, e ampliar o horário de funcionamento do restaurantes e similares, até às 22 horas.

A pauta de sugestões foi entregue na sessão do Poder Legislativo na noite de ontem, 15, por Amanda Miguéis, representante do comitê formado pelo segmentos do setor. Entre os pedidos estão o retorno do horário de funcionamento até às 22 horas, conforme o decreto anterior, principalmente nos finais de semana; aumento da fiscalização por parte do Município para coibir festas clandestinas e estabelecimentos que funcionam fora do horário permitido, inclusive das aglomerações que ocorrem durante o dia; incluir um integrante do comitê no COE municipal.

Amanda acentuou que a importância da qualidade de segurança dos clientes é superior ao horário, e que “foi por isso que os bares e restaurantes de Corumbá investiram, desde início da pandemia, na biossegurança”, e que “dessa maneira, nos propomos a colaborar junto com a Anvisa, Secretaria de Saúde de Corumbá e Ladário, Abrasel e Fundação de Turismo, para criarmos um plano de reabertura dos nossos estabelecimentos comerciais de forma correta de como atuar no combate à Covid”.

Além disso, o comitê fala em prejuízos durante esse período, devido às medidas adotadas, e pede uma contrapartida: redução ou isenção de IPTU e ISS, e a disponibilização de vacinas contra o vírus à classe trabalhadora noturna.

CAOS

Amanda citou que a flexibilização é necessária para evitar a falência do setor na cidade, e que o decreto piorou ainda mais a situação. “Não somos a favor da morte, mas sim da preservação da vida. O setor de bares e restaurantes encontra-se fragilizado e desgastado há exatos 12 meses. É como se quisessem dar um ponto final no nosso setor”, ressaltou.

Alegou que o horário de fechamento às 20 horas, “inviabiliza quase que totalmente a nossa operação noturna e consequências desastrosas estão por vir. Não somos contramedidas de isolamento, somos contra as medidas isoladas em nosso setor de alimentação, sem comprovação científica ou técnica de que com o fechando, a gente vai diminuir o número de casos”.

A empresária alegou que o setor está “mais uma vez a deriva, sem rumo, sem apoio financeiro, sem saber o que fazer com nossos funcionários que são pessoas”, e, se dirigindo ao Governo, citou que “muitos de nós não vão conseguir reabrir seus negócios quando isso acabar, e que quem conseguir, vai voltar muito menor do que são hoje”.

O decreto prevê adoção de medidas por 15 dias. “Lembro muito bem o ano passado quando tudo isso se iniciou. Nos falaram que seriam apenas 15 dias. Ficamos 70 dias parados”. Para complicar mais ainda, lembrou que o sistema delivery, única opção imposta pela estratégia de continuar a economia, também está prejudicada pela internet em Corumbá. “No domingo, ficamos mais de oito horas sem sinal”.

“Também  tem aquele pequeno negócio como um carrinho de lanche ou o Açaí que não tem condições de pagar um motoboy ou acesso livre a internet, aquele vendedor de espetinho, aquele agricultor que levava verdura e leite todo dia a um restaurante. Como essas pessoas vão sobreviver? Auxílio emergencial? Quem tem fome tem pressa!”, prosseguiu.

Para finalizar, lembrou os “ônibus lotados, as filas de bancos e lotéricas, e as festas clandestinas. A falta de fiscalização e o poder da caneta vai nos matar. Todas as pessoas vão consumir no delivery e a gente se digladia entre nós! Peço encarecidamente um olhar empático pelo nosso setor! Não mate o nosso jantar!”, concluiu.

CARTA ABERTA

No domingo, o comitê publicou uma carta aberta nas mídias sociais, demonstrando preocupação com a situação atual, pedindo “diálogo, honestidade e bom senso com as autoridades e que nos afastem do espectro político, permitindo o povo trabalhar, já que estamos há um ano mantendo o distanciamento, uso de máscaras, álcool em gel e lavando nossas mãos”.

Os empresários alegam  que não “são vilões da pandemia”, que fazer a parte que lhes cabe “com muita responsabilidade”, e que “a consequência vai ser desastrosa e irreversível com essa nova redução. Demissões em massa irão ocorrer novamente. Em breve trabalhadores perderam seu sustento. A fome vai doer mais”.

Na carta, reforçaram que não há necessidade de “mais de decretos que impeçam o trabalho de forma correta, e sim de decretos contra quem está agindo de forma errada. Precisamos de vacina. Precisamos de investimentos na área da saúde, aumento de leitos, insumos, estoque de medicamentos, EPIs, dentre outros que garantam atendimento médico a todos, bem como a fiscalização contínua de festas clandestinas, churrascos e aglomerações”.

*Texto/Fonte: Assessoria de Comunicação da Câmara/Fotos: Ascom