Com mais acomodações ao público na Avenida General Rondon – a prefeitura reduziu o número de camarotes e ampliou em 200 metros a estrutura de arquibancadas -, o desfile dos onze blocos oficiais, na noite deste sábado (10), é a síntese da alegria, irreverência e o amor ao samba que predominam no carnaval de Corumbá. O ápice dessa folia, que prosperou numa região que já foi isolada, é a descida das escolas de samba, no domingo e segunda-feira.
Com apoio do Governo de Mato Grosso do Sul, Corumbá promete realizar o melhor carnaval dos últimos tempos. Além de reforçar a segurança do megaevento com mais 100 policiais, o governador Reinaldo Azambuja autorizou repasse financeiro às entidades carnavalescas – escolas de samba, blocos e cordões – e à prefeitura, para custeio das despesas com a infraestrutura montada na avenida e contratação de duas das quatro atrações nacionais.
A cidade respira carnaval pelos quatro cantos, seja no porto-geral, onde a prefeitura promove desde janeiro rodas de samba aos sábados; nos bares, nos hotéis lotados de turistas e nos barracões das escolas de samba. “O sucesso do carnaval de 2017 nos espelhou a organizar uma das maiores festas em 2018”, afirmou o diretor-presidente da Fundação de Cultura, o carnavalesco Luiz Mário Cambará. “O apoio do governo estadual será fundamental para alcançarmos esta meta.”
Verba pública é investimento
A folia pantaneira começou na primeira semana de janeiro, com o corumbaense ainda se recuperando das comemorações do ano novo. A prefeitura organizou uma extensa programação, que inclui rodas de samba com os melhores pagodeiros da cidade; concurso de marchinhas, escolha da Corte de Momo, bailes infantis em praças e no distrito de Albuquerque; carnaval da melhor idade, concurso de fantasias de luxo, desfile de blocos e escolas e samba e ainda, na terça-feira (13), o carnaval cultural, com cordões, corso, alas das pastorinhas, marinheiros…
“Abrimos o carnaval de rua, na última quarta-feira (7), com 48 atividades”, observou Cambará. “O carnaval, mais do que uma festa popular que está no sangue do corumbaense, é um produto que gera renda, emprego e atrai milhares de turistas. O dinheiro empregado pela prefeitura e pelo governo estadual é um investimento, pois movimenta o comércio em pelo menos R$ 12 milhões em uma semana”, contabiliza o prefeito Marcelo Iunes, ex-presidente de escola de samba. “A rede hoteleira está lotada e a venda dos camarotes esgotou-se rapidamente.”
A influência do Rio de Janeiro
A presença de carnavalescos cariocas no carnaval de Corumbá é uma tradição que reforça os laços culturais entre a cidade e o Rio de Janeiro, seja por influência da Marinha, que se instalou na região em 1873, ou pelas águas platinas. No início do século XX, quando o Rio Paraguai era o único acesso da região ao resto do País, os navios comerciais e de passageiros ligavam os portos de Corumbá e da capital brasileira. Não é por acaso que Corumbá é considerada a cidade mais carioca do interior.
O samba é a tradução dessa influência: ritmistas da Cidade Maravilhosa chegam, se encantam com a cidade e ficam, contribuindo com o processo de profissionalização das escolas de samba. E quando se discute a programação do carnaval, entre as atrações nacionais não poderia faltar a presença do Rio de Janeiro. A prefeitura contratou este ano a Folia Verde e Rosa (bateria da Escola de Samba Mangueira), que se apresentou na sexta-feira (9). As demais atrações são: Axé Blond, bateria da Gaviões da Fiel e o grupo Revelação.
Homenagens e temos nacionais
Os blocos oficiais descem a Avenida General Rondon – a passarela do samba -, neste sábado, prestando homenagens a personalidades locais, ao futebol e também discute em seus enredos temas atuais que envolvem a vida do brasileiro, como o meio ambiente. A Nação Zumbi, campeão de 2017, por exemplo, busca o bicampeonato com um samba que questiona os direitos trabalhistas. O bloco foi fundado em 1995 e terá 800 componentes e a bateria sob o comando do mestre Lilico.
O bloco Águia da Vila defenderá o enredo “Pantanal Ecológico”, bioma que concentra mais de 60% do território do município, com 500 componentes e 30 ritmistas. A oitava agremiação a entrar na avenida, Bola Preta, fundado em 1969, também canta o Pantanal em composição do carnavalesco João Batista. Terá 700 integrantes e promete explodir a passarela em cores da fauna e flora da maior área alagável do planeta. O Vitória Régia abordará a preservação do dourado, peixe nobre da bacia pantaneira.
Terceiro colocado em 2017, o Clube dos Sem homenageará o ex-prefeito Ruiter Cunha de Oliveira, que faleceu em novembro do ano passado, com o enredo “Saudade que não tem fim”. Segundo o presidente do bloco, Carlos Alberto Oliveira, “o Ruiter foi um amigo do povo, deixou a marca da felicidade e foi um prefeito presente”. O bloco sairá com 1.000 componentes e 130 ritmistas e três mestres puxando o samba de autoria dos compositores Victor Raphael, Braguinha, Pedro e Sandro Nemir.
Samba, axé e irreverência na avenida
A descida dos blocos de sujos, nesta sexta-feira, atraiu mais de 30 mil pessoas à Avenida General Rondon, segundo estimativa da Polícia Militar. Uma noite de muita alegria e irreverência, marcada por nenhum registro de ocorrência policial de maior gravidade. O ambiente familiar e a diversão marcaram a passagem do tradicional Cibalena. A criatividade das fantasias foi estimulada por um concurso organizado pelo bloco, que todos os anos arrasta milhares de foliões.
Confira a programação oficial do Carnaval de Corumbá: http://www.corumba.ms.gov.br/noticias/confira-a-programacao-oficial-do-carnaval-2018-de-corumba/21890/ (Texto: Sílvio Andrade -Subsecretaria de Comunicação – Subcom)